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Bala na Cesta

Sem Durant e Klay, Steph Curry conseguirá levar o Warriors longe no fortíssimo Oeste?

Fábio Balassiano

17/10/2019 05h01

HARRY HOW / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

Não há a menor dúvida que o Golden State Warriors passará por um período de adaptação na temporada da NBA que começa, para o time, no dia 24 de outubro contra o Los Angeles Clippers no novíssimo ginásio Chase Center, em São Francisco. O craque Kevin Durant saiu para o Brooklyn Nets, o ótimo Klay Thompson está machucado e só volta em 2020 depois do All-Star Game, duas peças importantes do banco de reservas saíram (Andre Iguodala, trocado para o Memphis, e Shaun Livingston, aposentado) e o maior reforço da equipe é o armador D'Angelo Russell, que ainda está se adaptando a uma nova cultura (leia-se esquema do técnico Steve Kerr).

Finalista nas últimas cinco edições da NBA, com direito a três títulos, a dúvida que fica é: será Steph Curry, um dos grandes gênios do basquete atual, capaz de liderar a franquia neste fortíssimo Oeste sem o auxílio de seu fiel escudeiro Klay Thompson e também com a ausência de Kevin Durant?

Duvidar de alguém que já foi MVP de temporada regular (2015 e 2016 – nesta de forma unânime, algo que nunca havia acontecido na história da NBA) me parece bobeira, mas é justo colocar as coisas em perspectiva. Curry completará 32 anos em março de 2020, já não é mais nenhum garoto, a marcação ficará ainda mais concentrada nele devido a essa nova configuração do Warriors e nos últimos anos o armador se acostumou a ter Klay e Durant ao seu lado para dividir a responsabilidade pela pontuação de uma equipe que, devido ao seu estilo acelerado, joga em altíssima voltagem. O Golden State sempre foi "mais" Golden State quando tinha Steph na quadra – e isso não vai mudar, está bem claro isso. O que muda é COMO a equipe irá executar um sistema de jogo que a liga inteira conhece bem há cinco anos.

Olhar os números pode dar um cheiro de que, sem Durant e Thompson, o Warriors tem mais chance com o Curry "brinquedinho assassino", apelido dado a ele pelo narrador Romulo Mendonça, da ESPN. Em 2015/2016, 30,1 pontos de média, 50,4% nos tiros de quadra e excepcionais 45,4% nas bolas de quadra em 20,2 arremessos por jogo. Foram os melhores números da carreira dele. Na temporada passada, nada de queda absurda, mas há, sim, diferenças. Foram 27,3 pontos, 47,2% nos arremessos, 43,7% nas bolas do perímetro e 19,4 tentativas de chutes por partida.

Olhando as partidas, porém, ficava claro que antes de Durant o jogo passava quase que sempre por ele, seus dribles, seus cortes e suas movimentações, e com KD as situações ofensivas ficavam mais divididas – sobretudo porque o ex-camisa 35 do Warriors adorava o jogo de um-contra-um, onde ele consegue ser letal, algo difícil hoje em dia. Sem Durant, é bem provável que o "velho Golden State", com Curry comandando as ações, volte a partir desse campeonato com um senão bem razoável que é o fato de, sem tantas estrelas com bom arremesso a sua volta, a marcação fique concentrada no camisa 30 para evitar situações como as que ocorreram nesta pré-temporada, quando o magriça conseguiu surreais 40 pontos em 25 minutos de atuação.

Não convém, insisto, duvidar de Steph Curry, um dos jogadores que mudaram a história do basquete pela sua forma de atuar e pela influência em toda modalidade depois de sua explosão (o crescimento nas bolas de três se deve muito a seu fenômeno), mas talvez carregar o Golden State Warriors neste Oeste que conta com praticamente duas estrelas nos principais candidatos ao título (Lakers com LeBron James e Anthony Davis, Clippers com Kawhi Leonard e Paul George, e Rockets com Russell Westbrook e James Harden, por exemplo) seja demasiado para ele.

Deste lado, torço apenas para dar certo e para que o modo "alucinante" do camisa esteja ativado.

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