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Bala na Cesta

Celtics é fuzilado pelo Bucks, está eliminado e enfrenta 5 grandes questões a partir de agora

Fábio Balassiano

08/05/2019 23h10

MADDIE MEYER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

Terminou há instantes a temporada 2018/2019 pro Boston Celtics. E terminou de forma patética, melancólica, pouco inspiradora. Jogando sem a menor segurança, pálido do começo ao fim, os verdes foram presa fácil para o ótimo time do Milwaukee Bucks, que fez 116-91 em casa para fechar a série em tranquilos 4-1 (perdeu o primeiro jogo e venceu os seguintes por 21, 7, 12 e hoje 25 pontos de diferença).

Os Bucks tiveram méritos absurdos e foram bem dominantes a partir do jogo 2, não dando a menor chance para o rival e mostrando que são, mais do que nunca, os favoritos a vencer a conferência Leste contra Toronto ou Sixers (os dois times se enfrentam hoje na Filadélfia com os canadenses tendo 3-2 e podendo fechar o duelo). Sete jogadores do excelente time de Mike Budenholzer terminaram o jogo 5 desta quarta-feira com no mínimo 10 pontos, e Giannis Antetokounmpo, o craque da companhia, saiu-se com 20 pontos, 8 rebotes e 8 assistências.

Pior do que a eliminação e a frustração de, mesmo sem LeBron James fora da conferência, o Celtics não chegar às finais do Leste, é o fato do Boston, irregular e pouco empolgante a temporada inteira, a partir de agora enfrentar cinco grandes questões visando o futuro da franquia. Vamos lá:

1) Kyrie Irving -> É a maior incógnita e o maior ponto de paralisia do Boston Celtics a partir de agora. Irving se tornará agente-livre, pode receber uma bolada em seu próximo contrato, mas sai deste playoff certamente com menos confiança e reputação do que na entrada do mata-mata (nas quatro derrotas contra o Bucks ele chutou 25/83, ou seja, 30,1%, muito pouco para um jogador-franquia).

Em primeiro lugar porque não conseguiu aquilo que se propôs a fazer quando saiu de Cleveland: levar, sozinho, um time nas costas até a final da NBA. Em segundo porque foi ele, simplesmente ele, o causador de uma grande discórdia no vestiário do Celtics desde que suas duríssimas críticas foram expostas publicamente em relação aos seus companheiros mais jovens (Irving disse que os menos experientes não sabiam o que era necessário para se tornar vencedor na liga). Sua cabeça é instável e não muito tranquila de desvendar, mas me parece bem improvável que Kyrie fique em Boston. Caso permaneça, será com que configuração de elenco?

MADDIE MEYER / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP

2) Brad Stevens -> No Boston desde 2013, Stevens criou ao redor da liga uma fama, justa diga-se de passagem, de ser um excepcional treinador e capaz de recolocar o Boston no caminho das vitórias. Essa era a temporada de Stevens alçar voos maiores, subirem, ele e o time, de patamar. Não havia desculpas – elenco completo, peças em todas as posições, LeBron do outro lado da conferência, rivais também em formação, nenhum bicho-papão. O Boston e Stevens não subiram de patamar (caíram de 55 para 49 vitórias e eliminados na segunda rodada – ano passado, na final do Leste), foram irregulares a temporada toda e o playoff contra um rival de ótimo nível (o Bucks) foi simplesmente patético – sem nenhum ajuste por parte do treinador.

Não dá pra dizer que Stevens não é técnico de time que joga por título, não é isso, mas é importante que ele e a franquia detectem o que deu errado na condução da equipe – da parte tática pouco inspirada até o domínio de um vestiário que virou um caldeirão de egos entre os jovens e os mais veteranos. Stevens foi muito mal neste campeonato e merece ser cobrado por isso.

3) Danny Ainge e o jogo de espera -> Outro que tem uma reputação bem grande na liga e no planeta basquete, Ainge, que teve um problema no coração durante a série com o Bucks, faz um jogo de espera há anos e parece ter a condescendência da imprensa e também da torcida com o famoso discurso "o futuro é verde". Já deu, né? Chegou a hora do Boston alçar voos mais altos, voltar a dominar o Leste. E há recursos pra isso. Peças de Draft, jovens valores, Kyrie Irving (ainda) por lá e tudo mais. Chegou a hora de, também, Ainge dar o próximo passo. É chegar no Pelicans e oferecer TODOS pra ter Anthony Davis, ir com toda força nos agentes-livres em busca de um astro e parar com essa história de futuro. Como diria Paulinho da Viola, "o tempo é hoje". O discurso clichê de Ainge de que o futuro está sendo pavimentado não cola mais.

4) Os jovens são isso tudo? -> Jayson Tatum, Terry Rozier, Marcus Smart, Jaylen Brown. São esses jovens que levarão o Boston a um plano de vitórias na NBA? São mesmo? Com fama além da conta, todos eles performaram bem mais na pós-temporada. O único que eu realmente acho acima da média é Tatum, ala inteligente, ainda bem jovem e com muito espaço para crescimento. O resto pode muito bem servir de moeda de troca para Danny Ainge. Aparentemente apenas Tatum tem potencial para ser All-Star. O resto…

5) O contrato de Gordon Hayward -> Está aí uma grandíssima questão. Hayward veio de Utah como agente-livre, contrato gigante, mas por pura má sorte se machucou no primeiro jogo dele como Celtics (na temporada passada). Nesta veio do banco e foi apenas regular com 11,5 pontos de média, a sua pior desde o ano de calouro. Nada errado com isso, certo? Certo, tirando o fato de seu salário ser o maior da franquia e ainda haver dois anos restantes (com a soma de vultosos US$ 67 milhões até 2020/2021). O que o Celtics deve fazer? Mantê-lo por lá, encurralando a folha salarial e talvez impedindo a chegada de alguma estrela em melhores condições físicas e técnicas? Ou considerá-lo para troca no intuito de trazer, por exemplo, Anthony Davis? Eis uma belíssima questão pra diretoria resolver.

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