'Capital do mundo', Nova Iorque vê letão ser o centro das atenções do Knicks na NBA
No Draft de 2015 a torcida do New York Knicks reagiu assim quando o comissário-geral da NBA, Adam Silver, anunciou o nome do atleta que a franquia estaria selecionando com a quarta posição no Draft daquele ano:
Fãs choraram, vaias foram ouvidas no ginásio, a imprensa (salve, Stephen A. Smith!) esperneou, o próprio Carmelo Anthony, então o melhor jogador do time, franziu a testa. Na real, na real mesmo, ninguém entendeu nada quando o nome de Kristaps Porziņģis, letão de 20 anos e 2,21m, foi anunciado para o palco. Era uma mistura de preconceito, desinformação porque o cara era um garoto promissor na Espanha (11 pontos de média aos 18 anos de idade no Sevilla) e também pânico devido aos últimos Drafts pavorosos do New York Knicks.
Mas o fato é que não durou um mês de temporada para todos verem que Porzingis, o tal "gigante letão", não era um jogador tão ruim assim como supunham. Muito pelo contrário. Em 2015/2016, médias de 14,3 pontos e 7,3 rebotes nas 72 partidas em que atuou (todas como titular) como calouro. Em 2016/2017, 18,1 e 7,2. A desenvoltura do camisa 6 e a necessidade fizeram a franquia rever conceitos e mudar um pouco o rumo das coisas.
Contratado para ser o "par perfeito" de Carmelo Anthony, Kristaps Porzingis viu o castelo da equipe ruir aos poucos. Phil Jackson, o cara que o selecionou corajosamente no Draft de 2015, foi demitido. Carmelo pediu para ser trocado (e o foi, para o Thunder). O novo gerente-geral, Steve Mills, chegou e foi logo avisando: "Vamos remodelar a equipe dando as peças para Porzingis brilhar". A dúvida era: o ala-pivô estaria preparado para sair da alcunha de "segunda peça mais importante do time" para O cara de uma equipe em crise desde o começo do século e cuja pressão nova-iorquina é surreal?
A julgar pelo começo de temporada, a resposta é sim. O New York Knicks continua errático, ainda não encontrou bem a sua identidade, mas venceu cinco das últimas seis (a mais recente ontem, em casa, contra o Indiana Pacers por 108-101) e, após perder as três primeiras, agora possui a até certo ponto surpreendente campanha de cinco vitórias em nove jogos. Com exceção do jogo contra o Boston, em que anotou 12 pontos chutando 3/14, Porzingis brilhou intensamente em todos os outros. Na partida de ontem, Porzingis atingiu seu recorde pessoal com 40 pontos, 6 tocos e 8 rebotes mostrando uma desenvoltura e uma agilidade surreais.
Já são sete jogos com 30+ pontos, as incríveis médias de 30,2 pontos (a segunda maior da temporada), 7,8 rebotes, 1,8 tocos, 48,3% nos arremessos e 35,1% nos chutes de fora. Em pontos, rebotes e % de conversão nos arremessos seus índices são os maiores em três anos de NBA. Algumas jogadas, como a que coloco abaixo, impressionam muito pelo seu potencial físico absurdo (ele é longo e ao mesmo tempo rápido) e pela ferocidade com a que ele tem encarado a temporada:
Mais do que números, Porzingis está provando que pode, sim, ser o líder de uma das franquias mais tradicionais da NBA. Em um elenco bem fraco, ele tem feito jogadores como Jarrett Jack, Enes Kanter e Tim Hardaway Jr. performarem melhor do que realmente são. Sua defesa, nem sempre tão boa, dá sinais de evolução. E sem Carmelo Anthony, seus touches estão potencializados, obviamente (seus 14 arremessos por noite saltaram para 22, acréscimo de quase 50%).
Ainda é cedo para saber o que serão de Knicks e Porzingis, mas o começo de temporada do ala de 22 anos é pra lá de empolgante. Na capital do mundo, em uma das franquias mais tradicionais da NBA, quem é o centro das atenções é o letão que veste a camisa 6 do New York Knicks.
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