Tentando desvendar a escolha de Tarallo para ser o técnico da seleção feminina
Fábio Balassiano
17/12/2011 02h40
1- Os nomes dos times de ponta no mercado, aos quais Hortência poderia recorrer, eram: Barbosa (Ourinhos), Laís Elena (Santo André), Ferreto (Catanduva) e Zanon (Americana). O primeiro saiu da seleção tem cinco anos. Os dois do meio (Laís e Ferreto) já cansaram de criticar o modelo de gestão da CBB e principalmente de Hortência – e não teriam clima para trabalhar por lá. Zanon não tem ótimos resultados recentes e tem compromisso de longo prazo com sua equipe. Foi uma escolha consciente, imagino, mas também com um número limitado de candidatos muito pequeno.
2- Soube que novamente o cargo foi oferecido a Janeth, que declinou pela segunda vez. Ela alega, com razão, que precisa ganhar mais experiência, e que sua passagem pela base ainda não terminou (em 2012 ela terá o Mundial Sub17). Ponto para ela.
3- Não tenho nada contra Tarallo, acho que ele fez um ótimo trabalho neste ano com o time Sub19 no Mundial do Chile (bronze), mas seu currículo é regular demais para credenciá-lo a um trabalho tão importante assim (dirigir em uma Olimpíada). Se é verdade que o de Miguel Ângelo da Luz também o era quando assumiu a seleção antes do Mundial de 1994, ao menos as ideias de Miguel eram (e foram mesmo) inovadoras em todos os sentidos (físico, técnico, tático e o de renovação também). As de Tarallo são mais do mesmo (e com resultados pra lá de contestáveis na base também, como, por exemplo, o decepcionante oitavo lugar no Mundial Sub21 da Rússia).
4- Mais uma observação. Tarallo faz parte de um projeto muito bom de base, o de Jundiaí, mas que não conta com uma estrutura de time adulto (nunca participou de um Nacional, por exemplo). Recentemente participou de um Paulista da categoria (adulto, no time que tinha Franciele), mas nada além disso. Ou seja: ele jamais dirigiu atletas experientes, matreiras, e estrelas criadas. Ou seja 2: Tarallo jamais dirigiu uma menina com mais de 26 anos. Ou seja 3: vocês conseguem imaginar como será o relacionamento do técnico inexperiente com estrelas com Iziane, Érika e companhia limitada?
5- Mais uma vez a falta de planejamento da Confederação está evidenciada. Se fosse para colocar Tarallo, um técnico que vive as categorias de base da CBB há cinco, seis anos, para desenvolver meninas com quem ele trabalha há algum tempo, que o fizessem em 2009. Seria uma chance de as jovens terem espaço com um treinador que já conheciam, e do próprio técnico ir ganhando experiência em competições que iriam crescer gradualmente de importância. Jogá-lo no fogo e ter a estreia dele, Tarallo, em uma Olimpíada beira a bizarrice.
6- Ao que parece, a diretoria da CBB está dando um tiro no escuro (lembro do filme "Dirigindo no Escuro", de Woody Allen") ao colocar Tarallo para comandar a seleção em 2012. Com Ênio Vecchi o time vinha evoluindo e tinha chance de "beliscar" alguma coisa diferente em Londres no próximo ano. Não é que com o novo treinador isso não possa ser atigido, mas é um novo trabalho que se inicia a menos de um ano da competição mais importante no escuro. Podemos, e devemos, sim, ter o benefício da dúvida neste caso. Fica a pergunta: terá a Confederação "desistido" de conseguir algo maior nas Olimpíadas de 2012?
7- Mais: será que a nova forma de pensar, como diz Hortência, culminará com uma renovação mais forte no elenco da seleção adulta (não acredito)? Será que vale realmente começar isso justamente em uma Olimpíada?
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