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Bala na Cesta

Com pior time desde 1992, EUA começa Mundial com risco de primeira derrota desde 2006

Fábio Balassiano

26/08/2019 05h00

Começa no dia 31 de agosto o Mundial da China. Os olhos do planeta basquete como sempre estarão debruçados especialmente em como os Estados Unidos jogarão a competição. Se antes a pergunta era de quantos pontos seria a diferença nas partidas, neste campeonato a indagação não é bem por aí. Com elenco que mistura jovens em busca de lugar ao sol a experientes insossos, o time comandado pelo experiente Gregg Popovich, que estreia no comando da seleção, vê os rivais "babando" para tirar uma invencibilidade em torneios oficiais que dura 13 anos.

Foi também em um Mundial, no de 2006 no Japão, que no dia 1º de setembro contra a Grécia os EUA conheceram sua última derrota. Naquele 101-95, o garoto recém-saído do colegial LeBron James teve 17 pontos, Carmelo Anthony outros 27, mas Spanoulis, espetacular como sempre, foi incrível no final para colocar os gregos na decisão do ouro contra a Espanha (os gregos ficaram com o vice-campeonato) e os americanos lutando pelo bronze, que viria no triunfo contra a argentina (96-81). Desde então, título na Copa América de 2007, ouro nas Olimpíadas de 2008, 2012 e 2016, além dos títulos mundiais em 2010 e 2014. Tudo invicto sob o comando do Coach K.

Mas você olha esse elenco aqui e me responde depois: quem tem confiança PLENA que os EUA ganharão o Mundial que começa em menos de uma semana?

ARMADORES: Kemba Walker (Celtics), Marcus Smart (Cetics) e Derrick White (Spurs).

ALAS: Harrison Barnes (Kings), Jaylen Brown (Celtics); Joe Harris (Nets), Jayson Tatum (Celtics), Khris Middleton (Bucks) e Donovan Mitchell (Jazz).

PIVÔS: Mason Plumlee (Nuggets), Brook Lopez (Bucks) e Myles Turner (Pacers).

Ninguém, a resposta é ninguém. Devido a inúmeras dispensas depois da convocações, com a maioria dos atletas informando que gostaria de se preparar melhor para a temporada da NBA que começa em menos de 60 dias, este é, disparado, o pior time americano desde o Dream Team que ganhou o ouro olímpico em Barcelona em 1992 naquele que foi o primeiro elenco do país a jogar uma competição com atletas da NBA.

Não quer dizer que é um grupo ruim, fraquíssimo, daqueles pra se ter vergonha, não é isso, mas está longe de ser um esquadrão imbatível, sensacional. Se não dá sequer pra citar Michael Jordan, John Stockton ou Karl Malone, que viviam o auge técnico em Barcelona há quase três décadas, porque seria injusto demais já que este foi o melhor time que o mundo do basquete já viu, vale dizer que nos últimos mundiais havia Kevin Durant (2010), James Harden, Kyrie Irving, Klay Thompson e Steph Curry (2014), por exemplo, um oásis de talento perto do que há agora.

É bem verdade que desde 1992 houve derrotas, como as vexatórias no Mundial de 2002, em casa (Indianápolis), e na Olimpíada de 2004 (a Argentina ganhou dos caras nas duas oportunidades…), mas sinceramente falando havia muito mais "zona" fora de quadra e desinteresse dentro dela do que falta de qualidade, como há agora.

Olhando rapidamente, a gente vê atletas que nem titulares de seus times são (Smart, Plumlee e Brown, por exemplo), outros ainda em formação (Tatum, Turner e Mitchell) e apenas uma estrela consolidada como All-Star na NBA – o armador Kemba Walker, que acaba de assinar um contrato máximo com o Boston Celtics. Não há nenhum "pereba", não é isso e insisto no ponto, mas tampouco há aquele cracaço de franquia como houve nos últimos anos em Olimpíadas e Mundiais.

Se continuam como melhor elenco, é impossível descartar (sem ser pela ordem) uma França de Rudy Gobert e grande elenco, uma Espanha do campeão da NBA Marc Gasol e grupo bem sólido, uma Sérvia que, se não conta com o esplêndido Milos Teodosic, tem Nikola Jokic, astro do Denver Nuggets, e um punhado de atletas de excepcional técnica, uma Grécia do MVP Giannis Antetokounmpo e, por que não, uma Austrália que acaba de vencer os americanos no amistoso recente disputado em Melbourne.

Na real, na minha opinião a verdade é a seguinte: os EUA continuam como grandes favoritos, mas há um risco bem razoável de rivais em um dia esplêndido e contando com uma estrela inspirada batê-los. Quem pode bater os americanos no Mundial da China?

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