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Bala na Cesta

Da elite ao 330º maior salário da NBA - o que explica a queda de Isaiah Thomas, agora no Nuggets?

Fábio Balassiano

24/09/2018 05h00

Ao final da temporada 2016/2017 na NBA circulava uma grande pergunta: de quanto seria o próximo contrato de Isaiah Thomas (mais detalhes sobre sua história de vida aqui), armador baixinho que à época guiava o Boston Celtics à final de conferência Leste mesmo vivendo um drama pessoal absurdo (a morte da irmã) e atuando sem condição física alguma (quadril). Pra coroar a sua brilhante temporada Isaiah, All-Star no ano anterior e em 2017 também, entrou no segundo time ideal da liga, ou seja, foi eleito entre os 10 melhores da elite do basquete mundial. Um feito incrível, não há dúvida.

O Boston teria que abrir o cofre, né? Mas em menos de dois anos a vida do baixinho de 1,75m mudou – e não para muito melhor, não. Nas férias daquele ano o Boston Celtics decidiu despachar Thomas para Cleveland por Kyrie Irving. Foi um choque para todos o movimento dos verdes, já que Isaiah era o maior ídolo da torcida Celta. Em Ohio ele iria jogar com LeBron, mas antes deveria se recuperar da lesão no quadril. Era voltar, mostrar que estava em forma, conseguir seus números, ir longe com o Cavs e depois assinar o polpudo contrato de sua vida.

A história dele em Ohio, porém, não durou 20 jogos. Alucinado para tentar manter LeBron James ao final do campeonato (algo que acabou não acontecendo), o gerente-geral do Cleveland despachou Isaiah Thomas para o Los Angeles Lakers, onde de cara ele foi avisado que não ficaria ao final do campeonato. Em reconstrução, os Lakers informaram a Isaiah que se ele quisesse o contrato gigante não seria ali que ele ganharia. E o pior: em Los Angeles o camisa 7 jogou razoavelmente bem. Foram 15,6 pontos e 5 assistências nos 26 minutos por jogo em que atuou (17 partidas, sendo 16 delas vindo do banco).

Pra azar de Isaiah, as notícias circulam, os gerentes-gerais se falam e obviamente seu nome estava longe de ser um dos mais comentados do último mercado de agentes-livres. Não havia dúvida sobre seu lado técnico, mas ninguém iria arriscar pagar US$ 30, 25 milhões/ano que fosse para um cara que não conseguiu demonstrar que estava 100% recuperado de uma lesão gravíssima – quadril tirou o nosso Tiago Splitter das quadras, não custa lembrar. Muito natural o movimento dos times mesmo.

Por isso Isaiah acabou em Denver, time que luta para voltar aos playoffs, está longe de todos os holofotes de mídia e onde ganhará US$ 2 milhões na temporada 2018/2019 para ser reserva do não mais que razoável canadense Jamaal Murray. Que mudança, não? No Nuggets Thomas optou por um contrato de uma temporada para mostrar a ele, ao time e ao mercado que, sim, está 100% recuperado da lesão do quadril e que merece ter de volta o patamar que conquistou até 2017.

De todo modo, sua situação agora é no mínimo incômoda. Seu salário é apenas o 330º maior da liga, o menor de sua carreira desde 2013/2014, quando ainda estava no primeiro contrato de sua vida (o de calouro em Sacramento), e para aquele armador de elite de Boston seu status agora é simplesmente de ser um sobrevivente na NBA aos 29 anos.

Como sempre desafiou os prognósticos, Isaiah, escolhido na posição 60 (a última…) do Draft de 2011, com 1,75m e tido como dúvida por 99% dos gerentes-gerais agora, agora quer provar que, sim, está em excelente condição física para, quem sabe, na próxima temporada abocanhar aquele que provavelmente será o último grande contrato de sua vida.

Será que o baixinho consegue dar a volta por cima?

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