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Bala na Cesta

Doze fatos pouco conhecidos do Mundial Feminino, conquistado há exatos 25 anos na Austrália

Fábio Balassiano

12/06/2019 00h01

Foi há 25 anos. Foi no dia 12 de junho de 1994 que a seleção brasileira feminino colocou de vez seu nome na história do esporte. Até aquela data, apenas EUA e União Soviética haviam conquistado ouros em Mundiais no esporte das meninas. Naquele dia dos namorados de 1994 Paula, Hortência, Janeth e companhia entraram no seleto grupo.

Na final, 96-87 contra a China para coroar a campanha que teve uma épica vitória contra os EUA na semifinal por 110-107.

Abaixo alguns fatos pouco conhecidos daquele maravilhoso grupo comandado por Miguel Ângelo da Luz. Ao meio-dia, um texto mais emocional sobre a conquista:

1) Hortência infernal -> A camisa 4 do Brasil jogou "pouca" bola no Mundial de 1994. Hortência foi a melhor jogadora, cestinha (27,6 pontos) e teve TODOS os jogos com no mínimo 22 pontos. Craque de bola. Muito craque a Rainha.

2) Técnico estreante -> Miguel Angelo da Luz fazia sucesso no circuito de base masculino quando foi convidado pela Confederação para seu maior desafio. Assumir a seleção brasileira feminina adulta. Na época todo mundo levou um susto, mas Miguel tinha um plano. Cercar Paula, Hortência e Janeth de talentos jovens, sobretudo no garrafão, e dar um pouco de agilidade às transições do time. Deu certo. Em sua primeira competição, classificação para o Mundial de 1994. Na sua segunda, o Mundial, vocês já sabem, né?

3) Fim da "fama" -> Essa geração do basquete brasileiro feminino hoje tem uma fama de vencedora, de mítica, mas nem sempre foi assim. Paula e Hortência coexistiam desde a década de 80 juntas na equipe nacional, mas resultados expressivos em competições Classe A não vinham nem por decreto. O único feito foi o ouro no Pan de 1991 em Havana. A conquista do Mundial de 1994 acabou por colocá-las em um merecido patamar.

4) Jogo de baralho por toda madrugada -> O Brasil perdeu da Eslováquia por 99-88 na primeira fase. Irritadíssima com a performance do time, Hortência pegou um balde de café, entrou no quarto e avisou a sua companheira de quarto, a jovem Adriana Santos: "Se prepara que nós vamos jogar baralho a noite toda. Estou irritada". E assim foi feito. No dia seguinte, 27 pontos da Rainha e vitória contra a Polônia. Adriana não entrou na quadra.

5) Furacão Dalila -> Dalila Mello tinha uma carreira no basquete universitário quando foi chamada por Miguel Angelo da Luz para a seleção adulta. A curitibana de 24 anos viria para ser um dos reforços do garrafão brasileiro. Jogou dois minutos contra Taipé na estreia, fez dois pontos em lances-livres e não mais entrou em quadra. Campeã Mundial, Dalila, que nunca mais figurou nas competições Classe A pela seleção brasileira.

6) Uma craque se formando -> Alessandra dos Santos Oliveira tinha 20 anos quando foi jogar o Mundial. Natural de SP, a pivô de 2m dava potencial físico, rebote, bloqueios e tudo mais que o Brasil precisava dentro do garrafão. Seus 6,4 pontos de média não dão a dimensão do trabalho defensivo que ela fez na competição inteira. Na decisão, contra a China de Haixia, 10 pontos e 6 rebotes contra a gigante chinesa.

7) O último ouro -> Não sei se já repararam, mas esta foi a última grande conquista do basquete brasileiro em competições Classe A. Depois disso, em Mundiais ou Olimpíadas, medalhas de prata e de bronze – e apenas das meninas.

8) Revés dos EUA -> De 1994 até 2006 os EUA perderam apenas um jogo em Mundiais ou Olimpíadas. Foi no 110-107 para o Brasil na semifinal, uma das melhores atuações dos esportes coletivos brasileiros em todos os tempos.

9) Paula Mágica -> Hortência pontuava, Paula fazia o Brasil jogar. Foi essa a manchete do NY Times ao definir como a seleção brasileira feminina jogava naquele 11 de junho de 1994, quando o Brasil bateu os EUA. Paula deu um show de condução de jogo na Austrália, teve uma atuação magnífica contra as americanas na semifinal (29 pontos e 2 assistências) e seis assistências e 17 pontos na decisão contra a China. Gênio.

10) Dois jornalistas -> Juarez Araujo e Marcelo Barreto foram os únicos jornalistas do país que acompanharam aquela seleção na Austrália. Pouco, né? Era ano de Copa do Mundo de futebol nos EUA e os esforços da imprensa brasileira, como sempre, estavam concentrados no Mundial do esporte bretão.

11) A hora de Janeth -> O elo racional entre Paula e Hortência, Janeth entrou para a seleção ideal do Mundial ao fazer uma competição impecável. Foram 23,2 pontos e 7,6 rebotes de média para uma craque colossal. Janeth fez 38 no jogo que poderia ser de eliminação contra Cuba (111-91) e em apenas duas das oito partidas esteve abaixo dos 20 pontos. Grande craque!

12) O samba da seleção -> Sim, aquela seleção tinha um samba só pra ele. Foi composto por Sergio Barros, na época assessor de imprensa da seleção e atualmente na Rede Globo. Abaixo a letra no ritmo do samba da Mangueira de 1994 (aquele do "Me leva que eu vou, sonho meu, através da verde-e-rosa só não vai quem já morreu").

Miguel da Luz e Sergio Maroneze
Vão cortando um dobrado,
Pra que o Brito não se enfeze

Me diga quem?
Raimundo Nonato
Levando essas feras para o campeonato

Marisia, Hermes,"Doutora Marli",
Zé da Banheira e o grande professor Waldir (OBA)

Helen, Roseli (foto à direita abaixo), Leila (à esquerda no final)

Ruth, Simone (à esquerda ao lado), Adriana (foto à direita) e Dalila (Bis)

Lá vem Tuiú!

Alessandra e Cíntia, ô !
Os nossos coqueiros vão brilhar
Vai Janeth, disparando, pronta pra marcar

A rainha mais audaz, é sensação
Show de graça e precisão
Hortência explode coração !

Encanto e magia, chegou !
Faz a finta, arremessa, ponto!
Cada assistência um brilho de esplendor,
Seu nome é Paula (Aplausos)

Aplausos, ao time inteiro,
Tem canguru
Virando brasileiro

(Me leva) Me leva que eu vou, seleção
Tô indo pra Austrália eu quero voltar campeão (Bis)

Sobre o blog

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