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Bala na Cesta

O basquete feminino brasileiro e sua crônica da morte anunciada

Fábio Balassiano

12/08/2016 13h00

bra3Chegou ao fim ontem a participação do basquete feminino brasileiro no Rio-2016 na tarde de ontem. O time de Antonio Carlos Barbosa perdeu a quarta seguida no feminino e está eliminado da Olimpíada. Perdeu da França nesta quinta-feira (74-64) e pega a Turquia no sábado pra saber, apenas, se fechará a sua participação no Rio-2016 sem vitória ou com apenas um triunfo.

Não creio que deva perder muito tempo pra fazer uma análise tática de um time que, apesar de ser muito ruim, teve chance de vencer Austrália, Japão, Bielorrússia e também a França. Saiu na frente de todos eles, liderou boa parte dos jogos mas não teve capacidade técnica (fundamentos bizarramente mal trabalhados…), psicológica e tática (que defesa por zona é essa?) para se manter à frente em nenhum dos duelos – nem para se manter na frente e nem para chegar a 70 pontos em nenhuma das quatro pelejas.

bra1E sabem o que é o pior? Não mudará absolutamente nada depois de mais essa tragédia grega (ou nunesca). Falo isso há anos, sem sequer uma pálida perspectiva de mudança. Como as atletas não se posicionam, ficará tudo igual. Ou ficará pior ainda: porque essa geração aí (Adrianinha, Érika, Iziane, Kelly etc.) estará saindo de cena. Se hoje está ruim, em breve ficará pior (por incrível que pareça…). Aliás, aqui vale uma dica: treinar muito (e bem) e reclamar (com força) antes evitam choros e lamentações infrutíferas depois. Só não vê quem não quer – ou quem tem interesse em tapar o sol com a peneira (e haja peneira).

bra4Comecei o texto dizendo que ontem chegou ao fim a trajetória do basquete feminino na Olimpíada, né? Me enganei. Ontem, quinta-feira, 10 de agosto de 2016, chegou ao fim, mesmo, na prática, na realidade, o basquete feminino brasileiro. De tantas glórias, de tantos mitos, de tantas histórias legais, de tantos momentos inesquecíveis, mas tão maltratado, tão sucateado, tão deixado de lado, tão ultrapassado. Nenhuma modalidade resiste a dez anos de resultados internacionais ruins, certo?

bra2É o que tem acontecido com o basquete feminino brasileiro, este mico de proporções absurdas que coleciona 13 derrotas nos últimos 15 jogos de Olimpíada e que não é mais respeitado por NENHUMA seleção deste planeta. Com poucos times profissionais (foram seis na última Liga de Basquete), uma Confederação Brasileira que literalmente anda para as atletas e para a modalidade, jogadoras passivas (apesar do séquito de puxa-sacos que ainda as bajulam…), ínfimos clubes trabalhando na formação dos atletas, técnicos desatualizados e investimentos beirando o bizarro de tão baixos que são, o esporte das meninas não pede mais socorro.

grego1A não ser que tenhamos um fato novo (bem novo), continuaremos a ver as seleções sendo trucidadas em competições internacionais de primeiro nível, campeonatos nacionais horrendos e pouquíssima renovação (de atletas, pensamentos, valores e técnicos). É triste, né? Mas é real. Dourar a pílula é algo que eu decididamente não sei e jamais farei.

dupla1Por fim, deixo aqui as minhas felicitações a quem de direito. Se o objetivo da CBB nos últimos 20 anos era acabar com a modalidade que deu ao país as últimas medalhas realmente relevantes (Atlanta-1996 e Sydney-2000 nas Olimpíadas; Austrália-1994 no Mundial), dou aqui os parabéns, pois ela, a Confederação do duo Grego e Carlos Nunes, conseguiu o que queria. O basquete feminino brasileiro, na realidade, chegou ao final em 2016.

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