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Bala na Cesta

Linha de 4 pontos na NBA? Já tem time treinando assim... e está dando muito certo!

Fábio Balassiano

19/04/2018 06h30

Reprodução Wall Street Journal

Foi logo na pré-temporada que o técnico Brett Brown viu que tinha algo especial nas mãos. Com uma combinação que incluía um pivô gigantesco e com habilidade para arremessar de fora (Joel Embiid), um armador atlético mas que não chuta de longe (Ben Simmons) e três alas bem heterogêneos e com ótima capacidade de arremessar de longe (Dario Saric, JJ Redick e Robert Covington) o treinador do Philadelphia 76ers notou que dentro da possibilidade real de fazer a franquia voltar aos playoffs havia um componente interessante: seus cinco titulares possuíam uma técnica fantástica para passar a bola, espaçar a quadra e tornar as chances de cesta maiores caso conseguissem distanciar a marcação (evitando as dobras).

Foi aí que Brown agiu rápido. Conversou com Bryan Colangelo, o Gerente-Geral do Sixers, e solicitou que uma linha imaginária fosse pintada no Centro de Treinamento do 76ers. Cerca de 1,5m atrás da de três pontos (que está a 7,05m da linha final) então foi desenhada uma espécie de linha de quatro pontos no Philadelphia. A ideia, ao contrário do que muitos podem pensar, não era estimular seu time a arremessar mais de longe, mas sim de espaçar mais a quadra e de começar os ataques mais de longe, dificultando as ações defensivas dos rivais e projetando o ataque de forma mais fluída e ágil.

"Quando olhamos o basquete hoje em dia é difícil fugir do estilo atual de bolas de três pontos. Queremos levar esse estilo a um nível mais alto de eficiência e para termos um maior resultado temos que espaçar a quadra cada vez melhor, dando condição para nossos arremessadores efetuarem seus chutes de três de forma mais livre e menos marcados por nossos adversários", disse recentemente Brett Brown ao Wall Street Journal.

A tática de Brett Brown deu certo. Depois de seis anos o Philadelphia se classificou aos playoffs. E se classificou muito bem, com 52 vitórias, sendo 16 seguidas para fechar a fase de classificação e jogando um dos basquetes mais vistosos da temporada atual da NBA.

O time que enfrenta o Miami Heat hoje à noite na Flórida na terceira partida da primeira rodada do Leste (está 1-1 na série) sem nenhuma coincidência foi o segundo que mais bola passou durante os jogos da NBA (327 passes/jogo), o sexto que mais arremessou de três pontos (29,8 vezes por partida) e o décimo em aproveitamento (36,9%) mesmo sem o seu principal armador (Ben Simmons, provavelmente o calouro do ano) ter convertido uma bola longa sequer (11 tentativas em 81 jogos).

O ataque, que fez incríveis 130 pontos através de 18 bolas de três convertidas na primeira partida da série contra o Miami, produziu 109,8 pontos por jogo (7,2% a mais que em 2016/2017), deu 27,1 assistências/noite (14% a mais que no campeonato anterior) e mesmo com um ritmo mais acelerado e mais passes trocados errou praticamente a mesma coisa (16,5 desperdícios/partida, 1% a menos que em 16/17).

Pensando diferente é que o Sixers deseja voltar da Flórida com no mínimo uma vitória para quem sabe avançar até a final de conferência dos playoffs do Leste pela primeira vez desde a temporada 2000/2001. Ao menos em inovação o time saiu na frente.

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