Agora pontuadores, jovens armadores ditam o ritmo na NBA
Fábio Balassiano
24/01/2012 11h27
Cada vez mais rápidos, fortes e técnicos, os armadores agora não se contentam "apenas" em passar a bola e em distribuir o jogo. Pontuar está na ordem do dia para muitos deles, e não é surpresa que dez estejam entre os 34 que mais pontuam da liga na temporada 2011-2012. Além disso, três deles foram número 1 do Draft nos últimos quatro anos (Rose, Wall e agora Kyrie Irving, no Cleveland).
Para se ter uma ideia e uma base de comparação, Derrick Rose (foto), o primeiro da lista dos armadores, tem 20,8 pontos de média e 16,3 chutes tentados por noite nesta temporada (20,1% do total dos tiros do Chicago Bulls). Logo abaixo dele, Russell Westbrook registra 20,6 pontos e incríveis 17,5 arremessos por partida (22,7% do total do Oklahoma). Quer ver um sintoma dessa mudança? A queda no número de assistências. Na temporada passada, três jogadores (Steve Nash, Rajon Rondo e Deron Williams) registraram dez ou mais passes por noite. Nesta, Nash é o único (tem 10,0 cravado), e mesmo assim é o líder do time em pontos com 14,8 (10,6 arremessos por partida e 13,9% do total).
Até mesmo Magic Johnson, que pontuava bastante (registrou mais de 16 pontos por partida em todas as suas temporadas antes da de 1995-1996 – a pós-HIV), não tinha o volume que existe hoje. Magic não passava dos 16,3 chutes, e sua média na carreira foi de 13,1 por noite. E é sempre bom lembrar que o estilo que o genial camisa 32 imprimia nos Lakers era o de velocidade pura, que gerava mais oportunidade de arremesso para toda a equipe. Tanto é assim que na temporada que mais arremessou, a de 1986-1987, Johnson teve 16,35 (número alto), mas que representaram 18,1% do total dos angelinos (menos, portanto, do que Rose e Westbrook atualmente).
Aqui cabem duas observações. É fato, também, que este tipo de jogo ainda não deu resultado. Os últimos campeões sempre tinham um armador "pass-first" no elenco (Lakers com Derek Fisher, Miami com Payton, Dallas com Jason Kidd, Spurs com o próprio Parker e Boston com Rondo), mas vale a pena ficar de olho para saber se esta tendência dos armadores-combo (que armam e pontuam) começará a dar resultados, em termos de títulos, em breve. A outra é que por outro lado também existem jogadores de outras posições fazendo o que os armadores faziam: Lamar Odom era o point-forward de Phil Jackson no Lakers (no Mavs nem tanto), LeBron é o faz-tudo no Heat (como era nos Cavs), Wade também arma no Heat e Andre Iguodala se vira em todas no Sixers.
Não é uma questão de ser bom ou ruim, mas está muito claro que o jogo e as funções mudaram (e fechar os olhos para isso é de um atraso monumental). Aquele tempo de "deixar o jogo todo para o armador pensar" acabou, já era, passou. Se você tem um cara que pode distribuir a bola e ainda finalizá-la com maestria, parece muito claro que estará em vantagem competitiva para vencer partidas e quem sabe até campeonatos. Estão aí Chicago e Oklahoma, líderes de suas conferências, que não me deixam mentir.
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