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Bala na Cesta

Melhor armador do NBB9, Fúlvio faz balanço sincero de sua carreira

Fábio Balassiano

30/04/2017 06h00

Fúlvio Chiantia de Assis é um dos armadores mais completos do país há muito tempo. Com passes certeiros, visão de jogo acima de média e liderança apurada, ele se tornou uma das referências da posição no Brasil neste século. Aos 35 anos e com passagens por Limeira, Mogi, Franca, Uberlândia, Paulistano, Assis, Casa Branca, entre outros, ele é uma das principais armas de Brasília no duelo desta tarde em Bauru válido pelos playoffs do NBB (18h30 com Sportv). Os bauruenses têm 2-1 na série e passarão às semifinais com nova vitória.

Líder em assistências da temporada 2016/2017 do NBB com 7,6 por jogo, ele conversou com o blog sobre sua brilhante carreira e não deixou nenhuma pergunta sem resposta. Suas alegrias, seu legado, suas frustrações, a seleção que não vinha, as mudanças dentro e fora de quadra no basquete. sua rotina, seus arrependimentos. Vale a pena ler com atenção tudo o que Fúlvio tem a dizer.

BALA NA CESTA: Como tem sido essa temporada do NBB pra você? Você fez alguns jogos excelentes e é um dos melhores armadores da temporada. O que você pensa sobre o seu campeonato?
FÚLVIO: Todo mundo brinca comigo que depois que eu virei veterano é que passei a cuidar mais do corpo. Mas é isso mesmo, sabia? A minha disciplina mudou muito na parte física. E as mudanças em Brasília foram essenciais. A chegada do preparador físico Leo, um cara fantástico, me ajudou muito, e isso tem feito a diferença pra mim. Entra, também, o momento, o grupo que joga comigo. Eu sempre gosto de distribuir o jogo, mas em Brasília nesta temporada tenho conseguido arremessar um pouco mais também. Toda mudança gera muita expectativa, e as mudanças em Brasília da temporada passada para essa creio que foram boas para a nossa equipe. Estou muito feliz de estar fazendo uma boa temporada novamente.

BNC: Você falou sobre essa sua qualidade de passar a bola, e essa sua qualidade te faz meio que um professor de outros armadores. O Ricardo Fischer jogou com você em São José e hoje é titular do Flamengo. O Deryk cansa de dizer que aprender incrivelmente com você em Brasília e tantos outros. É algo que, aos 35 anos, te orgulha, ou seja, ser reconhecido pelos seus pares?
FÚLVIO: Fico feliz, lisonjeado e mesmo quando isso não é divulgado eu sei que é a maior vitória que um profissional pode ter. Ouvir de um atleta que ele aprendeu com você, te inspira, isso é maravilhoso. Neste Jogo das Estrelas, em São Paulo, alguns jovens atletas chegaram pra mim e disseram que aprendem muito comigo quando me assistem na quadra, que tentam imitar meus passes, isso é gratificante demais. Esse reconhecimento é gratificante demais. Outra coisa que eu escuto e que gosto muito é quando os pivôs vêm falar comigo. Alguns deles viram pra mim, adversários, e falam: "Quando eu vou jogar com você?". E é verdade mesmo. Eu uso muito os pivôs e falo pra eles que eles precisam me usar como escada. Sei utilizá-los bem, meu primeiro passe é sempre pra eles e fico muito feliz quando ouço alguns deles me dizendo isso. Murilo, Fiorotto, Varejão, agora o Lucas Mariano, tantos outros. Eu gosto de passar o que eu sei, entende? E pra passar você precisa ter a carta branca do seu treinador…

BNC: E quem te deu essa carta-branca pela primeira vez?
FÚLVIO: Eu sempre tive, acredita? Desde as categorias de base. Desde Limeira, onde joguei a base, foi assim.

BNC: Eu sei, mas perdão lhe cortar. Quando você está na base, meio que o grande jogador é o dono do time, tem a liberdade do técnico, o próprio treinador depende muito daquele que é o melhor do grupo. No adulto já é diferente, pois quando você chega tem muitos do mesmo nível e o jovem que chega precisa ganhar espaço, confiança e a liberdade do treinador, entende? Quem foi o primeiro cara que te disse algo do tipo "joga seu jogo que eu seguro as pontas aqui"?
FÚLVIO: Entendi. O primeiro foi o Eduardo Agra (hoje comentarista da ESPN), que foi quem me levou para o Paulistano e era técnico de lá. Eu era primeiro ano de juvenil e ia jogar também o adulto, cujo titular era o Gustavo de Conti, atualmente o técnico do time profissional do Paulistano. Você vê como eu estou velho, Bala (risos). E aí o Agra colocou o Gustavinho, que na época era muito bom e ganhava todos os troféus de base em São Paulo, no banco e eu era o titular. E sempre me dando uma liberdade absurda para criar, para desenvolver meu jogo, para comandar a equipe. Aí eu fui pra Uberlândia com o Carioquinha e logo depois eu fui para Casa Branca, onde tive certo destaque com o Marco Antonio Aga. Ele também me deu total liberdade. Eu era o segundo armador no Paulista, mas já jogando 25, 30 minutos, e aí na Liga Nacional ele me efetivou como titular. Deu o time na minha mão, sabe? Deu carta-branca total, total mesmo. Tinha 19, 20 anos. Com o Daniel Wattfy em Franca os medalhões tinham saído, não tínhamos tanta responsabilidade e eu fui titular também com total possibilidade de jogar como eu gosto. Foi quando eu joguei com o Anderson Varejão. Fizemos um Paulista fantástico. Aquele time era muito bom para todos os jovens aparecerem. Eu surgi pro mercado, o Anderson foi embora pra Europa e assim eu fui para Mogi com o Carlão, um timaço que tinha Demétrius, Brent, Farofa, uma galera experiente e com quem aprendi muito.

BNC: Você tem a cabeça de técnico, né? Todo mundo vê isso. Já pensa nisso pro seu futuro?
FÚLVIO: Não, não. Eu não penso em ser treinador e pra te ser sincero eu não penso em nada ainda para o meu futuro. Eu amo tanto o que eu faço, que é jogar, que eu não coloco nada extra em minha vida no momento. É treinar, estudar, relaxar, me preparar e jogar. Alguns caras me falam: "Vai se preparando". E eu não faço. Gosto de viver isso aqui intensamente. De acordar cedo, ir pra academia, depois pro treino, voltar, almoçar, descansar e nas últimas temporadas isso tudo tem dado muito certo. Eu me dedico a isso, gosto do que eu faço e ainda não penso em nada. Vou jogar até meu corpo pedir arrego. E isso ainda está longe.

BNC: Você nunca teve tantas chances na seleção, né? Por que você acha que isso aconteceu?
FÚLVIO: Em 2004 eu estava jogando muito bem, mas tive uma lesão grave no joelho. Já estava até com uma proposta da Itália em mãos, sabia? Fiquei um ano de recuperação e eu tive uma nova oportunidade em 2007 com o Moncho Monsalve. Ele me viu nos treinos do time que ia ao Sul-Americano e me puxou para a equipe que ia o Pré-Olímpico na Grécia. Só que eu nunca tinha jogado um torneio daquele nível, daquela importância, contra rivais tão duros. E ali eu vi claramente que eu não estava preparado, não estava pronto. Tinha 25 anos, joguei 2 minutos e não rolou. Fui pressionado, perdi duas bolas, me derrubei psicologicamente e ele logo me tirou. Acabou com minha moral e não mais me colocou. Quando voltei desse Pré-Olímpico eu falei pra mim mesmo que tinha que ir jogar na Europa. Por qualquer valor, pra qualquer time, pra qualquer coisa. Eu precisava viajar, jogar fora, pra aprender, pra me desenvolver. Era mais que uma meta, era uma missão mesmo. O Moncho mesmo me disse que precisava me preparar. E eu acredito que tudo é hábito, rotina. Na Itália foi tudo muito bom, experiência incrível, apesar de ter ficado sem receber. No último mês de temporada eu lembro que fui para o Granada, na Liga ACB espanhola. Time mediano, estava pra cair e precisávamos ganhar 3 jogos de 5 pra se salvar. Foi maravilhoso e salvamos o time. Ali eu me senti preparado. Acreditei que voltaria a ser chamado, Bala. O Moncho foi até Granada falar comigo, treinei para a Copa América em 2009 e fui cortado. Naquele ano ele levou apenas o Huertas de armador, e Leandrinho e Duda para ajudarem no revezamento. Ali eu confesso a você que fiquei muito abalado, muito derrubado mesmo.

BNC: Com o técnico Rubén Magnano nunca rolou nada, né?
FÚLVIO: Em 2010 fui pro Sul-Americano com o João Marcelo e tinha esperança do Magnano me chamar para ao menos treinar para o Mundial. Mas não rolou. Depois eu fiz altas temporadas em São José, nunca fui chamado.

BNC: Vocês chegaram a conversar?
FÚLVIO: Não, nada. Nunca chegaram a falar comigo, sabe? Quem me deu muita força nessa época foi o Régis Marrelli, meu técnico em São José. Ele disse pra eu focar em minha defesa, no time, esquecer de seleção. O tempo passou, eu me lesionei de novo, fui pra Brasília, não joguei legal e acho que é isso. Aparentemente já tinha esquecido e aos 33, 34 anos a seleção apareceu novamente. Fui com o time do Sul-Americano em 2016 e aí sim o Magnano veio falar comigo. Me elogiou, disser que eu tinha mudado meu jogo, que passei a atuar dos dois lados da quadra e que ficava feliz por mim. Me botou esperança de eu ficar pro time olímpico, mas eu não caía mais nessa (risos).

BNC: Vou fazer uma pergunta difícil. Você sabe que é o melhor ou um dos melhores armadores do país. Como é o momento quando sai a convocação, você sabe que está entre os melhores, e não vê seu nome na lista do site da CBB? O que passa pela sua cabeça?
FÚLVIO: É um sentimento difícil de explicar. Porque tem época que você sabe que não vai ser chamado. O Magnano tinha muita coerência, isso é inegável. Ele fechou um grupo praticamente desde o início e foi com esse grupo até o final. É verdade também que eu também estava melhor que um determinado armador. Em 2012, por exemplo, a gente foi vice-campeão, eu estava jogando muitíssimo bem, e ele poderia até ter me cortado, mas era obrigação, na minha opinião, ele ter me levado. Eu era merecedor para estar ali. E acho que não fui porque daria dor de cabeça nos treinamentos, entende? Essa é a minha opinião, só isso. Ele precisava me dar aquele direito. Sabe o que o mais incrível? Jogadores de seleção, de renome, vinham falar comigo que eu merecia aquela chance, que eu merecia estar ali. Isso te faz ficar ainda mais chateado, se perguntando o porquê de estar acontecendo aquilo. Mesmo que ele fosse me chamar com a cabeça de cortar. Eu merecia estar ali e ficava muito chateado.

BNC: Quem mais ouvia as suas lamúrias? Sua esposa?
FÚLVIO: Ah, sem dúvida. Ela ouvia desde aquela época e ouve até hoje porque eu sou chato pra caramba. Quando a convocação não vinha conversávamos, ela me dava força, mas teve uma vez que pensei assim: "Chega, eu desisto". Porque isso vai minando a sua cabeça, vai contaminando seu dia a dia e eu preferi deixar de lado. Era mais prudente em minha opinião. Já tinha esquecido de seleção e em 2016 me chamaram de novo. E se acontecer ano que vem eu estou lá de novo. E isso não tem nada a ver com patriotismo, mas sim porque eu amo jogar, amo estar ali e porque é um prêmio ao meu desempenho também. É status, é bom, é reconhecimento, é valorização. Quando você vê que há atletas melhores, a gente releva. Quando não é o caso, fica-se maluco mesmo. Acontece, né, Bala?

BNC: Como você vê o basquete hoje? Em relação ao NBB, por exemplo. Melhorou, né?
FÚLVIO: Muito, muito. Evoluímos bastante na parte técnica com a chegada de inúmeros estrangeiros de qualidade. Depois dá pra falar sobre a estrutura dos ginásios, que melhorou demais também. Vários jogadores novos apareceram, isso é ótimo e fala muito sobre o papel da Liga Nacional de Basquete também. Então acho que tudo está crescendo. Pro NBB ficar aquela liga fantástica acho que demora uns cinco, seis anos devido a crise econômica do país. Você vê times como São José fechando as portas, uma cidade fantástica e que ama esporte. Rio Claro e Limeira a mesma coisa. Isso não é bom. Chateia um pouco. Sempre falta uma coisinha, mas acho que não podemos ficar comparando. Me perguntaram sobre Euroliga, Liga ACB e não tem nada a ver. A seleção é parelha. Mas em termos de ligas, campeonatos, estamos longe ainda.

BNC: E em relação ao basquete mundial, que é um jogo recheado de chutes, chutes de fora, você gosta do que vê hoje em dia?
FÚLVIO: É, então, a NBA é um jogo a parte. É muito físico, tem muito um-contra-um e tem uns caras imarcáveis. Você pega um Russell Westbrook, por exemplo. Ele tem o jogo inteiro na mão dele, todo mundo sabe disso, todo mundo sabe o que ele vai fazer e o cara termina com média de triplo-duplo. Vai lá marcar e vê o que acontece! É difícil pacas. O LeBron James quando que ir pra cesta ninguém para. Steph Curry quando arremessa do meio da quadra e cai. Há alguns casos que até fazem mal quando a gente olha aqui, sabia? O Curry é um deles. Aquilo que ele faz lá tem uns garotos que tentam fazer no treinamento e obviamente dá errado. O cara é um fenômeno e por ser um fenômeno ele pode fazer aquelas doideiras dele. O resto, nós mortais, não (risos). Mas, voltando, eu gosto muito de ver o Chris Paul. O Westbrook eu gostava menos, confesso, mas dei o braço a torcer. Ele é na minha opinião um cara que se fosse pro atletismo também seria o melhor. É um atleta mesmo na acepção da palavra. Mas eu não gosto do estilo de jogo dele. O Chris Paul tem chance de ser campeão jogando no estilo dele. O Westbrook, jogando assim, não.

BNC: Tá doido, Fulvio? Chris Paul nem em final de conferência chegou na vida dele. O Westbrook já foi vice-campeão…
FÚLVIO: Mas jogando com quem, Bala?

BNC: Ah, ok, com o Kevin Durant. Então é uma questão de companheiros, não de qualidade técnica…
FÚLVIO: Sim, ele precisa de mais gente. A bola não precisa ser só dele. O que esse cara está fazendo essa temporada é anormal, é sacanagem, é absurdo. Putz. Quando você vê as médias passadas, Wilt Chamberlain, essas coisas, você acha que nunca mais vai se repetir. Aí pega um Westbrook, um James Harden mesmo fazendo triplo-duplo de 50 pontos, é inacreditável. Ele é um animal mesmo, o Westbrook, eu só não gosto do estilo (risos).

BNC: E a situação do basquete brasileiro fora de quadra, como você vê?
FÚLVIO: É triste, Bala. Eu torço muito pra que essa gestão nova do Guy Peixoto seja eficiente. A maior expectativa é, por ele ser um empresário de sucesso, que consiga transformar a CBB em uma empresa. Ao mesmo tempo a gente sabe bem que a Confederação tem uma dívida monstruosa e que o cara só vai ter abacaxi pra descascar. Esses primeiros quatro anos vão ser só de abacaxi pro cara. Ao mesmo tempo tem competições internacionais pra jogar. Se a suspensão for caçada, né? Ele disse que a gente, os jogadores, vai ser ouvido, isso é legal. O pessoal tem muita coisa a dizer. Tem que ser mais aberto pra depois ele tomar decisão. Não o conheço, mas torço pelo sucesso dele.

BNC: Bom, você sabe o que vou perguntar. Por que vocês atletas demoraram tanto para agir? A situação da CBB está tenebrosa há anos. Vocês leem lá o blog, compartilham as coisas lá do balanço financeiro. Atletas se mobilizam muito pouco, não?
FÚLVIO: O que acontece com muitos atletas é o seguinte: não é que somos submissos, mas é que tem muito peixe pequeno pra brigar com peixe graúdo. Por mais que seja um peixe grande aqui no Brasil, em relação ao mundo eu sou nada pra brigar com os caras lá de cima. Não quero colocar meus amigos de NBA no meio do abacaxi, mas se eles colocarem o problema a coisa muda de figura. O conceito muda, abrange uma mídia diferente do que se o Fúlvio for lá e falar. Pega um cara de NBA que chega e diz: "Bala, é isso aqui, ali, acolá. Eu não aceito isso e tudo mais". Deixa o Anderson falar, o Leandrinho, o Nenê, aí você atinge outro patamar. O problema é que esses caras dependem muito menos de seleção hoje em dia. A gente aqui pode sofrer retaliação, a própria Liga é chancelada pela Confederação. É lógico que a gente tem vontade de meter a boca, mas somos muito pequenos. E mal instruídos também.

BNC: Perfeito. Sendo super claro. Meu blog divulga isso há cinco, seis anos, direto. Vocês leem isso, vocês sabem disso. Não chegam no Nenê, Anderson, Leandrinho, e dizem que eles precisam ser os porta-vozes disso?
FÚLVIO: Isso já foi falado. Mas precisa partir deles também. Veja, não estou criticando os caras, não estou apontando o dedo pra ninguém. Os caras têm as razões deles e certamente tomariam algumas atitudes se estivessem cientes da situação. É complicado. Ficamos a mercê de situações. A gente sempre foi submisso a ordens, sistemas, regras da CBB. Atleta nunca teve opinião e voz para nada. Agora é que passamos a ter voz em conselhos. Você sabe melhor do que eu que o basquete estava morto até a criação da Liga. Isso tudo está melhorando em relação a clubes, contratos, Associações e tudo mais. É atrasado, errado, mas estamos crescendo agora.

BNC: Sua filha tem 4 anos. Você acha que ela direta ou indiretamente fez com que você melhorasse em termos de temperamento? Porque você era um cara difícil…
FÚLVIO: Ah, mas não tenha nenhuma dúvida disso. Cara, Bala, eu vou te contar. Lembro que quando perdia jogos eu chegava em casa maluco, doido mesmo. Ninguém podia falar comigo, sabia? Minha esposa comentava alguma coisa e eu nem falava nada. Do carro pra casa a gente ia mudo. Chegava em casa, me trancava no quarto e ia ver o jogo pra entender o que eu e meu time tínhamos feito de errado. Eu era um grosso, um babaca, né. Aí depois que eu tive minha filha melhorei muito. E era muito feio o que eu fazia. Minha esposa é maravilhosa, paciente, calma, o meu oposto. Às vezes eu quero brigar e ela me deixa falando sozinho, é mole? Já são 12 anos juntos, viveu tudo comigo. A Roberta é incrível. Quando a Giovanna nasceu ainda mais. Não perco minha rotina, mas adaptei. Agora vou pra casa, brinco com elas, bato um papo, elas dormem e… eu vou ver o meu jogo (risos). Faço isso até hoje. Eu tenho os jogos gravados de temporadas passadas, acredita? Pra você ter uma ideia, do infanto-juvenil em diante minha mãe sempre filmou os meus jogos. Ela teve tendinite nos ombros de tanto tempo que ficava com a câmera nos ombros. Eu tenho essas fitas, esses jogos, até hoje. E desde o começo eu sempre via depois das partidas. Minha mãe sempre foi uma grande incentivadora. Tenho certeza que isso me ajudou, me fez evoluir. Jogava a base em Limeira e ela ia, me acompanhava. Coisa de maluco. Sempre fui assim. Eu adoro assistir jogo.

BNC: Por fim: você tem algum arrependimento?
FÚLVIO: Quando eu olho hoje eu posso te dizer claramente que eu não gostei muito da minha trajetória profissional porque eu pinguei muito de clube em clube. Realmente as propostas eram mais interessantes e os clubes também. Teve uma época que eu já estava casado e vi que precisava criar mais raízes. Em São José, por exemplo. Abracei a cidade, o projeto e criei raízes. Quando machuquei em Mogi tive proposta de dois anos e mesmo lesionado preferi sair. Fui pro Ribeirão Preto, me arrependo de não ter permanecido em Mogi. Meu arrependimento único é esse. Sou muito grato e feliz pela trajetória que tive. Me considero um cara abençoado e muito guerreiro por ter superado todas as minhas lesões e dores. Eu amo muito jogar basquete e os amigos que fiz na quadra.

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