Entendendo as saídas de Rubén Magnano e Barbosa das seleções
Pretendia fazer hoje análises técnicas dos desempenhos das seleções brasileiras masculina e feminina no Rio-2016 (algo que trarei até sexta-feira, prometo). Mas ontem à tarde a Confederação Brasileira de Basketball divulgou em seu site que os dois técnicos não terão seus contratos renovados. Tanto Rubén Magnano quanto Antonio Carlos Barbosa deixam as equipes nacionais após as pífias campanhas na Olimpíada do Rio de Janeiro. Dá pra analisar caso a caso. Vamos lá:
1) A não renovação de contrato mais fácil de ser compreendida é a de Antonio Carlos Barbosa. Por dois motivos bem claros: a) Ele será, ao que tudo indica e como este blog antecipou ontem, candidato a presidência da CBB em 2017. Logo, seu quadrado passa a ser outro (o político, e não o técnico) a partir de agora; b) Desde que assumiu a equipe feminina após o imbróglio envolvendo Clubes da LBF e a Confederação no começo do ano, Barbosa dizia que sairia após o Rio-2016 independente do resultado. Ele fora chamado para uma emergência, para uma situação limite, e optou por tentar ajudar mesmo sabendo de todos os problemas e riscos que enfrentaria. Não dá pra dizer que ele foi bem (MUITO pelo contrário), porque um 0-5 em uma Olimpíada em casa é um 0-5, mas de antemão todos tinham plena noção de que a sua saída era pedra cantada. Não foi performance o motivo de sua saída, portanto.
2) O mesmo não se pode dizer de Rubén Magnano. Trazido pela Confederação Brasileira há sete anos como o salvador da pátria para alçar voos maiores com a seleção masculina, o treinador chegou cheio de energia, conquistou uma vaga olímpica que não vinha desde 1996 logo em seu segundo ano de trabalho, falou em mexer com toda a estrutura da modalidade no país por diversas vezes e deixou todos muito animado. Até Londres-2012, ele não foi mal. Depois disso, tornou-se um desastre (muito provavelmente porque viu que dentro dessa gestão de Carlos Nunes na CBB não poderia fazer nada de diferente mesmo). Nas palavras, na quadra, na condução do elenco, em sua visão retrógrada de basquete (e de mundo), em tudo.
E tem mais. Seus resultados em sete anos mostram que, apesar de uma prepotência monumental, ele não foi bem: em Mundiais, um nono lugar (2010) e um sexto (2014); em Olimpíadas, um quinto (2012) e um nono (2016); em Copa América, um vice-campeonato (2011) e dois nonos lugares (2013 e 2015); e em Pan-Americanos, um quinto (2011) e um título (2015). O tal "próximo passo", de avançar às medalhas, a um patamar maior, ele não conseguiu. Some-se ao desempenho ruim com um elenco muito bom o fato de Magnano ter um salário altíssimo. Com o cenário financeiro terrível da CBB, a sua permanência tornou-se inviável. Caso os resultados tivessem vindo, creio que Carlos Nunes e companhia poderiam tentar justificar, ou pleitear junto ao Comitê Olímpico, que já bancou parte do salário de Magnano por um tempo, alguma coisa. Mas sendo eliminado na primeira fase de uma Olimpíada em casa fica impossível passar o pires pro COB, né?
3) Antes de falarmos nos nomes para assumir as equipes nacionais, volto ao ponto do meu texto de semana passada: não adianta nada trocar um técnico pelo outro. Nada. Nada mesmo. O problema do basquete brasileiro chama-se gestão, e para se ter melhoria de gestão você não mexe apenas nas peças, mas sim nos processos, na organização, na ampliação do olhar e na evolução de temas críticos – como a massificação, a capacitação dos treinadores, a falta de comunicação entre dirigentes e atletas, entre outros assuntos essenciais para o bom andamento da modalidade. Com o modus operandi que impera na CBB há 20 anos, com o duo "maravilhoso" formado por Carlos Nunes e Grego, podem contratar Phil Jackson, Gregg Popovich ou Coach K que não adianta. Nossos maiores problemas não estão na quadra, mas sim fora dela.
4) O mais cotado para assumir a seleção masculina é José Neto. Assistente-técnico e homem de confiança de Magnano desde o começo do ciclo do argentino, ele também tem resultados consistentes com o Flamengo (há quatro anos no clube, venceu TODOS os campeonatos possíveis!), entende bem o funcionamento caótico da CBB, conhece bem a maioria dos jogadores que serão fundamentais nos próximos anos (Raulzinho, Felício, Fischer, Augusto, Vitor Benite etc.) e é respeitado por atletas, imprensa e dirigentes. No feminino, não consigo ver nenhum nome capaz de ser alçado a condição de treinador para um ciclo que será desafiador (para dizer o mínimo). E não ter sequer uma pista de quem pode passar a liderar a seleção feminina é um indicador de que não há nenhum nome bom no horizonte.
5) Uma questão importante e que deve ser colocada: aparentemente não serão os sempre sorridentes Vanderlei e Carlos Nunes que irão escolher os novos técnicos das seleções brasileiras. Com eleição marcada para Março de 2017, caberá ao novo presidente a missão de contratar os novos treinadores e montar a sua diretoria com Diretores Técnicos e demais profissionais. Ou seja: só teremos definição, mesmo, no segundo trimestre do próximo ano. Enquanto isso, e até termos um novo mandatário na quebrada CBB, só especulação mesmo.
E você, concorda com as saídas de Rubén Magnano e de Antonio Carlos Barbosa? Quem você gostaria que assumisse a seleção masculina? E a feminina?
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