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Bala na Cesta

Antes desprezado, Erik Spoelstra brilha no Miami e luta pelo prêmio de melhor técnico da temporada

Fábio Balassiano

23/01/2018 06h20

Por uma dessas convenções malucas que acontecem no basquete brasileiro, Erik Spoelstra, de 47 anos, recebeu um carimbo de "pau mandado" quando dirigiu o Miami que tinha LeBron James, Dwyane Wade e Chris Bosh na NBA no começo desta década. Diziam (comentaristas renomados inclusive) que o time só chegava na final devido aos atletas, que Spo não tinha voz ativa alguma e que quem apitava tudo do lado de fora das quadras era mesmo Pat Riley, presidente do Heat. Nem mesmo as quatro finais consecutivas e os dois títulos (2012 e 2013) foram capazes de amenizar as críticas.

O tempo passou, e Erik seguiu em Miami. LeBron James saiu, Dwyane Wade também, Chris Bosh se aposentou devido a problemas de saúde e a base do time hoje gira em torno dos ótimos Goran Dragic e Hassan Whiteside. Os tempos galácticos na Flórida deram lugar a um elenco mais humilde, mais batalhador e menos midiático.

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E o talento de Spoelstra foi colocado em avaliação. Com 27 vitórias e 20 derrotas na quarta posição do Leste, Spo dá a melhor resposta que poderia dar – sem palavras, com campanha positiva e com um basquete tão consistente quanto firme dos dois lados da quadra. Seu nome merece e estará em todas as conversas sobre o melhor técnico da temporada, isso não há a menor dúvida.

Nem mesmo as lesões recentes (o ala-armador titular e um dos principais pontuadores do time, Dion Waiters, por exemplo, perderá o restante da temporada) fizeram o bom basquete do Miami Heat ser freado.

"Não há muito jeito em relação a isso. Temos que nos adaptar exatamente da mesma maneira que todos os times da NBA devem se adaptar quando o tema é lesão de um atleta. Estamos lidando com isso da mesma maneira que outras franquias também estão. Você nunca me verá reclamando sobre isso, e o mais legal de tudo é que os nossos atletas, graças às lesões, têm sido capazes de jogar em diferentes funções, fazer coisas diferentes e estão crescendo como atletas e pessoas com cada nova dificuldade que se apresenta", afirmou Spoelstra em contato exclusivo com o blog.

Ao contrário do que muitos times que perdem suas estrelas fazem, o Miami Heat não entrou em reconstrução. Seguindo a cartilha de Pat Riley, foi possível montar um time mais operário, menos estelar, mas ao mesmo tempo competitivo e comprometido em vencer desde o primeiro dia em que LeBron James de lá saiu após a temporada 2013/2014.

"Aqui no Miami não há muito o que se pensar. Sempre temos expectativas muito altas nesta franquia. Não olhamos pra tabela, pro futuro, pra nada. Queremos apenas continuar nos empurrando para evoluir, para melhorar, para desempenhar as nossas funções cada vez melhor. Daqui a algumas semanas, cinco, seis, sei lá, quero olhar pra trás e ver que estamos melhor do que éramos um tempo atrás. Não me importo muito com a tabela de classificação, mas sim com o fato de conseguir extrair do meu time o máximo de seu potencial. É assim que costumo trabalhar", analisou Spo.

Apesar de não olhar pra tabela, o técnico que dirige o Miami desde 2008/2009 tem uma coisa clara em sua cabeça para o final da temporada regular: ter consistência defensiva daquela que é, hoje, uma das dez melhores marcações do campeonato (permite apenas 45% de conversão dos arremessos dos rivais).

"Olha, se tem uma coisa que eu gostaria muito de ter daqui pra frente é um pouco mais de consistência defensiva por parte do nosso time como um todo. Em algumas noites nos posicionamos e jogamos exatamente como eu quero que a gente jogue. Em outras, parece que nos movemos em direção ao abismo (risos). Torço para conseguirmos jogar o basquete que todos em Miami estão acostumados – com muita luta, dedicação e entrega defensiva. É o que vislumbro daqui pra frente".

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