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Bala na Cesta

Aposentado há dois anos, Kobe Bryant acorda 4h da manhã para treinar com a filha

Fábio Balassiano

18/09/2018 05h00

Foto: Divulgação Kobe Bryant

Kobe Bryant saiu de cena do basquete profissional em 13 de abril de 2016. Contra o Utah Jazz, ele corou a sua brilhante carreira com 60 pontos, uma atuação épica e um ginásio inteiro a reverenciá-lo em Los Angeles. Dois anos depois, o mítico ex-jogador do Lakers lançou um fundo de investimento voltado para Start-Ups de tecnologia, ganhou um Oscar de melhor curta metragem em animação e… se manteve com uma forma física invejável. Tudo isso pra dar exemplo às suas filhas.

Nesta semana, em entrevista a Lewis Howes, nos Estados Unidos, ele explicou a importância das filhas para estar ainda mais forte e magro em relação ao tempo em que atuava pelo Los Angeles Lakers. Acordar às quatro da manhã para treinar com Natalia, de 15 anos e a mais velha de sua relação com Vanessa Bryant (Gianna, 12, e Bianka, de quase 2, completam o trio), está na ordem do dia. E Kobe explicou como o lado familiar pesou muito para que a forma fosse mantida.

"Nessa questão de me manter em forma eu creio que o meu lado pai falou mais alto do que qualquer outra coisa. É aqui que minhas três filhas entram em cena. Tem o exemplo do que, como pai, eu devo transmitir a elas todos os dias. Basicamente é assim: quero que minhas filhas (Natalia, Gianna e Vanessa) me vejam trabalhando duro todos os dias. Este é o exemplo que quero dar pra elas. Você (Lewis) vai ao estúdio. Eu vou pro ginásio. E elas veem isso. Se não fizesse isso, como poderia ensinar às minhas filhas o que significa lutar e trabalhar duro pra alcançar seus objetivos? Sempre acordei cedo pra treinar quando era atleta, e desde que decidi voltar a arremessar acordo de manhã, minha filha de 15 anos (Natalia) vem comigo às 4 da manhã antes de ir para a escola, bate uma bola, treina, aprende, toma um banho e vai pra escola. Não há cansaço. Há vontade de ir além. Tornou-se uma coisa de pai e filha. E este é o máximo que posso fazer, que é ensiná-la, transmitir valores éticos e de comprometimento com a vida e com o esporte. Não creio que algo possa ser mais relevante do que o valor do trabalho árduo diariamente".

Veja um exemplo do que acontece na casa dos Bryants diariamente com Kobe e Natalia treinando na quadra particular da família:

Ensinar seus truques a jogadores jovens, como Jayson Tatum (Celtics), Candace Parker (Los Angeles Sparks, WNBA) e Giannis Antetokounmpo (Bucks), também tem ajudado Kobe a manter a forma física.

"No começo, quando me aposentei, deixei um pouco de lado isso de exercício, treino, essas coisas. Mas não durou muito porque os caras todos vivem me chamando pra treinar, pra ajudar, pra passar algo. Então o desafio foi: posso voltar a estar em forma? E isso não é fácil, custa muito porque o corpo já não é mais o mesmo e não há meta final. Não estou treinando para conseguir algo em particular, um recorde, um título, uma nova conquista. Como se motivar para fazer isso então? No meu caso, ficou claro que tinha que buscar alguma coisa. Interiormente falando. Disse a mim mesmo que meu objetivo era aumentar meu tamanho (massa muscular) e diminuir meu peso em relação aos meus últimos anos de atleta. Isso foi algo tangível, então eu fui direto para atingir o objetivo", disse.

Foto: Divulgação Academy Awards

O que chama atenção mesmo é que o espírito competitivo e vencedor de Kobe continua lá mesmo depois de cinco títulos, dois ouros olímpicos, um MVP de temporada regular e dois de finais. Se ficasse em casa parado, sentado o dia inteiro olhando pra cima, já seria um pós-carreira épico.

Só que a maneira como Kobe vê a vida é diferente – e admirável. Conhecida como "Mamba Mentality" (Mentalidade Mamba, uma alusão ao seu apelido de Black Mamba), a forma como ele sempre encarou o jogo e os treinamentos fizeram dele um exemplo de dedicação e comprometimento. Treinando muito acima dos demais, superando seus limites e deixando a lição pras próximas gerações de que sem trabalho não há sucesso.

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