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Projetando Londres-2012 para a seleção feminina de basquete

Fábio Balassiano

02/10/2011 11h50

O Pré-Olímpico terminou há menos de 24 horas com uma série de surras da seleção feminina, e por isso a pergunta é inevitável: em que patamar o time está em âmbito mundial? Não é fácil responder a esta questão, mas vamos lá (já antecipo que amanhã falarei aqui da situação da modalidade no país).

É muito claro que há três seleções um pouco na frente das outras: Estados Unidos, Austrália e (um pouco abaixo) a Rússia, que venceu o Europeu a Turquia na final por 17 pontos. Abaixo disso, é tudo muito parecido. Ainda entrarão cinco equipes (francesas e turcas têm ótimas chances), mas não há bicho-papão no Pré-Olímpico Mundial.

Falando do time brasileiro, foram dois os méritos principais da equipe de Ênio Vecchi na Colômbia: o jogo baseado no forte garrafão e a defesa individual fortíssima (nisso Ênio merece nota 11!). Érika foi a MVP da competição, Damiris se consolida cada vez mais como uma realidade (que arremesso longo bonito!), Clarissa é uma águia nos rebotes e Franciele, Nádia e Gilmara não fizeram feio (acho apenas que uma pivô reserva de ofício não seria ruim). Além disso, o ataque correu demais, mas a "aceleração" já diminuiu bastante em relação aos anos anteriores – o que é uma evolução.

No entanto, acho que ficou muito claro para todo mundo que há um problema nas alas (conforme escrevi aqui há algum tempo). Nos três jogos que realmente valem a pena ser levados em consideração (Canadá, Cuba e Argentina), Chuca (foto à direita) fez o que se esperava dela (oscilou e anotou 10, 4 e 12), Micaela não foi muito bem (anotou seus seis pontos logo no começo da decisão – e depois errou cinco arremessos seguidos), Palmira foi Palmira (3/18 ou 16,6% contra os três rivais nos chutes longos) e Silvia Gustavo entrou pouco em quadra (9,5 minutos contra Canadá e Argentina – diante das cubanas ela não entrou). Por isso a atuação de Adrianinha merece ser tão louvada na competição. Além de armar o jogo com sabedoria, coube a ela decidir as jogadas de ataque com correção na maioria dos momentos (53,5% nos três pontos).

Iziane é o nome comentado, claro, já que ela poderá (deverá, para ser mais preciso) integrar a seleção em Londres, mas talvez não seja o suficiente para vôos mais altos nas Olimpíadas. A ala do Atlanta é muito boa, mas há três fatores que não devem ser esquecidos: ela defende mal, é uma andorinha só e precisará entender que a grande força do time em Neiva foi o jogo coletivo. Pensando nisso muita gente falou, no Twitter e na caixinha de comentários, que valeria a pena levar uma jovem para ganhar experiência (citaram Izabella Sangalli, de apenas 16 anos).

Sinceramente eu acho arriscado colocar uma menina em um torneio deste tamanho (o trabalho de renovação deveria ter começado há quatro anos). Tássia, de Americana e um dos destaques no Mundial Sub-19, está mais pronta e poderia contribuir com o time, ao meu ver. De todo modo, ainda é pouco e uma jovem de 18, 19 anos não fará com que o Brasil ganhe ou perca medalha (nada contra as "novinhas" obviamente, mas a gente sabe que em Olimpíada o jogo é bem diferente).

Hortência falou, depois do jogo, em uma preparação forte e recheada de amistosos contra seleções de primeiro nível. Realmente isso é fundamental e pode ajudar a equipe em Londres-2012. É um passo importante, mas no final das contas a gente sempre olhará para as alas da seleção e pensará que está faltando alguma coisa (a posição sempre foi muito bem servida, né). De cara e no calor da emoção, projetaria, de modo otimista, uma semifinal olímpica no próximo ano e, de modo mais realista, uma disputa do quinto ao oitavo lugar.

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