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Bala na Cesta

Há 20 anos Seleção Feminina conquistava prata em Atlanta e se despedia da genial Hortência

Fábio Balassiano

04/08/2016 02h00

selecao2Como vocês podem notar, a Olimpíada de Atlanta foi especial para o basquete brasileiro. Em 1996 Oscar Schmidt se aposentou da seleção, e foi neste mesmo ano que a equipe nacional feminina conquistou a sua primeira medalha olímpica. Vindo do título mundial em 1994, na Austrália, o time de Miguel Angelo da Luz teve uma campanha incrível (7 vitórias em 8 jogos), venceu a Ucrânia na semifinal por 81-60, perdeu apenas a final para os Estados Unidos e ficou com a prata 20 anos atrás. Veja um pouquinho:

Aquele torneio olímpico de Atlanta também marcou a despedida de Hortência do basquete (e consequentemente da seleção brasileira. Veja no vídeo abaixo:

hortencia1Integrante do Hall da Fama, Hortência foi cestinha de quatro mundiais, campeã do mundo (1994), Pan-Americana (1991), medalha de prata em Atlanta e fazia de tudo na quadra com a bola nas mãos.

Era leve para perfurar as defesas nas infiltrações, cerebral no um-contra-um, letal nos arremessos longos, concentrada nos lances-livres (seu ritual é conhecido até hoje…) e fria nos momentos cruciais dos jogos.

Pouca gente lembra, mas na Olimpíada de 1996 ela tinha acabado de ser mãe de João Victor, que, 20 anos depois, disputará as provas de adestramento no Rio-2016. Mesmo assim teve 13,3 pontos de média (dois jogos de 20 pontos, inclusive o da semifinal contra a Ucrânia, quando não deu a menor chance para Maryna Tkachenko). Dois anos antes, no Mundial de 1994, Hortência teve 27,7 pontos de média, anotando 20+ pontos em TODOS os oito jogos daquela competição (foi eleita a melhor do campeonato, claro).

hortencia2Por fim, faço também uma mea-culpa importante. No período em que esteve à frente do departamento feminino da Confederação, fui, sem sombra de dúvida, o maior crítico do trabalho dela. Acho de fato que ela não fez um bom trabalho (sobretudo na troca de técnicos), mas olhando hoje o cenário do basquete brasileiro e comparando com a sua passagem dá pra dizer: 1) Com este modelo atual de "gestão" da CBB é impossível que qualquer ser-humano faça um bom trabalho. A falta de competência de Carlos Nunes e companhia é tão surreal que impede qualquer mínimo avanço; 2) Se Hortência errava como Diretora, ao menos ela tentava fazer algo pelo feminino. Hoje em dia, lá dentro da entidade máxima, a modalidade está literalmente largada, jogada às traças, o que é uma pena absoluta; e 3) Como personagem forte do esporte, ela conseguia trazer patrocinadores, mídia e respeito às meninas, algo tão pouco visto atualmente na seleção.

hort4Nada, porém do que aconteceu fora das quadras, mais especificamente na CBB, diminui o tamanho do mito esportivo que foi Hortência, craque até dizer chega (quem não a viu jogar, é possível encontrar alguns de seus ótimos momentos no YouTube).

Hortência é sem dúvida alguma uma das melhores atletas que o basquete já viu em todos os tempos. Uma das mais completas, uma das mais complexas de se desvendar dentro de uma quadra de basquete. Uma das mais imarcáveis de todos os tempos. Daqueles gênios que surgem de 100 em 100 anos. Ela saiu da seleção há 20 anos. O basquete brasileiro nunca mais foi o mesmo.

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