Analisando as chances do Brasil após o sorteio do Mundial masculino da China - complicou ou não?
A Federação Internacional sorteou ontem as chaves do Mundial da China que acontece a partir de 31 de agosto. O UOL fez uma matéria extensa sobre isso, mas vale a pena registrar e relembrar o regulamento antes de traçar algumas linhas sobre o caminho da seleção brasileira.
a) São 8 grupos com 4 seleções cada. Na primeira fase, as 4 jogam entre si. Avançam para a segunda os 2 melhores, carregando consigo os resultados iniciais. Formam-se novos grupos de 4 seleções e os times que não se enfrentaram na fase inicial medem forças (no site da FIBA este caminho está bem explicado). Os grupos da segunda etapa serão formados por equipes qualificadas dos grupos A/B, C/D, E/F e G/H. Os dois melhores vão às quartas-de-final, aí sim em mata-mata simples até a decisão no dia 15 de setembro.
b) Pro Brasil, então, está bem claro. Na chave F, o time pega na fase inicial, pela ordem, Nova Zelândia (31/08), Grécia (02/09) e Montenegro (04/09). Se avançar, forma o grupo com 4 seleções com os dois primeiros do grupo E (EUA, Turquia, República Tcheca e Japão, do técnico argentino Julio Lamas). EUA e mais alguém, vamos ser claros…
c) Não custa lembrar. O Mundial já qualifica de cara pras Olimpíadas de Tóquio-2020 os sete melhores da seguinte maneira: melhor time africano, os dois melhores das Américas, os dois melhores da Europa, o melhor da Ásia e o melhor da Oceania. Os Pré-Olímpicos de 2020 contarão com 16 equipes e serão espalhados pelo Mundo, e não de forma continental.
Sendo assim, vamos à análise:
1) Em primeiro lugar, vamos com calma. O Brasil tem as suas questões (quais atletas realmente vão jogar o Mundial?) internas, e que não são poucas, para resolver antes de ligar o botão do pânico como andei muita gente dizendo. É um grupo difícil, claro, os melhores jogadores do país são veteranos e naturalmente em uma queda física e técnica, mas está longe de ser o da morte (como é o H, com Canadá, Senegal, Lituânia e Austrália, este sim um terror). Nova Zelândia me parece um adversário "ganhável" (mesmo se o pivô Steven Adams, do Thunder, da NBA, atuar), o mesmo acontecendo com Montenegro, embora esta possua bons jogadores atuando em grandes centros (Nikola Vucevic, do Orlando Magic, da NBA, é o principal deles). A Grécia, com ou sem Giannis Antetokounmpo (ele disse que quer ir, mas a gente sabe que franquias da NBA fazem o diabo com a cabeça de seus principais jogadores…), é o adversário mais forte mesmo.
2) Antes de entrar nos gregos, vou falar de um ponto fundamental. Se em 2016, antes das Olimpíadas do Rio de Janeiro, o caminho dos times era a América, e com isso amistosos de alto nível foram feitos (Argentina, Austrália, Lituânia etc.) pelo país, dessa vez é o contrário. Nenhum time europeu vai pisar por aqui antes de ir pra China. Ou seja: ou a CBB investe pesado (15/20 dias viajando por Europa e Ásia para enfrentar equipes de peso, dando consistência e ritmo de jogo) antes do Brasil pisar na China, ou a preparação pode ficar comprometida. E isso é pra lá de importante sobretudo pensando na chave em que o país se encontra e no caminho visando as quartas-de-final. E explico abaixo.
3) Sobre a Grécia e o futuro da competição para a seleção de Aleksandar Petrovic, vou ser bem claro: ou o Brasil passa com 3-0 para a segunda fase ou as chances de voltar pra casa antes do mata-mata (e a consequente necessidade de jogar o Pré-Olímpico Mundial…) serão gigantescas. E aí explico. Como vai cruzar, na segunda fase, com os EUA e mais alguma seleção (tchecos ou turcos), a chance de vencer os dois jogos nesta etapa é mínima. Vai ganhar um jogo, mesma coisa do outro time da chave inicial (Grécia?) e "igualar" o que foi feito nos três primeiros duelos. Sendo prático:
3.1) Se fizer 2 vitórias e perder da Grécia, brasileiros e gregos enfrentam, por exemplo, turcos e EUA na segunda fase. Caso vençam as partidas contra a Turquia e percam contra os norte-americanos (cenário factível), Grécia e Brasil terminam a segunda etapa do Mundial da China com 4-1 e 3-2, respectivamente. Gregos avançariam às quartas-de-final. Brasileiros voltariam pra casa.
4) Por isso mencionei acima a questão da preparação. É fundamental chegar voando à China. É fundamental levar o que se tem de melhor (leia-se veteranos com experiência). É fundamental ter TUDO bem mapeado para este jogo-chave contra a Grécia. É fundamental não esquecer de Nova Zelândia e Montenegro também. Será bem difícil fazendo tudo certo porque, insisto, o Brasil está LONGE de ser favorito e ter um elenco que pertença ao primeiro escalão do planeta (todo mundo sabe disso, não é uma crítica). Escorregando em algum ponto ficará complicado até avançar da primeira fase.
Acho que o Brasil vai para a segunda fase junto com a Grécia. O que será a partir disso vai depender demais do jogo contra o time de Giannis, craque do Bucks e provável MVP da temporada da NBA, no dia 02 de setembro de 2019.
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