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O velho vício de gestão no basquete brasileiro

Fábio Balassiano

15/08/2011 11h23

Na matéria d'O Globo que mencionei ontem aqui sobre o Estadual do Rio de Janeiro (que terá apenas três equipes), uma declaração de Miguel Ângelo da Luz (foto), diretor de esportes olímpicos do Botafogo e campeão mundial de basquete em 1994 com a seleção feminina, me chamou a atenção: "Se alguém monta um grande time de vôlei, é convidado para a Superliga. Para ir ao NBB, um time precisa vencer um torneio de acesso. Aí a empresa pensa duas vezes se vale a pena patrocinar".

Respeito muito o Miguel (e ele sabe disso), mas discordo de seu pensamento, que, por sinal, contém uma informação não verdadeira: de acordo com a LNB, se um clube quiser entrar direto, é só pleitear junto à liga, que fará a análise em seu Conselho (está lá no estatuto, é só clicar). É óbvio que o caminho da Copa Brasil, vencida pelo Tijuca recentemente, é o mais conhecido, mas está longe de ser o único. Mas, sinceramente, não este o ponto que fiquei mais preocupado (e que foi motivo até de um bom debate com o pivô Coloneze no Twitter).

Dizer que uma empresa não investe no basquete porque é preciso vencer "torneio de acesso" não é muito verdade. Se fosse assim, na Espanha, onde os clubes precisam necessariamente passar por todas as divisões de acesso até chegar a ACB, não teriam surgido mais de 30 agremiações nos últimos oito anos (dados da FEB). Todas com lucro e sem fechar as portas. O problema, ao meu ver, é este raciocínio de curtíssimo prazo que existe no Brasil.

Enquanto os dirigentes pensarem em captar empresa para um projeto de um, dois anos, a modalidade continuará afogada em sua crise cruel dos últimos dez, 15 anos. Patrocinadores não investem porque o produto basquete é ruim e mal administrado – e não porque "temem" o longo prazo. Quem conhece razoavelmente as grandes empresas do país sabe que as instituições preferem projetos duradouros a "sonhos de uma noite de verão" – é só ver a relação bonita construída pelo projeto da Unilever no vôlei.

Acho que este é um debate que precisa ser feito no basquete (talvez no esporte como um todo também). O produto e o nível técnico do NBB precisam melhorar, sem dúvida, mas os dirigentes precisam entender que quanto mais profundo o pensamento (projeto) for, mais empresas estarão interessadas em se unir a ele – e não o contrário.

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