Juventude no garrafão
Fábio Balassiano
05/07/2011 15h00
BALA NA CESTA: Como foi a reação que você teve quando da convocação do Magnano? Você esperava? E quais as expectativas para treinar com o grupo?
AUGUSTO LIMA: Fiquei muito feliz! Estou realizando um sonho, que é chegar à seleção brasileira adulta. Na verdade, fui pego um pouco de surpresa, e estou muito motivado, foi uma surpresa muito boa. Vou dar o meu máximo, me empenhar ao máximo, porque vestir a camisa do Brasil é um orgulho, é a realização de todo atleta. Espero sugar o máximo de informações, aprender com eles, com os meus companheiros e com a comissão técnica, e ajudar com o meu jogo. Espero que tudo flua bem, estou muito feliz.
— Ano passado você acabou não se apresentando, e acabou, sem querer, reforçando o rótulo de que atleta brasileiro que atua no exterior não gosta de jogar pela seleção. Isso procede? Poderia falar um pouco sobre a ausência no ano passado e sobre seus sentimentos na seleção?
— Não posso falar pelos outros, não sei os motivos dos demais atletas, mas eu quebrei o pé no ano passado e, na época da convocação, estava me recuperando ainda. Fiquei chateado, mas não tinha condições de treinar ou de jogar. Acharam que não quis ir, e não foi isso, de forma alguma. Defender o Brasil é um orgulho, tenho orgulho de ser brasileiro e hoje tento representar da melhor maneira possível o país no basquete da Espanha. Meu maior sonho era ser chamado para a seleção adulta, e estou realizando esse sonho agora.
— Meu jogo é mais físico, dentro do garrafão, de toco e briga pelo rebote defensivo. No ataque, acho que tenho um bom chute e uso bastante os ganchos. Sou jovem (19 anos), tenho muito o que melhorar e quero melhorar, mas isso vai vir com o tempo, com meu empenho, com meu trabalho.
— Este ano você começou no Málaga e foi emprestado ao Granada para ganhar tempo de quadra (7,9 pontos, 5,5 rebotes e 18,8 minutos). Como foi por lá? Na próxima temporada, quais as expectativas?
— Demorei um pouco a encontrar o meu melhor jogo esse ano, porque ainda estava me recuperando da minha operação. Quando estava melhor, quando estava jogando bem, fui emprestado, mas isso acontece, e foi bom para mim. Ganhei mais minutos em quadra e aprendi muito. Quero jogar cada vez mais, ajudar a equipe e não sei ainda como vai ser a próxima temporada. Na verdade, agora estou pensando só na seleção.
— O Aito Garcia Reineses, técnico que te puxou para a equipe adulta no Málaga (vice-campeão olímpico com a Espanha em 2008), não cansava de te elogiar. Como era seu relacionamento com ele? Dizem que ele é bem exigente…
— Ele é muito sério, muito exigente, e me ajudou muito. Tive sorte de ele ter me puxado para jogar a ACB. Ele é uma pessoa fácil de lidar e devo muito de tudo isso que está acontecendo comigo a ele. Se hoje eu estou bem, jogando bem, confiante e mostrando um bom basquete, muito eu devo a ele. Ele me pedia para fazer coisas simples, mas que fizesse com vontade, no meu máximo, a 200km/h.
— Não, porque eu tinha ido para a Espanha antes para treinar, então tinha mais ou menos uma ideia de como seria, do que eu iria encontrar. Foi bom para me acostumar ao ritmo duro dos treinos. É bem diferente do Brasil, mas o basquete brasileiro está mudando para melhor, e espero que o Brasil continue assim, crescendo e que as coisas boas aconteçam também para a seleção.
— Se você pudesse escolher como será o seu futuro no basquete daqui a cinco ou dez anos, como seria?
— Tenho dois sonhos e vou batalhar muito por eles. O primeiro é me afirmar na seleção brasileira, lutar pelo meu espaço, ajudar o Brasil a conquistar títulos, a ser cada vez mais forte. Esse é o meu primeiro objetivo. Tenho orgulho de ser brasileiro e isso fica ainda mais presente em mim por morar na Europa, estar longe da minha família, dos meus amigos, do meu país. O outro é chegar à NBA. Estou me preparando para isso, para ganhar o meu espaço na seleção e buscar um lugar na NBA, jogando em alto nível. Daqui a uns cinco, dez anos, quero ter uma medalha de Campeonato Mundial, uma medalha de Olimpíadas e um anel da NBA.
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