Revelação, armador Davi Rossetto busca espaço no concorrido Pinheiros
Fábio Balassiano
28/11/2011 15h15
BALA NA CESTA: Como foi o começo da sua carreira até chegar ao Pinheiros?
DAVI ROSSETTO: Comecei através do (técnico) Julio Malfi (hoje em Barueri). Ele é pai do Rafael (atualmente disputando o NBB pela Liga Sorocabana), estudei desde os cincos anos de idade e temos muito este relacionamento. Como a Hebraica estava montando o time de pré-mini na época o Julio me chamou para fazer um teste no clube quando tinha dez anos (2003). O técnico era o Cleiton Ferreira, que é fantástico como professor e como pessoa. Passei também pelo Círculo Militar antes de chegar ao Pinheiros, lugar que cresci muito desde 2005 e onde fui lapidado pela Thelma (Tavernari).
DR: Muita gente não esperava que eu fosse ter o desempenho que eu tive, mas eu corri atrás do que aconteceu comigo nos treinamentos. Antes do Mundial o time tinha muito a característica de o Raulzinho armar o time. E isso acabou concentrando demais a marcação adversária em cima dele. Quando entrei no lugar dele eu acabei aproveitando muito disso, já que a marcação ficava menos concentrada em uma pessoa só. Não posso te dizer que eu esperava o que aconteceu na Letônia, mas te garanto que foi algo que eu treinei para acontecer (Nota do editor: no Pinheiros, Davi é sempre o primeiro a chegar em quadra e faz trabalhos específicos sozinho).
BNC: Conversei bastante com o Betinho sobre o tema, e ele me disse que uma das maiores dificuldades que um atleta da base tem é na transição juvenil-adulto – e você está passando por isso agora. O que você pensa sobre isso, principalmente na questão do tempo de quadra?
DR: A questão do tempo de quadra é realmente importante, mas eu acabo pensando mais na minha evolução como atleta. Na parte física, na parte mental, de entender o jogo e na parte de fundamentos. O Pinheiros me proporciona além da excelente estrutura de trabalho, o contato com os jogadores mais experientes, e isso eu preciso usar também para o meu desenvolvimento. Mas também sei que quando tiver a oportunidade de estar jogando eu preciso aproveitar a chance. Não são muitas ainda, e tenho que estar focado para aproveitá-las da melhor maneira possível. O NBB é um campeonato longo, difícil, e haverá contusões, suspensões, problema com falta. Preciso estar pronto.
BNC: Como é seu relacionamento com o Figueroa, titular da armação do Pinheiros? Imagino que você deva aprender muito com ele e com os outros mais experientes do clube.
DR: O Figueroa é uma excelente pessoal, aprendo muito com ele, mas não muito com as palavras (talvez até pela barreira da língua). O mais forte dele é o exemplo que ele dá com a atitude, com a maneira de se portar nos jogos, nos treinamentos e fora de quadra.
DR: Como não sou o mais alto, tento usar algumas, digamos, ferramentas para me sobressair. Tento ser mais rápido, mas acho que o mais importante é você trabalhar a sua inteligência, a sua leitura de jogo. Assim você acaba tendo mais facilidade para encontrar os espaços dentro da quadra. Como eu trabalho isso? É muita observação e no Pinheiros eu tenho um cara que me dá toque o tempo inteiro. É o (ala) Renato, que sempre mostra o melhor caminho, o melhor posicionamento, dá dicas, orienta. Além disso, adoro assistir jogo e sou viciado em vídeo de armadores. Vou na internet e fuço tudo, tudinho mesmo. Gosto muito de olhar o Deron Williams (Utah Jazz), o Chris Paul (New Orleans Hornets) e também o Huertas, que é fantástico. Aqui no Brasil eu gosto muito da visão de jogo do Fúlvio e da raça do Nezinho.
BNC: Em pouco tempo de quadra contra o Flamengo eu vi você falando uma barbaridade. Orientou, conversou, posicionou a equipe. Liderança parece ser uma característica sua, certo? Como é para um jovem ser líder de um time recheado de atletas tão experientes?
DR: A liderança no Pinheiros é bastante dividida, e acho isso ótimo. Cada um tem a sua parcela, e eu procuro, mesmo que timidamente, colocar o meu modo de ser também. Como armador você tem uma leitura de jogo importante, e acho que é fundamental que eu transmita isso para meus companheiros. Sobre o lance de ser líder, é algo que eu gosto muito. Sempre foi assim, desde a época do colégio. Tinha festa pra organizar, viagem pra fazer, coisas desse tipo? Eu acabava chamando a responsabilidade e meio que capitaneava tudo.
BNC: Rapaz, eu vou te dizer uma coisa. Você tem apenas 19 anos, mas tem o perfil muito claro de um técnico. Pensa nisso no futuro?
DR: (risos) Cara, todo mundo me fala isso, sabia? Mas é algo que ainda não penso, não. Sou novo ainda, né? Admiro demais a profissão, o trabalho que eu vejo os técnicos do Pinheiros fazendo, mas ainda não parei para analisar isso.
Sobre o blog
Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.