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Bala na Cesta

Analisando a troca que levou Derrick Rose ao Knicks na NBA

Fábio Balassiano

28/06/2016 01h38

No dia 26 de junho de 2008 a torcida de Chicago se animava com isso aqui:

rose1Da Universidade de Memphis chegaria aquele que poderia levar o Bulls de volta aos títulos. O armador Derrick Rose era a promessa de alguém que, vindo das mãos do competente John Calipari (técnico em Memphis), poderia colocar outros jovens talentosos (Joakim Noah e Luol Deng principalmente) no caminho das vitórias. O ano era 2008, o treinador era Vinny Del Negro e a torcida de Chicago voltaria a sonhar.

Oito anos se passaram, os títulos não vieram, Derrick Rose se lesionou muito e na semana passada houve o fim da história entre Chicago e o projeto de herói da franquia (herói que nasceu no Estado de Illinois). O Bulls não dúvida em aceitar uma oferta do Knicks para receber Robin Lopez, Jerian Grant e Jose Calderson por D-Rose e Justin Holiday. A troca pôs fim à Era Rose no Bulls, mas não só isso.

Dá pra analisar essa troca por três lados. Vamos lá:

rose21) Para Derrick Rose -> Para o armador, foi a melhor coisa que poderia ter acontecido em sua vida profissional. Em Chicago, tudo o que acontecia era por causa dele. Se ganhasse, era por mérito dele. Quando perdia, era seu corpo que era culpado. Em Nova Iorque ele será MAIS uma peça no time que é de Carmelo Anthony até o momento. Chegar de leve, como mais uma peça da engrenagem que o Knicks está tentando montar, pode fazer muito bem a ele. A imprensa de NYC é mais "barulhenta" que a de Chicago, isso ninguém duvida, mas o foco estará muito mais em Melo do que no (agora) camisa 25. E vamos combinar uma coisa: em 2015/2016 D-Rose teve as médias de 16,7 pontos e 4,7 assistências em 32 minutos dos 66 jogos que disputou. Se não é o mais confiável dos atletas devido ao acúmulo de suas lesões, não é um talento que possa ser jogado fora, não. Se ele precisava de um pingo de motivação extra, ele acabou de ganhar uma cachoeira para chacoalhar seus ânimos e mostrar que, sim, ainda pode ser efetivo na NBA. Se não como "jogador-franquia", que como uma ótima peça de apoio. Não há demérito algum nisso.

jackson432) Para o Knicks -> Para o time do agora técnico Jeff Hornacek foi uma tacada de mestre. Robin Lopez não passa de um pivô razoável que havia recebido um cheque muito maior do que seu talento poderia supor. Financeiramente o time trocou três salários que somados davam US$ 21 milhões por um só de US$ 21mi – o de Derrick Rose. Com o atenuante que o de Rose é expirante, ou seja, termina em 2016/2017 (o de Lopez vence em 2019). Se Rose for bem, o Knicks tem tudo para renovar com ele e formar um trio de respeito com Rose, Melo e Porziņģis. Além disso, mesmo com D-Rose (e muito por Porziņģis ainda estar em seu contrato de calouro), os Knicks têm apenas US$ 55 milhões comprometidos para a próxima temporada cujo teto deve beirar os US$ 90 milhões. Ou seja: há dinheiro de sobra para buscar um pivô de respeito (fala-se em Pau Gasol ou em Dwight Howard) e mais peças de apoio para um quinteto titular que deve ter D-Rose, Arron Afflalo (se renovar), Carmelo Anthony, Kristaps Porziņģis e o cincão que deve chegar. Aparentemente é um time que jogará no famoso quatro abertos, com quatro caras que atacam muito bem a cesta e que têm arremessos razoáveis e um ser pronto para proteger o aro (mais para D12 do que para Gasol esta última parte). Pode dar certo – sobretudo no Leste. Para quem não tinha pick algum de Draft, Phil Jackson se virou muito bem. Se livrou de salários altos e de atletas cujos rendimentos não são tão altos assim (embora Jerian Grant possa virar um atleta razoável em algum momento), trouxe um ótimo jogador que pode reencontrar o melhor momento de sua carreira na Big Apple e deu mais um passo para formar uma espinha dorsal bem boa em Nova Iorque.

felicio3) Para o Bulls -> Está claro o que a diretoria do Chicago fez. Ela não confiava mais que este núcleo formado por Derrick Rose, Jimmy Butler, Joakim Noah e Luol Deng (este já saiu antes) poderia dar o tão sonhado título ao Bulls. Está partindo, portanto, para o doloroso, longo e nem sempre fácil programa de reconstrução. Vai se desfazer de seus veteranos com valor de mercado, não fará força (ou não terá força) para manter os com contrato expirante (Pau Gasol por exemplo) e vai tentar ao máximo trocar as suas peças por posições de Draft e/ou jogadores jovens e com potencial (foi assim que na noite do Draft quase ficou com Kris Dunn e Zach LaVine, do Minnesota, mas o Wolves não topou incluir LaVine na jogada para ter Butler). Será ruim para os torcedores, mas pode representar uma oportunidade de ouro para os garotos que lá estarão – entre eles o brasileiro Cristiano Felício. De jogadores de garrafão, agora, os Bulls têm apenas ele, Lopez, Nikola Mirotic, Bobby Portis e Taj Gibson, cujo contrato é expirante e cujo valor de mercado é bom (ou seja, pode sair a qualquer momento…). Para a torcida de Illinois, é, mais do que nunca, hora de ter paciência.

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