As lições de Gregg Popovich na vitória do Spurs contra o Warriors
A esta altura dos acontecimentos você já deve estar sabendo que o San Antonio Spurs venceu o Golden State Warriors no sábado em casa por 87-79, chegando a 35 vitórias seguidas na temporada 2015/2016 da NBA em casa e jogando uma barbaridade diante de seu torcedor.
Antes de ser trucidado pela massa, vale dizer que o Warriors estava sem Andre Iguodala, Andrew Bogut e Festus Ezeli. São três caras muito bons defensivamente e que dão tranquilidade para os três melhores "atacantes" do time arremessarem (Curry, Klay e Green). Não foi a toa que o Spurs teve 14 rebotes ofensivos, e o Golden State, 7. Fez diferença.
Mas não foi por isso que o Spurs venceu, não. Venceu porque LaMarcus Aldridge jogou muita bola (26 pontos e 13 rebotes). Porque Kawhi Leonard (18 pontos e 14 rebotes) é um craque de bola. Porque Tony Parker ainda sabe ser Tony Parker (matou duas bolas decisivas no final). Venceu porque soube explorar o "nanismo" (de sábado) do rival, anotando 36 de seus 87 pontos dentro do garrafão. Mas ganhou sobretudo porque existe um cidadão chamado Gregg Popovich na beira da quadra para orientar a sua equipe e para deixar um rival que consegue anotar, facilmente, 120 pontos, na casa dos 80 (surreal!).
Pop optou por deixar Tim Duncan no banco (atuou por apenas 8 minutos), com Boris Diaw começando em seu lugar pra fazer com que TODOS os seus jogadores loucamente trocassem em todas as possibilidades contra Steph Curry.
Ou seja: quem estava com Curry não poderia deixá-lo perto do arremesso na linha de três pontos, fosse ele muito alto (Aldridge) ou um ala (Leonard ou Green). Se fosse pra dobrar a marcação, que dobrassem. Não era uma tarefa fácil, obviamente. A dúvida em relação a esta opção com Duncan é se no playoff Popovich fará o mesmo com o maior nome da franquia de todos os tempos (não que eu duvide, mas é uma questão importante).
O motivo da artimanha de Pop foi evitar que Curry chutasse de fora, sua maior arma e certamente o maior temor de quem enfrenta o Golden State hoje em dia. E o objetivo foi alcançado com louvor. Os Warriors fizeram 79 pontos, chutaram 25% de fora (9/36) e Curry teve atuação pra esquecer (ou pra aprender) nos arremessos com 4/18 (1/12 de fora).
Aparentemente Pop encontrou uma fórmula para enfrentar o Golden State. Não que isso surta efeito com todos os 29 times da liga. Pra fazer o que o Spurs fez é preciso muito treino (os cinco jogadores precisam estar muito coordenados para fazer as trocas na marcação) e peças capazes de fazer isso (inteligentes como Diaw, Parker e Aldridge, rápidas como Green e Leonard e com noção de espaço, algo que todos ali têm). Além disso, tirando Tony Parker, Green, Leonard, Aldridge e Diaw têm potencial fisico (São "largos") suficiente para não só cobrir seu marcador da bola (no caso Curry) como, abrindo os braços, evitar que o magriça soltasse a bola rapidamente, evitando que o lado oposto (ou o cara que estava sendo marcado por quem foi "pegar" Steph) estivesse livre.
Quão perfeito foi isso? É só pegar o vídeo do jogo (os melhores momentos ficarão logo aqui abaixo) e ver que em todos os momentos Curry estava coberto por dois marcadores (o "seu" e o da troca), tendo que ou arremessar pressionado ao extremo ou passar a bola para algum companheiro. Se isso não fosse o bastante, o Spurs ainda fez o Warriors pagar por jogar "baixinho" sem pivôs fixos quase que o canto todo municiando Aldridge (25 dos 78 arremessos texanos vieram dele) quase que o tempo todo. Isso se chama perfeição de concepção tática. Isso se chama Gregg Popovich, um gênio do basquete.
Para o Golden State Warriors não foi uma tragédia (vale lembrar desde já que a franquia jogara na noite anterior em Dallas). O time esteve colado no placar e com chance de vencer até o último minuto mesmo jogando muito abaixo do que pode (ou sendo forçado a jogar abaixo do que pode – esta é uma leitura interessante de ser feita também). Não haverá tantas noites mais assim com o genial Steph Curry arremessando como se fosse o Nick Young, sabemos bem, mas não custa o GSW deixar as barbas de molho e estar atento ao que aconteceu no sábado. Qual o contra-argumento para o que fez o Spurs? Há algo que poderia ser feito de diferente? O quanto Andre Iguodala e Andrew Bogut (principalmente) fariam a história ser diferente?
Quem ficou acordado até tarde no sábado pôde ver a sétima derrota do Golden State Warriors na temporada 2015-2016 da NBA (e revés do GSW no certame é algo raro, sabemos bem). Mais do que isso: a partida disputada em San Antonio mostrou que os Spurs estão preparados para o que deve ser uma das melhores finais de conferência dos últimos anos. E o Spurs tem Gregg Popovich, um técnico genial. Pode pesar muito lá na frente.
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