Reportagem revela mais um exemplo de como amadorismo ainda impera no basquete brasileiro
Fábio Balassiano
08/09/2012 12h19
Entre outras atrocidades, a reportagem (insisto, ótima) conta que Sorocaba, para reduzir custos, faz o famoso bate-volta em jogos do Paulista. Ou seja: viaja no mesmo dia das partidas e volta logo depois dela.
E aí entra o lado da falta de gestão, de visão, de restrição orçamentária, de Rinaldo Rodrigues (na foto), técnico e diretor da equipe a quem respeito (e é sempre bom lembrar que este é um dos várioas exemplos que há por aqui). Mas não dá pra não se chocar com suas atitudes pouco profissionais e intempestivas. Revoltado após seu time perder a partida, ele proibiu que seus atletas tomassem banho (!!!!!) no hotel que, diga-se, estava fora dos planos da comissão técnica (ou seja, os atletas chegariam no ônibus, vagariam pela cidade por cinco, seis horas, e depois jogariam uma partida, repito, OFICIAL de basquete) e disse que o jantar seria bancado pelos atletas com uma frase pouco educada: "Cada um vai pagar o seu! Eu me esforcei, paguei hotel para vocês jogarem descansados e vocês fazem isso? Estou com vergonha!", esbravejou.
Sinceramente, eu não tenho palavras pra descrever o que sinto ao ler uma matéria assim. Felicidade pela repórter, em primeiro lugar, por ter conseguido capturar declarações tão fortes e impactantes. Depois, tristeza pelo fato de o basquete ainda estar em um grau de amadorismo, de draga financeira, de dar dó, de dar pena mesmo. Algumas perguntas:
2- Até onde sei, o time de Sorocaba conta com verba pública e representa uma cidade, uma localidade, um município com tradição no basquete. É este tipo de atitude, de comportamento, que a cidade e sua população esperam como contrapartida de seu investimento?
3- Onde está a Associação de Atletas em um momento deste? A propósito: a Associação existe? Se existe, o que ela faz? Quem é o presidente dela?
4- Com ou sem Associação, até quando os atletas viverão situações deste gênero calados? São situações dantescas, sub-humanas, degradantes mesmo. Ninguém ali tem 12, 13 anos e está começando na modalidade. São atletas PROFISSIONAIS, disputando campeonatos PROFISSIONAIS. Em meu ambiente de trabalho eu não permito que tratamentos assim aconteçam comigo, com meus pares e muito menos com minha equipe…
5- Ah, por que diabos os jogadores mais renomados, conhecidos e que têm "moral" pra bater de frente com dirigentes (Giovannoni, Marquinhos, Marcelinho, Alex, Murilo, Nezinho etc.) se omitem, se calam cada vez mais? Estão conformados com a situação ou como o calo não lhes aperta preferem o silêncio?
6- Até quando veremos profissionais agirem assim com seus atletas? Isso não é maneira de tratar ninguém, quanto mais atletas profissionais. Fico imaginando um norte-americano como Dawkins, que foi formado em um ambiente absurdamente profissional (o norte-americano), deve se sentir quando estas atrocidades ocorrem.
Se alguém souber das respostas, por favor escreva na caixinha. Tristeza, hein, basquete brasileiro…
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