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Em último ano como presidente, Kouros faz avaliação e projeta futuro brilhante pro NBB

Fábio Balassiano

26/11/2012 11h30

Kouros Monadjemi está de saída. Após dois mandados como presidente da Liga Nacional de Basquete, que organiza o Novo Basquete Brasil, principal competição de basquete do país, ele deixará o comando quando acabar a edição 2012-2013 da competição. Responsável pelo lançamento e pela consolidação do mesmo nestes quatro anos e meio de existência do NBB, ele conversou com o Bala na Cesta, fazendo uma avaliação de sua gestão, projetando o futuro e abordando temas interessantes da modalidade. Confira o bate-papo completo com ele (preferi não editar nada porque acho que vale a pena).

BALA NA CESTA: Qual é a expectativa da Liga Nacional para a quinta edição do NBB? Há alguma meta que vocês pretendem bater na competição que se inicia na sexta-feira?
KOUROS MONADJEMI: Serão 18 equipes na disputa pela primeira vez. Esperamos que seja um campeonato mais equilibrado possível, que tenha uma melhoria técnica com a introdução do acesso/rebaixamento e que possa motivar as equipes participantes. Nosso objetivo é de continuar a massificação do basquete com a criação a partir desta temporada da divisão de acesso com oito, dez equipes.

BNC: Esta edição marcará a sua despedida do cargo de presidente da Liga Nacional. Qual o sentimento que fica após estes cinco anos como mandatário de um campeonato que começou do zero e hoje já tem um nome estabelecido no mercado? Você vai se afastar do basquete, ou permanecerá em algum cargo diretivo?
KM: Nós nos propusemos a realizar um trabalho de trazer de volta o basquete como segundo esporte mais popular e massificar a modalidade no país. Não chegamos nem a beliscar esse objetivo ainda. A Liga é uma família e enquanto isso não acontecer vou continuar colaborando. Vamos continuar trabalhando em prol do basquete.

BNC: Há alguma ação que você não tenha conseguido, como presidente, realizar nestes quatro anos e meio e que você deixa como uma espécie de missão para o Cássio Roque, de Limeira, próximo presidente da LNB?
KM: Acho que ainda não conseguimos dar estabilidade ao campeonato e saúde financeira às equipes. É um trabalho longo, que requer uma série de fatores, mas estamos no caminho certo. Apesar disso, já caminhamos bastante desde o a criação da LNB. A mais importante ação que conseguimos realizar, e me orgulho muito disso, é a união dos clubes e a credibilidade do basquete, que está voltando aos poucos.

BNC: Em relação à LDO, que estava prevista para durar a temporada inteira mas que até agora ainda não começou. Qual é a perspectiva para a competição? Ela não irá mais acontecer, sofrerá alterações ou está tudo dentro do cronograma?
KM: Dentro do cronograma (inicial) a LDB não está. A previsão era para começar em julho, mas requer um pouco de paciência. Precisamos acertar (a questão das verbas) com o Ministério do Esporte, pode demorar um pouco, mas certamente virá. Não vamos desistir do objetivo. Vamos persistir. A Liga de Desenvolvimento vai acontecer com atraso este ano, tendo início em dezembro, mas já no ano que vem (2013) teremos a próxima aprovada. A partir de julho/2013 teremos a terceira edição com seis meses de duração e 20 equipes disputando pelo menos 25 partidas, algo que sempre foi nosso objetivo.

BNC: Pouco antes do começo do NBB5 a Liga perdeu dois patrocinadores fortes, Netshoes e Eletrobras. Qual foi o motivo da saída da primeira empresa? Há algum novo investidor em vista? Caso sim, quando este nome deve ser anunciado?
KM: Os patrocínios que nós perdemos não foram por causa do desinteresse de ambos no basquete. As empresas saíram momentaneamente. Não acredito que vão sair para sempre. Tenho certeza que quando eles se reorganizarem vão voltar ao basquete. A Eletrobras, por exemplo, já se mostrou bastante interessada e motivada com o NBB. Temos agora a Vitamin Drink, que chegou com um contrato de dois anos. Tenho certeza que chegou a hora de testarmos a credibilidade e o interesse das empresas em relação ao basquete. Vamos conseguir novos patrocínios muito rápido.

BNC: Para o começo desta edição a LNB, que lançou seu calendário com quase três meses de antecedência, teve problemas com o calendário devido ao já conhecido acúmulo de partidas/datas de Liga Sul-Americana e Paulista. Você acha que isso algum dia terá fim, ou é um problema que, a curto prazo, a Liga não vê solução? Não falta maior diálogo entre as três entidades envolvidas (Liga, ABASU e FPB)?
KM: Você falou bem. Nosso calendário está anunciado há três meses. Infelizmente, forças que fogem da nossa estrutura nos fizeram mudar. Não quero criar mais polêmicas, mas com certeza a Liga vai continuar sua estrutura organizada e manter seu calendário. No caso da Sul-Americana, nós já sabíamos que nas finais teríamos que mexer na tabela. O diálogo é sempre muito importante e é através dele que nós vamos resolver os problemas.

BNC: Você sairá de cena com a missão de deixar criada a segunda divisão do NBB, um de seus pilares lançados no Jogo das Estrelas em Franca neste anos e fundamental para a evolução do esporte em centros ainda incipientes. É mais um sonho que você realizará? Qual a expectativa que você tem em relação a essa divisão de acesso?
KM: Não existe mais dúvida que a solução do basquete é a massificação da modalidade. O técnico da nossa Seleção, Rubén Magnano, diz muito isso. É preciso ter mais equipes, mais jogos. A Liga busca sempre isso. É impossível você querer ampliar o NBB, pois você precisa ter um limite. É preciso ter outra divisão forte para abastecer o NBB. Essa Divisão de Acesso que vamos criar em parceria com a CBB terá âmbito nacional e com o objetivo de termos equipes que amadurecerão durante a competição para jogar no NBB.

BNC: Não sei se você concorda, mas o grande problema do NBB hoje é técnico. Os jogos, em minha opinião, ainda são muito ruins, e sei que a Liga tem tentado corrigir isso tudo com clínicas, conversas e palestras, mas você não acha que falta um tratamento de choque para que o produto fique ainda mais atrativo? Há times que ainda estão fechando elencos e a competição começa em três dias.
KM: Acho que tratamento de choque não resolve o problema. Vamos cercar mais e mais a qualidade técnica do basquete. E não é só o desenvolvimento técnico. Precisamos desenvolver mais atletas. Isso não vai ser da noite para o dia. Leva um bom tempo. Acredito que para a próxima Olimpíada estaremos mais evoluídos. Quanto à parte técnica, vamos sempre trabalhar em relação a isso. Do mesmo jeito que já estamos trabalhamos com a arbitragem. Sentimos que havia a necessidade de renovar a arbitragem e hoje já temos uma série de árbitros que estão despontando no campeonato e apitando cada vez mais em nível internacional.

BNC: Outro ponto que bato forte no blog é em relação a associação de atletas, que até agora não saiu. Até que ponto a falta de uma classe (de jogadores) permite que atrocidades, como aquela do jogo lá no Espírito Santo (piso escorregadio), ainda aconteçam no NBB?
KM: Que fique bem claro, a associação dos atletas já existe e é comandada pelo Guilherme Giovannoni. Liga e Associação já se reuniram três vezes e temos uma pauta de assuntos que vão dar mais suporte aos atletas e aos clubes. A atitude já foi tomada e requer um pouco de tempo para que tudo dê andamento. Com relação ao piso e qualidade das arenas, estamos aguardando a definição de um projeto com o Ministério do Esporte, que deve ser aprovada até o final de dezembro, em que todas as equipes receberão não só pisos, mas também tabelas e placares, para que possamos evoluir cada vez mais as arenas. Isso é mais um passo que a Liga está dando e tenho certeza que vai atingir de forma bastante positiva a qualidade do espetáculo.

BNC: Esta também é uma pergunta recorrente, e que continuarei fazendo: a LNB tem a maior parceira que poderia ter em âmbito nacional, a Rede Globo, mas você não acha que já está na hora de ela tentar caminhar um pouco mais com suas próprias pernas em assuntos como captação de patrocínio, comunicação, marketing e horários de jogos? Não acha que, ao contrário de parceria, há uma dependência que ainda faz com que dirigentes e atletas esperem inovações ao invés de tentar executá-las?
KM: Acho que existe um equívoco muito grande em achar que a Liga é subordinada à Rede Globo. Não existe isso. Existe uma parceria que é muito bem vinda e se eu colocar isso em votação, os clubes quase que por unanimidade vão querer a permanência da Globo. Não se pode confundir a tabela da Liga com as adaptações de horários para que tenhamos espetáculos televisados. Não tenho dúvida que vamos sempre tentar melhorar essa parceria. Há problemas? Claro que há. Mas a Globo é muito bem vinda e é um dos fatores importantes para o nosso sucesso. Não consigo imaginar outro grupo de comunicação no mundo que tenha tanta força quanto a Globo. A Liga tem seu conselho de marketing, que mensalmente se reúne com a Globo para buscar o melhor para o NBB.

BNC: Aqui cabe outra pergunta. Através dos números, temos visto que o horário de sábado pela manhã ainda é muito "conhecido" por ser das crianças, tornando o dia/horário complicado para boas audiências do esporte (vide exemplos de futsal, vôlei etc.). Não seria melhor, portanto, ao invés de arriscar duas horas de exibição em TV Aberta por apenas uma partida, tentar colocar até cinco em horário nobre em TV Fechada? O vôlei, por exemplo, conseguiu espaço dominando a TV fechada e depois trazendo um produto já consolidado para a TV Aberta, não?
KM: Não concordo. O vôlei tomou essa decisão, e eu posso dizer isso porque fui presidente do Minas na época, e foi puramente comercial. Nós também tomamos essa decisão. Com o tempo vamos nos perguntar se vale a pena continuar ou voltar ao sistema antigo. Mas, como em tudo na Liga, quem vai decidir isso serão os clubes. Eles que também decidiram apostar na final em um único jogo.

BNC: Por fim, uma pergunta bem fácil: depois desses anos todos como presidente da Liga, como você enxerga o futuro do NBB daqui, por exemplo, a dez, 15 anos?
KM: Muito positivo. Caso contrário, não estaria abraçado nessa causa. Acredito piamente no sucesso da Liga e no basquete brasileiro. Basta retomar a base, principalmente, no trabalho feito pelos clubes, pelas federações e Confederação. A Liga Nacional vem junto para darmos continuidade ao trabalho que eles fazem. Tenho certeza que em 2016 teremos outra visão do basquete brasileiro.

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