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À argentina, Peñarol vence Pinheiros e conquista o bicampeonato do Torneio Interligas

Fábio Balassiano

28/03/2012 00h10

Não dá para dizer que foi uma vergonha, não. O Peñarol é o atual bicampeão argentino, lidera a atual Liga Nacional local, tem um baita elenco e o melhor treinador (Sergio Hernandez – na foto) do continente há pelos menos cinco anos (aliás, como seria bom se Hernandez treinasse por aqui, hein). Por isso venceu, até com certa facilidade (a vantagem chegou a 20 pontos), o Pinheiros por 88-75 para conquistar o bicampeonato do Torneio Interligas na noite de ontem diante de quatro mil pessoas que foram em bom número ao ginásio Islas Malvinas.

E se não se pode dizer que foi uma vergonha, acho que é possível dizer que eu esperava mais do time da capital paulista. Todo mundo sabia que a principal arma do Peñarol eram os chutes de três, e o esquema de jogo montado por Sergio Hernandez "cheira" a isso o tempo inteiro (na Liga Argentina, o time chuta 28,7 vezes por noite, acerta 11,3 e tem aproveitamento de 39,2% – fique atento a estes números, sério).

Por isso eu não entendi a movimentação defensiva do Pinheiros desde o começo do jogo. A bola entrava para o garrafão, para Martin Leiva, e a marcação dos paulistas "convergia" para tentar vigiar o pivô argentino com "dobras" (e isso não era necessário, já que o nome dele é Leiva, e não Luis Scola). O que acontecia, então? Leiva, inteligente e sabedor de suas deficiências, passava para fora, a bola rodava e encontrava o arremessador livre após alguns passes-extras (outra baita qualidade do time de Sergio Hernandez). Simples, não? E fazia parte de um plano de jogo que, insisto, é repetido na Liga local dos hermanos há algumas temporadas (o aproveitamento no torneio nacional é de 39,2%; contra o Pinheiros foi de 40%).

Foi assim que o Peñarol acertou seis vezes no primeiro tempo, e outras quatro no segundo. Os números, obviamente, não explicam a vitória dos argentinos, até porque o Pinheiros acertou mais e melhor de fora (11/25 dos brasileiros contra 10/25 dos hermanos), mas a troca de passes dos rivais machucou o time de Cláudio Mortari. Tanto machucou que quanto a marcação "quis" subir, os espaços para infiltrações e movimentos de Leiva já estavam pavimentado e aí a defesa dentro do garrafão ficou vazia, murcha (os argentinos mataram 63,8% de perto – na Liga local, o aproveitamento é de 54,2%. O pivô, que começou lento, lento, terminou com 17 pontos, 15 rebotes e 26 de eficiência diante de uma marcação que nunca se encontrou.

O Pinheiros é um bom time, lutou pra caramba e jogou diante de um adversário poderoso, bem poderoso (e vocês estão vendo que não falo do ataque aqui, pois obviamente ele foi "prejudicado" porque precisou apressar as coisas, já que a defesa não resolvia e a diferença só subia). Não é demérito algum perder, e espero que o revés não tire a força do time para a sequência do NBB. Mas acho muito sintomático que nas três edições do Torneio Interligas nenhum time brasileiro tenha vencido (a outra conquista foi do Obras no ano passado).

Não é uma questão de o estilo "à argentina" (lá do título) ser melhor que o brasileiro, mas sim que são estilos absolutamente diferentes. Não é uma questão de avaliar, agora, no calor das emoções, qual funciona melhor. De todo modo, acho, de verdade, que serve para refletirmos sobre que tipo de basquete queremos ver sendo praticado por aqui.

O Obras venceu a Liga Sul-Americana, os argentinos venceram as três edições do Interligas e, querendo ou não, o Brasil se classificou para as Olimpíadas com um técnico argentino jogando (perdão) à argentina.

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