Agora como gerente da Liga Nacional, ponderado Paulo Bassul mira crescimento técnico do NBB
Fábio Balassiano
19/10/2012 11h29
BALA NA CESTA: Como está sendo este começo de experiência como Gerente técnico da Liga Nacional de Basquete e quais as suas expectativas para o cargo?
PAULO BASSUL: Está sendo uma experiência muito gratificante. O potencial da LNB é enorme e estou me identificando muito com a função. A Liga está se modernizando cada vez mais, estamos investindo em vários projetos: implantação de software próprio de estatísticas, súmula eletrônica, "nuvem" (cloud computing) de armazenamento para que as equipes tenham acesso ao vídeo de todos os jogos da competição quase de forma imediata etc. Além disso, estamos finalizando um processo de seleção para ampliar a equipe de trabalho para que o Departamento Técnico cumpra com o que está estipulado no Planejamento Estratégico da LNB. Enfim, é um ambiente muito profissional e com metas claramente definidas. Acredito que o crescimento da LNB no curto/médio prazo será fantástico. Apenas para citar uma amostra dessas possibilidades de crescimento hoje estamos, por exemplo, discutindo um formato de parceria com a NBA, que inclui o intercâmbio e o acesso a uma série de informações que podem contribuir bastante para o progresso da LNB.
PB: Na realidade a LNB é pautada, desde a sua criação, por um processo de decisão bastante democrático, que me chamou a atenção e me deixou muito satisfeito com o que vi. Na LNB tudo é colocado em discussão e votado pelos representantes dos clubes, que formam o Conselho de Administração, e é dessas votações que saem as metas para que nós, do corpo executivo, possamos nos orientar. De acordo com o Planejamento Estratégico que está sendo definido pelos Clubes e pelo Conselho teremos, no Departamento Técnico, que nos preocupar com algumas diretrizes como aprimorar continuamente os campeonatos que promovemos e organizamos, dar suporte ao desenvolvimento dos técnicos, buscar continuamente as melhores práticas das ciências do esporte, conquistar e manter resultados relevantes em competições internacionais, identificar talentos para que possamos trabalhá-los como ídolos e estimular a massificação da prática do basquetebol no Brasil. Para cada diretriz que está sendo posta haverá indicadores e metas para que possamos cumprir com o que determinado pela Liga. Todo este processo estará pronto até o final deste ano.
BNC: Eu não sei se você concorda, mas um dos grandes problemas do NBB ainda é o baixo nível técnico. Sei que esta é uma questão de longo prazo, e que nem sempre tem relação só com a LNB (mas sim principalmente com a CBB), mas como a Liga pode fazer para que o nível evolua? Concorda comigo que o basquete praticado internamente ainda é muito pouco intenso e mal jogado?
PB: O desenvolvimento técnico deve ser uma preocupação eterna da LNB, independentemente do estágio em que se encontre. A busca pela excelência é uma obrigação da Liga e várias ações estão sendo conduzidas nesse sentido. Como exemplo, podemos citar a criação da Liga de Desenvolvimento do Basquete, a LDB. Não há como aumentar o número de equipes no NBB se não tivermos mais atletas surgindo para abastecer essas equipes satisfatoriamente. Além disso, dentro do Planejamento Estratégico estão sendo definidos indicadores que nos ajudarão a estabelecer metas e mensurar essa evolução técnica.
PB: Essa sintonia fina que deve haver entre a importância de crescer quantitativamente, levando o basquete para todas as regiões do país e, ao mesmo tempo, preservando a qualidade técnica da competição, é um dos maiores desafios para a LNB. Temos consciência que o equilíbrio entre as equipes (tanto técnico, quanto financeiro) é crucial para a atratividade da competição, mas também sabemos que o Brasil tem dimensões continentais e é importante que a LNB aumente seu alcance, atingindo outras regiões importantes. Estamos estudando um formato de disputa que contemple as duas coisas: aumento no número de equipes, preservando o equilíbrio técnico e a saúde financeira das mesmas.
BNC: Outro ponto fundamental: como é o seu papel no monitoramento da formação de equipes que, faltando um mês para o começo do NBB, ainda não têm sequer jogador contratado para a competição – caso de Vila Velha, por exemplo? Você não teme que aconteça o mesmo que ocorreu ano passado com Vitória?
PB: O que a LNB faz, através do seu Conselho de Administração, é estipular e verificar o cumprimento de uma série de pré-requisitos para que uma determinada equipe possa disputar o NBB. Vila Velha participou de todas as edições do NBB e comprovou de forma documentada, estar dentro das exigências financeiras e estruturais da LNB para participar do NBB5. Se ainda estão contratando atletas para a competição, isso é uma questão de mercado e também da estratégia de alocação de verba conforme a necessidade de cada equipe.
PB: Não possuo mais nenhum vínculo formal com a entidade nem cargo na ENTB. Pretendo continuar colaborando de forma voluntária com a ENTB, porque acho que ela tem um papel crucial no processo de crescimento qualitativo da modalidade. Nesse curto período na Coordenação da ENTB conseguimos solucionar as pendências relacionadas aos cursos passados (correção de trabalhos, confecção de carteirinhas, etc), organizamos um ótimo curso de Nível 3 com o Aito Garcia e o Sérgio Hernandez, e modificamos o formato dos cursos de Nível 1 e Nível 2 para que tenham carga horária maior e custo menor. Infelizmente a ENTB ainda não possui recursos próprios e teve que adiar/cancelar alguns cursos, por falta de verba.
BNC: Sua formação toda como técnico é no basquete feminino, então é quase que inevitável perguntá-lo. Como você enxerga a atual fase da modalidade, com as meninas? Existe alguma perspectiva de melhora em curto prazo?
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