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Em entrevista exclusiva, Abi Olajuwon, agora em Ourinhos, dispara: 'Foco é o time, não meu pai'

Fábio Balassiano

19/10/2012 01h14

O nome dela é Alon Abisola Arisicate Ajoke Olajuwon, mas se chamar assim nem ela atende. Contratada por Ourinhos para ser o maior reforço da equipe para a Liga de Basquete Feminino (LBF), Abi, filha do mítico Hakeem Olajuwon, chega ao Brasil disposta a reviver os melhores momentos de sua curta carreira. Estrela na Universidade de Oklahoma, ela não teve muito espaço no Chicago Sky e no Detroit Shock, da WNBA, e agora desembarca por aqui para mostrar seu talento e ajudar a equipe com mais títulos nacionais (cinco canecos) a voltar a reinar.

Reticente para dar entrevistas antes de entrar em quadra, ela aceitou conversar com o Bala na Cesta na noite da última terça-feira pelo telefone (ela atendeu dizendo 'boa noite') e terminou a sua primeira entrevista dada no Brasil de maneira bastante sincera: "Não quero que o foco seja a vida do meu pai. O foco aqui é o time, Ourinhos, os títulos que queremos. Simples".

BALA NA CESTA: Com uma semana no Brasil, o que você já conseguiu sentir do país, da cidade e da equipe de Ourinhos?
ABI OLAJUWON: A cidade é bem, bem legal mesmo. O tempo é um pouco estranho – chove, pára, abre sol, volta a chover -, mas é bem divertido. Estou gostando muito. Sobre o time, já deu pra perceber que o Edson Ferreto (técnico) é um cara bem duro e cujo estilo de velocidade me agrada muito. É animador saber que poderemos usar as nossas habilidades, nosso potencial atlético e nossa agressividade com a liberdade que ele nos dá. Quanto mais versatilidade, mais possibilidades, melhor. Em quadra a adaptação está sendo fantástica.

BNC: E sobre a Abi em quadra? Como é seu estilo de jogo?
AO: Sou uma jogadora que, embora não muito alta para a função de pivô, sou forte. Isso me ajuda nos duelos em que preciso de mais contato para levar vantagem. Gosto, também, de receber a bola e partir para a infiltração. Mas, no final das contas, e isso aprendi desde muito cedo, estou aqui para fazer o que o time precisar de mim. Vim aqui para ajudar, somar e aprender tudo o que puder no Brasil. Jogarei contra a Érika (ela chama de De Souza), Iziane, Adrianinha, jogadoras conhecidas internacionalmente, e certamente crescerei muito atuando no Brasil.

BNC: Você formará o garrafão da equipe com a Damiris, pivô jovem como você e com estilo que pode ser complementar ao seu. Já deu pra sentir como será a dupla dentro de quadra?
AO: Sim, um pouco. Damiris é alta, longilínea, atlética, versátil e com ótimo drible. O melhor, no entanto, é que ela é jovem e tem muito espaço para desenvolver seu basquete. Ela tem um futuro brilhante, animador mesmo, e será ótimo atuar ao seu lado.

BNC: Fora de quadra, como tem sido a adaptação?
AO: Tranquila, ótima. As meninas do time são bem legais, e já pediram até para eu cozinhar pra elas. Prometi fazer um almoço tipicamente americano logo, logo. Sou muito família, gosto de ficar em casa, e certamente não perderei o contato com meus parentes e fãs dos Estados Unidos. Vai ser divertido, tenho certeza. Além do ganho técnico, certamente terei um ganho cultural absurdo aqui no Brasil. Sinto que serei feliz e será uma experiência sensacional, de verdade.

BNC: É quase inevitável, mas preciso perguntar sobre seu pai. Quando você conversou com ele que viria ao Brasil, o que ele disse?
AO: Olha, de verdade este é um assunto que não faz muito sentido. Não quero que o foco seja a vida ou a carreira do meu pai. O foco aqui é o time, Ourinhos, os títulos que queremos. Simples. Temos muita coisa a conquistar, um título que não vem para a cidade há alguns anos, e sabemos que precisamos trabalhar muito para atingir os objetivos. Ninguém aqui veio pra tirar foto, ficar brincando. Quero jogar, treinar e ganhar – com ou sem ele por perto. Se meu pai vier ao Brasil, posso garantir que vocês não saberão por mim. Seu da importância dele como ex-jogador, fui criada vendo e ouvindo seus feitos, mas preciso estar concentrada no que posso fazer para Ourinhos ser campeão.

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