Tentando compreender a contratação do técnico Luke Walton pelo Lakers
Assim como aconteceu em 2015 quando Alvin Gentry fechou com o New Orleans Pelicans durante os playoffs o Golden State Warriors viu um de seus assistentes anunciando a sua partida no meio da pós-temporada de 2016. Foi Luke Walton, confirmado pelo Los Angeles Lakers como técnico da franquia para as próximas cinco temporadas (salário de US$ 25 milhões no total) no lugar de Byron Scott, demitido na semana passada (analisei a saída dele aqui).
Antes de começar a análise em si, vale dizer três coisas: a) Me choca a pressa da franquia Lakers. Pelo que a imprensa norte-americana divulgou, Luke foi o primeiro a ser entrevistado. Menos de 48h depois foi anunciado. Será mesmo que não valia a pena ouvir outras vozes, comparar estilos, mapear outros candidatos?; b) Como eu também previa, seria BEM difícil que alguém com estofo, bagagem, experiência, topasse assumir essa granada de pino aberto que é a franquia Lakers na atualidade. Talvez por isso a opção tenha sido em alguém que já é assistente técnico da liga (ou seja, conhece bem como as coisas funcionam do lado de fora da quadra) e por alguém jovem que queira crescer na carreira na mesma proporção que os atletas que lá estão; c) Juro não entender essa fixação que a franquia tem com ex-jogadores do próprio time. Esse negócio de "ele entende bem como são as coisas internamente por ali" não cola pra mim. Na verdade, é mais um indicativo que a diretoria da equipe não quer mudar métodos, mas sim apenas as pessoas. O que é pouco, obviamente.
Sobre Luke Walton em si, qualquer grande pensamento técnico sobre ele é prematuro. Prematuro mesmo. Sua experiência se resume a um período curto na Universidade de Memphis em 2011 quando ele ainda era atleta (ficou lá enquanto durou o locaute), a uma passagem pelo time do Lakers na D-League em 2013 e aos dois últimos anos como assistente de Steve Kerr no Golden State Warriors, onde todos dizem que ele faz um estupendo trabalho. Não foi apenas sorte e o fato de o time estar "encaixado", como se diz, que fizeram com que a franquia tivesse a campanha de 39-4 com Walton sentado no banco de reservas enquanto Kerr se recuperava de um problema nas costas. É óbvio que tem muito mérito do cara nisso aí.
Parece ser um técnico de boas ideias, de cabeça arejada, disposto a implantar uma filosofia mais coletiva no Lakers (quando jogador sempre pensou muito coletivamente, cansou de afirmar Phil Jackson, seu técnico por lá nos títulos de 2009 e 2010) e pronto para desenvolver os jovens D'Angelo Russell, Jordan Clarkson, Julius Randle e Larry Nance Jr. . Desde que deem a ele algo que não deram aos outros técnicos que por lá passaram nos últimos anos – tempo. Espero que, além do tempo, a diretoria e os torcedores do Lakers não pensem que a chegada dele fará de uma franquia que não conseguiu nem 30 vitórias nos três últimos campeonatos um timaço como é o Golden State do qual ele, Walton, hoje faz parte. É um erro colossal pensar assim. São realidades BEM diferentes. São elencos BEM diferentes. E são (sobretudo) culturas de franquias BEM diferentes. O Warriors é dirigido pela turma do Vale do Silício, uma galera que privilegia inovação acima de tudo. Em Los Angeles, sabemos, esse negócio de estudar, analisar números e propor coisas até então inimagináveis é visto como peraltice. Nem o estilo de jogo deve ser o mesmo porque as peças possuem características pouco similares.
O mais agora é ter paciência com Luke Walton. Não se sabe, ainda, como será a formação de sua comissão técnica e nem qual o estilo de jogo que ele colocará em prática (espero que ele mexa de cara com a defesa peneira que foi vista nos últimos certames). Seja como for, não é plausível esperar uma grande e rápida revolução no Lakers. É pouco provável, aliás, que uma visita ao playoff aconteça nos dois próximos campeonatos.
Se a franquia tiver calma, pode ser que o jovem treinador transforme um elenco não menos jovem em um grupo vencedor e capaz de disputar grandes jogos lá na frente. No momento, tanto ele quanto os atletas que lá estão enquadram-se na categoria 'aposta'. E com ela (aposta) o melhor remédio para não quebrar a cara lá na frente se chama 'tempo'.
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