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Bala na Cesta

Sem conquista no passado e perspectiva no futuro, há saída para o Nets?

Fábio Balassiano

17/02/2016 13h00

nets1Todo mundo sabe mais ou menos como foi o roteiro. Antes da temporada 2013/2014 o Brooklyn Nets achou que tinha uma ótima oportunidade de ganhar o Leste: juntou Deron Williams, Joe Johnson, Paul Pierce, Kevin Garnett e Brook Lopez no quinteto titular, fez Jason Kidd o técnico e pensou que poderia duelar de igual para igual contra o Miami Heat, que à época reinava soberano no Leste. No dia 14 de maio de 2014 a sirene tocou, o placar marcou 96-94 para o Heat, a eliminação por 4-1 chegou e o sonho do dono russo Mikhail Prokhorov transformou-se em pesadelo.

joe1Não é que não veio "apenas" o sonhado título da NBA e por consequência a chance de "tomar" do Knicks o coração dos nova-iorquinos. A conta daquele time milionário está sendo paga pelo Brooklyn Nets até os dias de hoje. Estão lá os US$ 27 milhões (do contrato anistiado) de Deron Williams sendo pagos até 2016/2017, os surreais US$ 24 milhões de Joe Johnson (foto) neste campeonato, os malucos US$ 62 milhões para Brook Lopez até 2017/2018 e os assombrosos US$ 48mi para Thaddeus Young até 2018/2019. Se isso por si só não fosse trágico, vale lembrar que a franquia quase não tem pick nos próximos Drafts principalmente devido às negociações que trouxeram Paul Pierce e Kevin Garnett para a Big Apple.

hollins1Em resumo: se o passado não trouxe conquista, o presente não é animador e a perspectiva para o futuro é sombria. Estamos falando de uma franquia que demitiu o seu técnico no meio do certame (Lionel Hollins) e que rifou o gerente-geral (Billy King) porque crê que pode disputar no Leste – o que é uma barbaridade sem tamanho. O elenco do Nets não é bom, mas sim totalmente desbalanceado e que conta com um jogador (Joe Johnson) que precisa sempre ter a bola nas mãos – algo não muito recomendado para quem chuta 40% nesta temporada. Não dá nem para fazer uma análise tática em cima do novo técnico (Tony Brown), porque seria injusto. O time é um arremedo tão grande que suas 14 vitórias em 54 partidas dão bem o tom que vencer não é uma alternativa viável quando o Nets está em quadra, né?

ProkhorovSejamos sinceros: nem por um caminhão russo lotado de dinheiro um agente-livre que esteja pensando em ganhar um título rapidamente pega a sua mala e vai jogar em Brooklyn. Quem fizer isso sabe que deixará o lado esportivo de lado simplesmente para encher a conta bancária de grana (não é errado, mas não creio que Kevin Durant, por exemplo, faria isso). O mais recomendado para o Nets, portanto, é partir para uma reconstrução forte, pesada, daquelas que demoram no mínimo quatro anos. Alguém só precisa avisar ao chefe Prokhorov (foto) perder COM MUITA FORÇA faz parte deste processo.

blatt1Para começar, o Nets precisa de um novo técnico e de um novo gerente-geral. O nome mais provável nisso tudo é o de David Blatt, que é admirado por Prokhorov por sua passagem (olímpica e medalhada) pela seleção da Rússia e porque conseguiria trazer nova mentalidade para a franquia. No Brooklyn Blatt teria a confiança do dono, nenhuma estrela mala a boicotá-lo como foi em Cleveland e tempo para fazer o que achar melhor na NBA. Sinceramente acho um bom negócio para as duas partes (principalmente para a franquia, que dificilmente vai conseguir um técnico renomado nos EUA disposto a entrar nessa barca furada).

trio1Ainda fora de quadra, o time teria que tentar trocar todo o possível por picks nos próximos Drafts. A janela de transferência da NBA fecha amanhã, e o Brooklyn tem a oferecer, de relevantes, o contrato expirante de Joe Johnson, Thaddeus Young e Brook Lopez. Quem está disputando título pode até considerar estas três peças para um tiro curto, e o Nets pode conseguir minimamente escolhas de segunda rodada nos próximos anos. Em português bem claro: qualquer coisa que se possa conseguir por eles ajudará nos próximos Drafts e limpará boa parte da folha salarial. O difícil, mesmo, é encontrar algum time que tope entrar na negociação.

Bojan BogdanovicOutro ponto importante é dar espaço para os jovens valores que estão no elenco (não são muitos, mas há alguns). O principal deles é o croata Bojan Bogdanovic (foto), ala de 26 anos que está em sua segunda temporada com o time). Com 9,4 pontos de média, ele pode ser bem útil em um time organizado e que jogue de maneira mais controlada. Além dele, o ala-armador Rondae Hollis-Jefferson, machucado no momento, pode ser uma razoável peça de rotação no futuro. Não dar tempo de quadra a eles é uma loucura. Se está perdendo com veteranos que jamais irão dar frutos à equipe, que ao menos coloquem os mais jovens, que ainda podem aprender alguma coisa.

russo2Como se vê, o panorama do Brooklyn Nets é pra lá de sombrio. A grande vantagem é que não há pressão de mídia ou torcida – como há com o Knicks de Phil Jackson, por exemplo. Um pouco de paciência por parte do proprietário, boas tacadas para negociar os atuais medalhões por picks de Draft e um técnico com cabeça arejada podem fazer com que o cenário mude. Mas se mudar, é bom ter muito claro que será para o longo prazo. Qualquer pensamento de resultados em até dois anos me parece uma insanidade. E é bom alguém martelar isso na cabeça de Mikhail Prokhorov todos os dias. Do contrário, a equipe ficará sempre no meio do caminho.

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