Especial Kobe Bryant: A troca no Draft e o começo no Lakers
No final da temporada 1995/1996 Kobe Bryant já sabia que não voltaria ao Lower Merion High School. Com o fim do segundo grau, caberia a ele decidir qual o seu próximo destino. Centenas de faculdades o queriam por perto, mas Kobe tomou a decisão rapidamente: saltaria o circuito universitário da NCAA como fizera um ano antes Kevin Garnett, ala do Minnesota, e tentaria ir direto para a NBA. Passaria pelo crivo do Draft aos 17 anos, mas ele estava disposto a mostrar nos treinos para as franquias que estava preparado para a melhor liga do planeta.
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Antes de entrar no Draft em si, vale contar uma história que mostra bem como funciona a cabeça de Kobe Bryant. Voltando de Nova Iorque para a Pensilvânia de trem, Kobe avistou uma menina sentada com a sua mãe alguns bancos à frente. O ala de Lower Merion achava que, sim, deveria ir para a NBA direto, sem a necessidade de passar um ou dois anos na NCAA. Seu amigo, o contrário. A maneira de decidirem a parada foi sentando ao lado da menina, que tinha mais ou menos a idade deles (16, 17 anos), explicando a situação e pedindo uma opinião para alguém totalmente de fora. A jovem ouviu atentamente e disse que, embora não soubesse nada de basquete, acreditava que o atleta deveria seguir os seus sentimentos, não ligando para o que os outros pensariam. Kobe cutucou o seu amigo e disse: 'Vou para a NBA'.
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E assim foi feito. Seu agente Arn Tellem comunicou à NBA que Kobe seria inscrito no Draft e passou a levar seu cliente para os treinamentos com as franquias. A história de tudo isso poderia ser diferente se algum dos 12 times à frente do Charlotte Hornets tivesse escolhido Kobe Bryant, mas não aconteceu. Pouca gente sabe, mas o eterno camisa 8/24 do Lakers treinou com os Celtics antes daquele Draft de 26 de junho de 1996 (Allen Iverson foi o primeiro a ser draftado), mas os verdes preferiram gastar a sexta escolha com ninguém menos que Antoine Walker.
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Recebendo pouco interesse do Top-10, o Los Angeles Lakers enxergou em Kobe um produto para o futuro depois de vê-lo treinar com fúria contra Michael Cooper e Larry Drew (ex-jogadores angelinos). Já com um bom time (Shaquille O'Neal, Cedric Ceballos, Eddie Jones e Nick Van Exel jogavam para o técnico Del Harris), Jerry West, ídolo da franquia nas décadas de 60 e 70 e gerente-geral da equipe na década de 90, conversou com o Charlotte e arquitetou a troca com o Charlotte um dia antes do Draft. Já sabendo que Kobe NÃO jogaria no Hornets, West jogou com isso e ofereceu Vlade Divac, pivô de boa técnica e já consolidado na liga, por um menino de 18 anos que até então era uma aposta.
E assim foi feito. O Charlotte selecionou Kobe, que se tornou o jogador mais jovem a ser escolhido (à época) em um Draft da NBA, e cinco minutos depois o trocou para o Los Angeles Lakers. O interessante disso tudo é que por ter menos de 18 anos Bryant não pôde assinar o seu primeiro contrato. A legislação dos Estados Unidos não permitia, e Joe teve que assinar o contrato inicial de quase US$ 4 milhões. No momento de sacramentar a mudança da vida de seu filho, o papai Bryant virou-se para Kobe e disse: "Filho, joguei na quase 10 anos na NBA e nunca vi tanto dinheiro. Boa sorte".
Assim começou a carreira de Kobe Bryant no Lakers. Reservado, não fazia amizades facilmente e iniciou a temporada 1996/1997 no banco de reservas de Eddie Jones, gatilho confiável de Del Harris. Teve média de 7,6 pontos em 15,5 minutos de média, mas já dava alguns sinais de que poderia brilhar mais adiante.
No playoff, teve a chance de brilhar contra o Utah na semifinal de conferência. Abusado, chamou a responsabilidade, mas não se deu muito bem contra os veteranos do Jazz, não. Terminou o jogo 5, o da eliminação angelina, com 4/14, algumas bolas que sequer pegaram no ar, e sendo muito vaiado pela torcida de Salt Lake City. Na entrevista pós-jogo, Kobe, porém, não se fez de rogado: "Errei hoje, errarei amanhã, mas acertarei muitas até o final da minha carreira. Pode escrever".
O desenvolvimento seguiu na temporada seguinte, com Kobe atingindo as médias de 15,4 pontos em 26 minutos (inclusive um incrível de 33 contra o Chicago Bulls de Michael Jordan). Ali acendia uma luz na cabeça da diretoria do Lakers, que pensaria em trocar Eddie Jones, titular da posição, para abrir espaço para o camisa 8, que no ano seguinte já teria a primeira temporada de mais de 20 pontos de média (22,5) de sua carreira. Uma das duplas mais famosas da história do basquete (Kobe-Shaq) começaria a ser formada. A eliminação para o Utah Jazz no playoff cravaria a saída de Del Harris. Phil Jackson chegaria para colocar títulos na carreira do duo, assunto do texto de amanhã.
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