Topo

Bala na Cesta

Neto assimila revés da Liga das Américas, mas quer o NBB pelo Flamengo

Fábio Balassiano

22/03/2016 02h00

neto2Técnico do NBB Brasil mais uma vez em sua carreira, José Neto estava feliz com a festa que a Liga Nacional de Basquete promoveu em Mogi na edição de 2016 do Jogo das Estrelas. O técnico do Flamengo falou comigo sobre o crescimento do NBB, da alegria em fazer parte do evento, do sorteio olímpico para a seleção masculina, mas também de um fato não muito agradável – a derrota do rubro-negro na semana anterior para Bauru, na Liga das Américas, depois de estar vencendo por 17 pontos. O papo com Neto foi muito franco e merece ser lido com atenção. Confiram!

neto1BALA NA CESTA: O que você achou aqui da festa em Mogi das Cruzes? Sente, também, que a cada ano há uma evolução por parte da Liga Nacional de Basquete?
NETO: O bacana é isso, a evolução constante da Liga Nacional. É legal vermos que o basquete está crescendo, um motivo para tudo isso aqui. Pra gente que trabalha com o basquete é muito gratificante ver que nosso esforço, nosso trabalho, está servindo de entretenimento para muita gente. As atividades dos patrocinadores lá fora, algo novo, isso é muito legal. Foi um grande evento em Mogi. Isso é legal, e dá a oportunidade de quem não é familiarizado com o basquete conhecer um pouco mais da modalidade. Os jogadores participaram não só aqui na quadra, mas também fora, com ações sociais. Isso mostra a qualidade e a seriedade do trabalho.

neto3BNC: Sobre seleção brasileira agora. Você é assistente técnico do Rubén Magnano e recentemente saíram os grupos da Olimpíada. Qual a análise que você fez do chaveamento?
NETO: Jogos Olímpicos a gente vê que é jogo único todos os dias. É fundamental que a gente esteja preparado para cada adversário que vamos enfrentar. Temos um grupo dificílimo, lógico, mas em Olimpíada não tem muita escolha, não. Você pode pegar um grupo fácil na fase de classificação, mas depois no mata-mata vem a dificuldade. Ou o contrário. Então quanto a isso estamos tranquilos, pois não esperávamos nada e sabíamos que seria muito complicado mesmo. É pensar jogo a jogo, conhecer bem o adversário, jogar de uma maneira muito específica contra cada um deles e lutar pelo nosso objetivo. Nos últimos anos temos mostrado bom desempenho nas competições de nível mundial, e acredito que na Olimpíada não será diferente.

BNC: Agora vamos falar de uma coisa triste…
NETO: Tem coisa triste?

BNC: Tem, infelizmente tem. É sobre a Liga das Américas. Queria ouvir de você a explicação, se possível, sobre a derrota para Bauru da forma como foi (17 pontos acima faltando 7' minutos no último período). Só acho fundamental não tirar o mérito de Bauru, que virou o jogo e venceu com méritos, mas você sabe que o Flamengo estava com a faca e o queijo na mão pra chegar à final da Liga das Américas.
neto1NETO: A gente foi muito focado para aproveitar o que havíamos feito nas outras etapas – que foi sair em primeiro lugar. Fomos muito focados pois sabíamos que em um Final Four qualquer vacilo pode te fazer perder a chance de disputar um título. E a gente construiu muito bem isso. Começamos muito bem o jogo, mantivemos, abrimos vantagem, mas cinco minutos de erros sucessivos tiraram isso da gente. É como você falou, não dá pra menosprezar a equipe adversária, porque se a gente errasse e eles também a gente teria ganho. Então é difícil te dar um motivo, uma única explicação, porque foi uma somatória de coisas, um conjunto de fatores que nos fizeram perder na Venezuela. Acabamos perdendo o controle do jogo e no basquete é assim mesmo. Você está cinco pontos na frente faltando um minuto e pode perder o jogo. Agora é ter essa consciência, que tínhamos a possibilidade de ganhar e não ganhamos, mas isso não volta mais e temos coisas a conquistar no futuro breve.

neto1BNC: Qual a grande lição que fica da Liga das Américas com esse revés do jeito que foi?
NETO: A gente sempre aprende, né? Eu prefiro aprender com os acertos, mas os erros ensinam muito também. Do jogo o que fica de lição é que se o jogo tem 40 minutos, você tem que jogar muito duro os 40 minutos. Não vou tomar o que aconteceu como uma regra, porque aquilo ali está mais para exceção do que uma regra desde que chegamos ao Flamengo e por tudo o que a gente tem pra fazer. Então não quero colocar muito na nossa cabeça, porque é inevitável que pensemos, mas temos muitas coisas importantes para conquistar e pra pensar. Ficar remoendo isso o tempo todo não vai ajudar.

neto 14-42-22BNC: Já são quatro anos de Flamengo, você é um dos treinadores mais longevos e vitoriosos da história do clube e queria saber o que você visualiza pra sua carreira na próxima temporada.
NETO: Eu penso muito o seguinte: eu tenho que respeitar muito aquele que acredita no meu trabalho. Hoje o Flamengo acredita no meu trabalho e vou me doar ao máximo. De uma certa forma eu acho que pude contribuir com alguma coisa para o basquete do Flamengo, e sei que ainda temos muitas coisas para fazer. Este é meu último ano de contrato, mas ainda há um NBB pela frente e quero estar muito focado nesta missão. O Flamengo nos deu uma oportunidade muito grande de representar o clube, vislumbrar o mundo, como aconteceu, então meu foco é em fazer o melhor pelo clube ainda neste NBB. Depois a gente vê o que acontece.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.