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Bala na Cesta

Pela união estável de Wolves e Tom Thibodeau, novo técnico da franquia

Fábio Balassiano

21/04/2016 05h58

tom1Todo mundo sabia que duraria um ano o período sabático de Tom Thibodeau da NBA. Dispensado pelo Chicago ao final da temporada passada (e o Bulls ficou fora do playoff em 2016…), ele seria o mais cortejado dos técnicos no mercado. O Minnesota sabia disso, não esperou muita coisa e foi com força em Thibs, que teve a chancela também de Kevin Garnett, um dos líderes da franquia e com quem trabalhou naquele Boston campeão de 2008.

E aí o Minnesota ofereceu a ele não só o cargo de treinador, mas também o de Presidente de Operações de Basquete. O conhecimento dos problemas entre Thibs e a diretoria do Chicago recentemente ajudaram nisso. Se o negócio era fisgar o treinador devido às suas qualidades como desenvolvedor de talentos (o motivo da contratação), eliminar o problema antigo (no caso ter uma diretoria no meio entre técnico e proprietários) para evitar danos no futuro e a chance de recusa no presente fazia todo sentido. A chance de ter o diálogo em mão única (patrão e ele) animou o profissional de 58 anos. A bagatela de US$ 40 milhões por cinco anos, também. Thibodeau, então, vai ser técnico, gerente-geral, a coisa toda do Wolves, que anunciou o acordo ontem à noite.

thibs1E isso é muito bom. Primeiro, obviamente, porque Thibodeau, um obsessivo por basquete, não virá sozinho. A primeira coisa que ele fez foi contratar Scott Layden, ex-Knicks, Jazz e Spurs, para lhe auxiliar na parte operacional (a de gerente-geral fora das quadras).

Em segundo lugar (e o principal) porque Thibs, excepcional nos treinamentos e brilhante nos ajustes durante os jogos, poderá colocar um grupo absurdamente jovem e talentoso como é o do Minnesota em outro patamar (foram 16 vitórias em 2014/2015 e 29 em 2015/2016).

trio1Os três maiores cestinhas da franquia em 2015/2016 têm menos de 22 anos e isso quer dizer muita coisa. Andrew Wiggins (o talentoso ala canadense teve 20,7 pontos em seu segundo ano), o pivô Karl-Anthony Towns (um espetáculo de novato que teve 18,3 pontos e 10,7 rebotes de média) e Zach LaVine (14,1 pontos em seu segundo ano) são prospectos de jovens atletas que podem (ainda) crescer horrores e que precisam de mais do que um técnico estrategista. Os três precisam de um mentor que deverá exigir deles ao máximo nos treinamentos e lhes ensinar os caminhos para ir longe.

towns1Isso Thibodeau trará para a mesa do Minnesota Timberwolves. Wiggins, Towns e LaVine poderão se tornar estrelas de primeira grandeza (principalmente os dois primeiros) da NBA, mas ainda não o são. Para chegarem lá, terão que, mais do que nunca, ouvir as palavras do novo brilhante comandante e treinar horrores como Thibs gosta. Para a sorte do comandante, pelo que a imprensa norte-americana diz a classe novinha do Minnesota é muito boa de se trabalhar (respeitosa, disciplinada e com fome de resultados), o que diminui a chance de atrito e aumenta a possibilidade da combinação dar muitíssimo certo.

rubio1Além dos três vale citar o armador Ricky Rubio (foto), que pode ser o grande facilitador dos jovens e exercer em quadra a liderança que o novo técnico precisará (o espanhol poderá, como a gente costuma dizer, ser o "treinador do time em quadra"). Outro cara que pode se dar bem é o ala-pivô Gorgui Dieng, que terminou a temporada passada como titular e fez bonito (10,1 pontos e 7,1 rebotes). O senegalês é alto, forte, dedicado e marca muito bem. Ou seja: tem o perfil que o treinador adora (ser funcionário padrão normalmente rende elogios de Thibs). Além deles, Shabazz Muhammad, ala tão talentoso quanto inconstante, e Nemanja Bjelica (ala calouro de 27 anos sem muito espaço com o Sam Mitchell, antigo comandante) podem encontrar espaço na (ainda indefinida) rotação do novo chefe.

thibs1Li que recentemente Tom Thibodeau ficou alguns meses durante o ano passado com Bill Belichick (ambos na foto), técnico do New England Patriots (futebol americano) e se impressionou, como não poderia deixar de ser, com a forma como Tom Brady, o melhor jogador e líder do time, se prepara para as partidas e como comanda a equipe no vestiário. Ouviu de Belichick histórias de como Brady treinou para chegar ao estágio que chegou (4 títulos de SuperBowl e inúmeros recordes) e deixou registrado em sua mente.

towns3Quando foi chamado para a entrevista de emprego do Minnesota Thibs levou o exemplo de Tom Brady para Glen Taylor, dono do Wolves. Disse que consegue visualizar Karl-Anthony Towns sendo para a franquia, que está longe do playoff desde 2004, nos próximos anos o que Brady representa para o Patriots. Ali Taylor sentiu o tamanho da mina de ouro que tem em Towns e como, com Thibodeau, a combinação de um técnico respeitado com um jovem em busca de vitórias faz todo sentido.

Não dá pra prever se Towns será Tom Brady (vencedor, dedicado, inspirador). Se o Minnesota enfim será uma franquia respeitada. O que dá pra dizer é que o Wolves conseguiu o melhor técnico disponível no mercado. E que seu crescimento tem tudo para ser excepcional nos próximos anos.

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