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Bala na Cesta

João Fernando Rossi assume o maior desafio de sua carreira esportiva no marketing do São Paulo

Fábio Balassiano

26/02/2019 05h00

O São Paulo anunciou ontem João Fernando Rossi como seu novo vice-presidente de marketing. Não do basquete. Não do futebol. Mas sim de tudo o que envolve o clube. Pra quem conhece um pouco da história dele no basquete não há muita surpresa pelo sucesso de quase tudo em que se meteu na modalidade na última década, mas talvez pra quem só gosta de futebol e vai parar nesse texto agora vale a pena saber um pouco mais desse cara que passou tantas vezes por aqui (no link TUDO o que foi publicado a seu respeito).

Foi através da mão arrojada e da cabeça criativa de João Fernando Rossi, 53 anos, que o Pinheiros, clube tradicional e até então sem nenhum título de expressão, tornou-se uma das potências do basquete brasileiro nos últimos anos. Unindo um patrocínio fortíssimo (Sky) a doses cavalares de gestão o time faturou um Paulista, uma Liga das Américas e chegou às fases mais agudas de NBB, Torneio Interligas, Liga Sul-Americana e muito mais.

Pra quem não o conhece, um dado bem básico e que fala muito sobre Rossi: ele nunca tem medo de mudar. E quando digo "mudar", por vezes pode ser algo que a gente olha e pensa "o que este cara está pensando?", mas que em dois, três meses o resultado é bem claro. Foi assim quando ele trocou o técnico e fiel escudeiro Claudio Mortari do comando técnico do time. Foi assim quando ele RETORNOU com Claudio para a função de treinador justamente no momento em que o basquete vivia o começo dessa Era de jogo mais acelerado na qual Mortari tanto se insere. Foi assim quando ele também saiu do Pinheiros e muita gente não entendeu. Seus objetivos já tinham sido alcançados. Seu legado, muito claro.

Fora de quadra, suas maiores vitórias vêm não só do Pinheiros, mas da Liga Nacional de Basquete da qual ele é fundador e recém saído do cargo de presidente. A mudança de patamar do produto NBB no período em que ele foi o chefe máximo da LNB é notória, absurda e de se tirar o chapéu. Foi logo depois de sua saída, aliás, que o namoro com o São Paulo para assumir o cargo de gestor do basquete começou. Rossi chamou a atenção de Leco, o presidente tricolor, pela sua visão arejada de mercado e pela forma como ajudou a recolocar o principal campeonato de basquete do Brasil em uma posição de destaque.

Não apenas com jogadores de sucesso, com times muito bons, mas ajudando a envelopar o produto em algo além das quadras. É de Rossi o conceito de entretenimento (você ouvirá muito dele essa palavrinha) que nos dois últimos anos transformou o Jogo das Estrelas do NBB no maior evento esportivo do país. Em 2017 e 2018 a mão de Midas do então presidente trouxe patrocinadores gigantescos para o evento (McDonalds, Starbucks etc.), música com shows de nomes consagrados do país para o intervalo (Jota Quest e Thiaguinho) e arquibancadas lotadas de gente.

Foi da cabeça de Rossi que começou a sair do papel o conceito multiplataforma que hoje permeia tudo o que acontece na Liga Nacional de Basquete. Inconformado por natureza, soube que o acordo com a TV Globo não seria renovado e não buscou a mesma solução para um problema diferente.

Então presidente, começou a costurar acordos não só de exibição do NBB, mas comerciais envolvendo as emissoras que hoje transmitem o campeonato (Band, Fox, ESPN) e também com as redes sociais (Twitter e Facebook) com patrocinadores (Caixa, notadamente). Nunca o brasileiro viu tanto jogo ser exibido como nesta temporada – mais de 70% das partidas encontram-se nas tevês e nas mídias digitais, uma prova que o produto evoluiu, mas sobretudo que quem o "fez nascer" também conseguiu entender que o momento era de abertura, de descentralização, e que se fechar em uma única plataforma era um erro que não poderia acontecer.

No lançamento do conceito multiplataforma em São Paulo para a temporada 2018/2019 Rossi era só sorriso, só felicidade e sabia que ali tinha deixado talvez o seu maior legado como presidente da Liga Nacional. Não pela entrada de grandes patrocinadores. Não pelo Jogo das Estrelas em si. Mas sim por acreditar em uma ideia que desde sempre parecia maluca (seis jogos de basquete transmitidos por semana, algo que JAMAIS pensamos por aqui) e que ele fez por onde operacionalizar para tirá-la do papel com brilhantismo e maestria. Eis outra palavra que ele adora, "operacionalizar". Ótimo com ideias, ele também é incrível em tirar do papel pensamentos até certo ponto insanos para se tornar realidade.

É bem óbvio por onde João Fernando Rossi deve começar a colocar a sua mão. No Morumbi ainda pouco explorado do ponto de vista comercial. Este é meu palpite. Depois, certamente Rossi passará por criação de conteúdo diferenciado para patrocinadores. E, se derem tempo e espaço pra ele, muito mais coisa virá, sobretudo em relação às propriedades do clube ainda pouco exploradas (e este não é um problema do tricolor mas de 99% das agremiações do país).

Se eu bem o conheço sei que seu plano de marketing já se encontra bem desenhado em seu computador e em sua cuca acelerada e em breve as ideias sairão do papel. Espere um São Paulo com a cara de seu novo chefe de marketing – criativo, inconformado, acelerado e também com cada vez mais entretenimento, conteúdo de primeira qualidade e relação bem estreita com patrocinadores.

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