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Bala na Cesta

Banido e agora processado: CBB coloca ex-presidente Carlos Nunes na Justiça

Fábio Balassiano

23/04/2019 06h01

O ex-presidente da CBB Carlos Nunes já havia sido barrado por 10 anos do basquete em reunião recente da Confederação. Seu calvário, porém, encontra-se longe de estar encerrado.

Matéria do Globo.com (mais aqui) rica em detalhes mostra que a atual gestão da CBB comandada por Guy Peixoto entrou na Justiça contra o antigo mandatário pedindo aproximadamente R$ 500 mil em danos morais e ressarcimento que ultrapassa a casa do milhão de reais por desvio de verbas para utilização pessoal e, pra piorar o que já era deprimente, deficiência de informações nas prestações de conta. Um escárnio completo, absoluto e chocante.

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A matéria apurou que de acordo com o processo de mais de 2.000 páginas que corre na Vara Cível do Rio de Janeiro Nunes, que presidiu a entidade máxima de 2009 e 2017, terá que explicar repasses não justificados a sua esposa e filho que teriam rompido a barreira dos milhares de reais, gastos em cartão de crédito corporativo pra pagamentos de ordem pessoal, os mais de R$ 2 milhões solicitados em adiantamento, gastos com luz, compra de roupas e otras cositas más.

Além disso, em algo muito básico no mundo corporativo, o processo de reembolso, também acaba por colocar Nunes em péssimos lençóis de acordo com o processo movido pela CBB. Cerca de 17% deles foram sem formulário (valor de R$ 66.029,82), 22% não tinham assinatura (total de R$ 68.029,82) e 57% não teriam evidência de aprovação (R$ 99.597,85). Não termina por aqui um dos grandes "cases" de gestão temerária da história do esporte brasileiro.

A petição ainda lista 14 contratos "superfaturados ou fraudulentos". Um deles é o do salário do ex-técnico Rubén Magnano de R$ 40 mil mensais, além de reembolsos no valor de R$ 195.594,78 em confissão de dívida. A folha corrida não termina aí e envolve, também, empréstimos, licitações mal feitas, confissões de dívida às vésperas de sua saída do cargo em 2017 e muito mais. Nunes nega as acusações e disse que seus advogados irão respondê-las integralmente.

Olha, eu vou ser muito transparente aqui. Em primeiro lugar, que não choca em absolutamente nada o que foi escrito na belíssima matéria do Globo.com (Thierry é fera!). Quem acompanha esse blogueiro há dez anos sabe que 99% do conteúdo foi explicado neste espaço (e somente aqui) por quase uma década (era literalmente um exército de homem só brigando contra o lamaçal em que se encontrava a Confederação – e me orgulho muito disso porque nunca baixei a cabeça pra nada e nem ninguém). Havia indícios claros de má gestão financeira, de problemas em relação a prestação de contas e tudo mais envolvendo a gestão Nunes. Desde sempre e para sempre eu durmo com a cabeça muito tranquila no travesseiro.

Outro ponto importante mostra o tamanho do buraco que Carlos Nunes deixou a entidade máxima para Guy Peixoto, o novo presidente que tem sido corajoso ao extremo para abrir a caixa-preta da CBB sem a menor piedade. Muita gente diz que o pior ainda está por vir com os processos movidos por ex-funcionários da entidade que cobram de salários atrasados e encargos trabalhistas. O poço de Nunes não tem fundo, sinceramente falando. Os dados entristecem, mas ao mesmo tempo é melhor do que viver anestesiado em uma alienação que não fazia sentido algum de existir.

Guy primeiro barrou Carlos Nunes de toda e qualquer atividade do basquete brasileiro por 10 anos. Agora o processa por péssima gestão e irregularidades. Como venho dizendo há tempos, os danos do ex-presidente ao basquete brasileiro ainda serão sentidos por muitos e muitos anos. Deste canto eu só posso dar os meus efusivos parabéns a todos que apoiaram e não criticaram / investigaram Nunes por oito anos. Não foram poucos e vão de presidentes passivos de Federações, clubes, imprensa e a querida Associação de Atletas cujo presidente Guilherme Giovannoni sempre gozou de prestígio absurdo nos meios de comunicação (amizades valem mais que os fatos neste pernóstico meio, sabemos bem). Vale lembrar que que nas 2 últimas prestações de contas somente Pará, Goiás, Maranhão e Mato Grosso vinham sistematicamente reprovando as contas.

Aos que bateram palma, aprovaram balanços, me chamavam de Dom Quixote por brigar sozinho contra a maré, contra os indícios, contra gestão temerária, contra tudo o que estava na cara eu só posso enviar os meus pêsames. A verdade sempre aparece. E embora Nunes tenha todo direito de se defender, 2.000 páginas de um processo creio que dizem muito sobre o estados das coisas em uma Confederação que encontrava-se arrasada.

Aguardamos as cenas dos próximos capítulos. Este livro está longe de estar fechado.

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