Augusto Lima dá próximo passo ao assinar com o Real Madrid

Foi assim, no meio do povo, que Augusto Lima se despediu do Murcia no domingo. O ala-pivô brasileiro marcou 15 pontos, apanhou 5 rebotes, terminou com 23 de eficiência e ajudou a (agora ex-) equipe a vencer o Estudiantes por 83-70 (números aqui e vídeo aqui), melhorando na classificação e se colocando perto da zona de playoff (tem 7-9 e está em nono). Aos 24 anos, ele assinou contrato de 4 anos com o Real Madrid e se apresenta ao time da capital esta semana para treinar e já estar à disposição do técnico Pablo Laso para o restante da temporada.

Além dele, brilhou o ala-armador brasileiro Vitor Benite (foto), com 19 pontos, cada vez mais adaptado aos murcianos (9 pontos por jogo em sua temporada de estreia na Europa). Vitor Faverani fez 4 pontos e apanhou 5 rebotes. Outro nome conhecido esteve em quadra. O armador argentino Nicolas Laprovittola, que passou pouco tempo na Lituânia depois de sair do Flamengo, fez seu segundo jogo pelo Estudiantes e terminou a peleja com 10 pontos e 4 assistências. Mas, bem, este texto é sobre Augusto Lima, né? Então vamos lá.

Na última vez que escrevi sobre ele de maneira específica (quando falei de sua brilhante temporada 2014/2015) falei o seguinte: "Seus últimos passos foram muito bons. Agora é esperar que os próximos também o sejam. De seu talento ninguém duvida mais. Caso continue evoluindo, seu futuro será brilhante como já foi a temporada 2014/2015 no Murcia". E foi o que aconteceu. No começo foi o grego Olympiacos que investiu pesado na contratação do brasileiro, mas seu clube não liberou. Desta vez a proposta foi irrecusável para as duas partes e Augusto dará, sim, o seu próximo passo de carreira, o que é uma ótima notícia sem dúvida.

Não custa lembrar que antes de brilhar no Murcia Augusto passou por um período de muitas dúvidas em sua vida profissional. Contratado pelo Málaga como uma espécie de "jóia da coroa", sofreu com uma contusão na coluna (hérnia de disco) que o tirou inclusive do Draft da NBA, onde estava cotado para ser selecionado na primeira rodada (sua queda foi tão brusca que em 2013 ele sequer foi lembrado para a segunda rodada). Era o momento, ali, de repensar muita coisa e de mostrar que, sim, ainda havia nele muito potencial para se apresentado. E foi o que de fato aconteceu desde então.

Sua ida para o poderoso Real Madrid, que ganhou tudo na temporada passada mas que até agora ainda não se encontra muito bem (precisa justamente do que mais Augusto traz – força física no garrafão e agressividade no jogo perto da cesta), é, portanto, um prêmio pela sua recuperação, uma prova de que a sua volta por cima está sendo muito bem feita. É válida, portanto, uma breve comemoração (dele e de sua família), pois é um feito e tanto.

De cara, é impossível saber como será a sua vida em um elenco que conta com muitas estrelas (no garrafão há Andres Nocioni, Felipe Reyes, Gustavo Ayon, Trey Thompkins, Maurice Ndour e Willy Hernangómez) e cuja exigência técnica, psicológica e da torcida por resultados é milhões de vezes maior do que a que ele encontrava em Murcia.

Mas é como disse algumas vezes por aqui: de sua parte capacidade ninguém tem dúvida. Seu arsenal ofensivo, em termos técnicos, cresceu bastante nos últimos anos, seu lado físico anda em dia e sua leitura de jogou também evoluiu incrivelmente, fazendo com que ele tenha se tornado um jogador acima da média para o Murcia e cortejado por grandes clubes.

Agora, para Augusto Lima, é focar em ganhar a confiança do técnico Pablo Laso, aproveitar bem os seus minutos (que não deverão ser imensos logo de cara), se adaptar aos jogos Classe A da Europa (playoffs da Liga ACB, Copa do Rei e Euroliga principalmente) e carimbar de vez o seu passaporte na Olimpíada de 2016 no grupo de Rubén Magnano. Por enquanto, vale dar os parabéns por chegar a um clube deste tamanho e por não ter desistido quando as dificuldades se apresentaram. Conhecendo a exigência que ele mesmo se impõe, é hora de esperar, desde já, pelos próximos passos de sua ótima carreira.