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Bala na Cesta

Ala do Flamengo, Marquinhos conta os segredos de seu ótimo momento e fala sobre ausência na seleção

Fábio Balassiano

20/02/2018 06h00

Antes do jogo de sábado contra Bauru Marquinhos foi homenageado pela diretoria do Flamengo. O ala completou 200 jogos de NBB com a camisa rubro-negra e recebeu um quadro comemorativo. Na quadra, mais uma atuação pra guardar na galeria das incríveis desta temporada 2017/2018 com o clube da Gávea.

Com o Flamengo perdendo para o atual campeão do NBB, Marquinhos colocou o time em suas costas, fez 10 de seus 23 pontos no terceiro período pra trazer a liderança pra sua equipe e completou o trabalho com seis nos dez minutos finais para sacramentar a vitória por 75-61. Foi mais uma atuação decisiva de alguém que tem 18,1 pontos por jogo de média (a maior do campeonato) e de quem lidera um dos maiores favoritos ao título nesta temporada.

E dá pra explicar o ótimo desempenho de Marquinhos. O camisa 11 resolveu problemas pessoais no final de 2017, começou relacionamento com Mariana Brochado, ex-nadadora e também com enorme história no Flamengo, e se dedicou como nunca à forma física. O blog conversou com ele sobre seu atual momento e, claro, seleção brasileira.

BALA NA CESTA: Você chegou a marca de 200 jogos com o Flamengo e a sensação que fica pra quem te acompanha há mais tempo é que você está no melhor momento da sua carreira. É por aí mesmo?
MARQUINHOS: Ah é, com certeza absoluta. Tive um 2017 um pouco difícil fora da quadra, mas no final tudo se acertou e desde o começo da temporada tenho sido muito feliz dentro da quadra. Tenho me sentido cada vez melhor jogando e com uma forma física incrível. Consegui baixar meu percentual de gordura e estou fazendo uma boa temporada pra ajudar o Flamengo. Não conseguimos o título da Liga Sul-Americana, ficou engasgado, então vamos com tudo aí pra esse título do NBB.

BNC: O que você fez exatamente na parte física pra estar tão bem assim na quadra pra essa temporada?
MARQUINHOS: Eu estou bem mais magro, isso é um fato. Mas pra isso acontecer algumas coisas influenciaram. Primeiro foi o fato de, infelizmente, a gente ter sido eliminado cedo no NBB passado quando perdemos pro Pinheiros nas quartas-de-final. Com isso eu tive um pouco mais de tempo de descanso e, sem ter jogado pela seleção, consegui preparar melhor meu jogo em algumas situações que precisava evoluir. Na parte física eu sabia que precisava melhorar, mas com o calendário mais apertado de antes faltava tempo mesmo. Em 2017 deu certo, e logo que acabou o NBB eu colei nos preparadores físicos do Flamengo pra trabalhar meu físico. É bem visível que estou mais leve, mais solto em quadra. Estou mais magro, perdi percentual de gordura e muito confiante nesta temporada.

Staff Images/Flamengo

BNC: É inevitável te perguntar sobre seleção brasileira. Você é o cestinha do NBB, foi convocado na primeira lista do Petrovic, pediu dispensa devido a uma questão pessoal, mas nessa segunda não figurou. O que aconteceu exatamente? Há algum problema entre você e o treinador da seleção brasileira?
MARQUINHOS: Não há nenhum problema, mas fica totalmente nas mãos do treinador. Quem tem que dar explicação sobre uma convocação ou não é ele. O que tenho que fazer é jogar basquete e respeitar a decisão dele. Infelizmente na época da primeira janela da eliminatória, ali no final de 2017, eu tive uma questão pessoal bem séria pra resolver e tive que me ausentar. Comuniquei isso a CBB, a ele e continuei minha vida no Flamengo. Entendo, também, que essa questão de seleção é muito particular e devemos respeitar. O Petrovic pode estar querendo formar o time dele, da maneira dele e todos precisamos respeitar e apoiar.

BNC: Vocês chegaram a conversar?
MARQUINHOS: Sim, sim. Eu liguei pra ele quando ele me convocou e depois eu expliquei a ele o motivo pelo qual eu não poderia estar jogando com a seleção. Na época ele me disse que eu estaria na próxima convocação, mas acabou não rolando e ele não me explicou. Respeito amplamente e não contesto nada. Falei com o Renato Lamas, Diretor de seleções da CBB, e vida que segue também.

BNC: Sobre seu momento fora de quadra, está tudo certo? Está muito nítido que quando você joga tua feição é de um cara feliz. Fora de quadra também?
MARQUINHOS: Sim, sim. Agora, sim. No final de dezembro consegui resolver minhas questões todas. Estou vivendo um momento muito bom e conseguindo ajudar demais o Flamengo a crescer nesse NBB. Estou conseguindo jogar bem, ser mais agressivo em relação a cesta e também colocando meus companheiros em boas situações de arremesso.

Reprodução: Instagram

BNC: O quanto o começo da sua relação com a Mariana Brochado, ex-nadadora e também figura muito respeitada e com história gigantesca no Flamengo, influencia positivamente pra que você esteja jogando tão bem?
MARQUINHOS: Influencia positivamente pra caramba. É inegável isso. Ela tem sido muito importante pra mim. Tem uma grande parcela pra eu ter conseguido me resolver fora de quadra e me focar apenas no que deve ser focado, que é no basquete, na minha performance, no meu desempenho. A Mari tem me ajudado imensamente nestes últimos meses. Não gosto muito de ficar falando sobre meu aspecto pessoal, mas ela sabe que me ajuda horrores a crescer como pessoa e como profissional.

BNC: Um atleta nunca gosta de admitir que aquele é o seu (dele) time, ainda mais em um Flamengo tão cercado de estrelas como o desta temporada. Mas é muito claro que você está chamando a responsabilidade e liderando a equipe. Em vários momentos do jogo você reúne os caras, conversa, passa orientações, chama jogada…
MARQUINHOS: Você tem razão, mas também há algumas explicações para eu estar me dedicando mais a isso. Estou na minha sexta temporada no Flamengo e a gente vem mudando demais o elenco, algo natural. Nas últimas temporadas a gente mudou o armador direto, e é uma função muito chave, muito importante. Essa temporada é crítica, importante, fundamental e especial pra gente em vários aspectos. Perdemos o NBB passado pela primeira vez, o Marcelinho se despede, o Anderson chegou, está todo mundo aqui com a faca nos dentes pra recuperar algo que já foi nosso. No começo da temporada o David Cubillan (armador venezuelano contratado no começo do campeonato) foi muito cobrado porque ele veio pra liderar o time, e isso é muito difícil. Primeiro ano em um país, sem dominar a língua, tudo isso. É complicado. O Arthur Pecos veio também, e chegou vindo de um time sem tanta pressão de torcida. Logo no começo tivemos a eliminação na Sul-Americana e eu venho tentando ajudar como posso. Conheço o nosso técnico, o José Neto, as jogadas, sei onde os jogadores precisam estar. Não gosto muito dessa palavra liderança porque quase todos aqui possuem esse perfil de líder. Sou um cara experiente que tenta passar pra quem chegou recentemente um pouco do que já passei nesse clube nos últimos anos. Tem dado certo.

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