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Conheça os dois lados da moeda com a naturalização de Larry Taylor

Fábio Balassiano

22/04/2012 00h30

Você leu no UOL que o norte-americano Larry Taylor, de Bauru, teve, enfim a sua naturalização aprovada pelo Ministério da Justiça – a decisão será publicada em Diário Oficial na próxima segunda-feira (aqui a matéria completa). Ele está, portanto, apto a ser convocado para a seleção brasileira e deve jogar as Olimpíadas de Londres. A novidade deve ser lida de duas maneiras, em minha opinião.

Em primeiro lugar, há o lado técnico da coisa. Larry Taylor é um baita jogador, um dos destaques do NBB há algum tempo e vai agregar horrores ao time de Rubén Magnano. Pode ser um reserva de luxo para Marcelinho Huertas, mas também um "par" do jogador do Barcelona em uma formação com dois "baixinhos". O grupo ganha em experiência, qualidade técnica, opções táticas e não perde em termos de "leveza de ambiente", já que Larry é querido por todos e de fácil trato. Quanto a isso, ponto pacífico, foi muito bom. Ele vai a Londres e pronto.

No entanto, assim como já escrevi no ano passado, quando da convocação de Larry pela primeira vez (leia aqui), não tenho nada contra o agora jogador naturalizado brasileiro. Ele foi "convidado" pela CBB a ser naturalizado com um objetivo (reforçar um time olímpico), disse que aceitaria, a papelada saiu e nos Jogos ele estará. Zero de "culpa" pra ele, portanto. O que eu estranho, o que eu não gosto, é como a situação toda se desenhou por parte da Confederação Brasileira. E nem falo mais sobre um possível "por que não investir em jovens como Raulzinho ou Rafael Luz?", pois Taylor está, agora, tão apto a jogar quanto qualquer um que tenha nascido por aqui.

E aqui já cabe uma ressalva: não é porque a Espanha (para ficar em um exemplo) fez uma atrocidade com a naturalização de Serge Ibaka que "está tudo liberado", certo? Por mais que os casos de Ibaka e Taylor sejam diferentes, muita gente pode dizer "se todo mundo faz, nós podemos fazer também", no que, claro, eu sou bem contra. Então agora podemos prosseguir.

Eu falo, sim, sobre a deturpada "fórmula" para o sucesso que a CBB tenta impor ao seu trabalho e sobre os plenos poderes que Rubén Magnano tem no comando da seleção. Sobre o argentino: é óbvio que ele tem muito mais preocupação com o curto, curtíssimo prazo, do que com a sustentabilidade do basquete do país – no que, diga-se, ele não está errado. Seu contrato vence após as Olimpíadas, 2013 é ano eleitoral e sabe lá o que vai acontecer com Nunes ou o outro candidato e com o seu currículo e a falta de organização da entidade máxima o hermano sabe que não dá para esperar muito em termos de planejamento. "Vou convocar os melhores da bagaça, me virar com o que tenho e já que ninguém me fala nada eu continuo a fazer o que penso", deve pensar Rubén.

E aí, na falta absoluta de gestão por parte da Confederação, é que reside o maior problema. De acordo com entrevista de Larry a este blogueiro, quem procurou o então norte-americano para se naturalizar foi Vanderlei, diretor de seleções da CBB. Mesma CBB que deixa de realizar 11 Brasileiros de base por absoluta falta de competência. A mesma CBB que ainda não pensou em como será a preparação da seleção feminina Sub-17 para o Mundial de agosto deste ano. A mesma que não conseguiu arquitetar um novo circuito para as divisões inferiores do basquete brasileiro. A mesma que teima em não prestigiar os clubes formadores. A mesma que tem uma verba quase recorde em relação às demais Confederações (mais de R$ 25 milhões) e não sabe como aplicar para recolocar a modalidade, sucateada há quase duas décadas, nos trilhos.

Está claro o que quero dizer, não? É muito mais fácil "comprar" um produto pronto do que fabricar um desde o princípio, passando por todas as etapas do processo (o que se comenta, também, é que Hortência está pensando em fazer igual com uma armadora norte-americana para as Olimpíadas de 2016, é mole?). Dá mais trabalho, é preciso ter competência, planejamento, transparência e organização, e o resultado demora bem mais para aparecer – quando aparece.

Não há atalhos para o sucesso, e é uma pena que a Confederação Brasileira insista em não enxergar isso.

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