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Bala na Cesta

Os bastidores da entrevista com Oscar Schmidt e o que vem por aí

Fábio Balassiano

24/05/2017 14h00

Ontem você leu no UOL a entrevista especial com Oscar Schmidt. Quem não viu, pode ver clicando aqui. Acho que o conteúdo é bem bacana, com algumas revelações nunca antes feitas em público (como a da relação ruim com a geração bicampeã mundial e do nascimento de seu filho Felipe quando ele, MANÍACO por treinamento, foi treinar enquanto sua esposa estava em trabalho de parto), e posso antecipar que em muitíssimo breve colocarei o restante do material no blog pra vocês.

Sei, também, que vocês gostam de saber dos bastidores, do que rola por trás das entrevistas, essas coisas. Acho que vale a pena contar.

Em primeiro lugar, não foi fácil conseguir o especial com ele. Por mais que saiba do carinho dele por mim (e é recíproco) e de todas as entrevistas que ele sempre me concedeu de todas as maneiras possíveis (telefone, ao vivo, por e-mail, via WhatsApp, TUDO), Oscar já teve problemas com o UOL e isso ficou muito claro logo no começo do papo quando ele diz "Você fala e o título (do UOL) não tem nada a ver com o que falou". Acertar as datas (eu vinha do Rio, ele mora em São Paulo, precisava conciliar também com o Daniel Neves e o UOL etc.) foi outra dificuldade.

No papo, realizado em um verdadeiro Museu Oscar Schmidt (eu não sabia nem pra onde olhar de tanta coisa fantástica!), um quarto com TODAS as suas camisas, momentos de sua carreira, homenagens e tudo mais com inúmeros sensores de segurança (um deles que apitou inclusive durante a entrevista, gerando uma ligação da Central de Segurança que o dono da casa atendeu às gargalhadas), também estavam Claudio Mortari, convidado por mim por ser o técnico que acompanhou Oscar em quase toda sua carreira e dono de inúmeras histórias com ele, e Neto78, que havia feito uma ilustração do Mão-Treinada e foi entregá-la diretamente ao craque brasileiro. Em um dado momento apareceu Cristina, esposa do Oscar e que também contou belíssimas histórias. O casal iria ao cinema logo depois ("Vou ver aquele 'A Cabana' e sei que vou chorar horrores", ele dizia) e Cris, que trouxe comida para os esfomeados jornalistas ("Oscar, você não serviu nada pros meninos, poxa!"), falava a todo instante para Oscar não se atrasar.

Houve partes engraçadas, como a declaração do Oscar dizendo que ganharia o que LeBron James recebe hoje em dia. Ele me perguntou o que achava disso, e eu, envergonhado, disse que ele não ganharia isso tudo (US$ 25 milhões/ano), no que eu ouvi direto: "Vinte? Cinco a menos que o Lebron… Aaahhh, vai dormir, rapaz. Estou começando a achar que você não entende muito de basquete. Mortari, ele entende de basquete esse menino aí?". Também houve o espanto do Mão Santa quando disse a ele que tenho o DVD do Pan-Americano de 1987 ("Você é um dos poucos que têm isso, hein!"). E uma história de uma discussão acalorada com um jornalista que tentou filmar um treino da seleção brasileira sem autorização.

Dá pra dizer que foi uma honra para mim, Daniel Neves e o cinegrafista Rodrigo Ferreira termos produzido um conteúdo recheado de histórias belíssimas, de exemplos legais no esporte e na vida. Ficamos quase três horas perguntando sobre TUDO a um Oscar que não fugiu de nenhuma pergunta. Deu para vê-lo à vontade e animado por falar tanto.

De minha parte, fico muitíssimo feliz de saber que um ídolo do esporte mundial respeita o meu trabalho, acompanha e me admira. Quando você é respeitado por um ídolo seu, muito provavelmente é porque anda fazendo coisas legais.

No final, ainda ganhei uma relíquia, que foi a camisa do Bala na Cesta autografada por um dos melhores jogadores brasileiros de todos os tempos. Sorte a minha, sem dúvida.

Sobre o blog

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