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Bala na Cesta

O fabuloso começo de Paul George na NBA

Fábio Balassiano

02/12/2015 06h02

pacers1Antes da temporada eu fiz a previsão do Leste e falei muito sobre como Chicago e Miami poderiam incomodar o Cleveland (não muito, mas até um certo ponto). Passados quase 20 jogos, o Cavs está lá na liderança da conferência mesmo com 13-4, mas quem está na cola de LeBron James e companhia? Não é o Bulls, muito menos o Heat, mas sim o Indiana Pacers, que tem 11-5 e vem de cinco vitórias consecutivas (oito nos últimos nove jogos também).

george1Não é um bom momento, talvez, para escrever sobre os Pacers devido ao calendário (inicia hoje sequência fora de casa no Oeste contra Clippers, Portland e Utah, e depois Warriors e Heat em casa), mas ignorar o que Paul George tem feito neste começo de campeonato é uma insanidade que eu não posso cometer. Não custa lembrar que nas férias da temporada passada o ala do Pacers se machucou com gravidade em um amistoso dos Estados Unidos, e que em 2014/2015 ele atuou apenas no final (seis partidas apenas). O certame de 2015/2016 é, portanto, o primeiro dele completo pós-lesão.

pg3O primeiro pós-lesão e jogando em uma posição diferente (um ala-pivô "falso", aberto), algo que ele mesmo cansa de afirmar que está tendo que acostumar e que está longe de ser o que ele pensava para a sua carreira (principalmente na defesa, quando precisa bater de frente com "cavalos" como Anthony Davis, Blake Griffin ou Chris Bosh). E como Paul George responde a tanta novidade (a física, a tática e a de elenco, totalmente remodelado em relação ao certame passado)? Com as surreais médias de 27,4 pontos (o quarto entre os cestinhas), 45,9% nos arremessos, 45,5% nas bolas longas , 8,1 rebotes e 4,4 assistências (todos os índices são os melhores de sua carreira). Os últimos três jogos, aliás, foram de um brilhantismo incrível, com PG atingindo 40+8 contra o Washington, 33+8 contra o Chicago e 39+4 contra o Lakers.

pg1Em quadra conseguimos ver isso muito bem. Seu jogo está mais agressivo perto da cesta e não tão focado nos arremessos de média distância, sua antiga especialidade (vide figura ao lado). Cerca de 40% de seus arremessos convertidos saíram de dentro do garrafão (em uma prova que ao menos ele tem tentado se adaptar à novidade que o técnico Frank Vogel lhe apresentou). Outro ponto importante: jogando contra rivais mais pesados, George tem tentado fortemente os chutes das extremidades da quadra (os corner-shots). Nos números, 34% dos tiros convertidos vieram assim, e do lado direito o aproveitamento é excpecional (71%). São, aliás, sete bolas longas por partida, maior marca de sua carreira. Se ele era muito bom jogando na posição 3, atuando de ala-pivô ele consegue ser ainda mais letal.

pg5É óbvio, também, que George não joga sozinho. Coletivamente o time tem tentado jogar de forma mais espaçada (e rápida) no ataque, tendo sucesso principalmente quando George consegue atacar a cesta antes que a marcação rival concentre esforços em cima dele (não é raro, inclusive, vê-lo chutando de longe em contra-ataque). São 101,8 pontos/jogo por isso, mas o grande destaque mesmo fica com a ótima defesa. Os Pacers levam apenas 95,6 pontos/jogo, com apenas 35,9 arremessos convertidos pelos adversários por noite (43% de conversão para os oponentes, quinto melhor índice da liga).

miles1Individidualmente vale falar de CJ Miles (foto), o novo titular da posição 3, que contribui com 15,4 pontos. Outro recém-chegado, Monta Ellis entra em cena com 12,8 (ele parece um pouco tímido ainda na equipe para pontuar, mas tem passado bem a bola e soma 5,3 assistências/jogo, melhor marca da equipe). George Hill, bem melhor que no campeonato passado, tem 13,2. Completam a rotação do excelente Frank Vogel os pivôs Jordan Hill e Ian Mahinmi, o armador reserva Rodney Stuckey e os alas Chase Budinger, Lavoy Allen, Glenn Robinson III e o calouro Myles Turner (ala-pivô que parece ter bom futuro).

george1Lendo o parágrafo acima a gente lê que o Indiana está longe de ser um esquadrão. Eu mesmo não creio que os Pacers consigam segurar a onda por tanto tempo (está aí esta série de cinco jogos pra lá de difícil que começa hoje) ou em um eventual duelo contra o Cleveland em até sete jogos de playoff.

Independente disso, é maravilhoso constatar que Paul George está conseguindo superar, em termos técnicos, a qualidade apresentada antes de sua grave lesão.

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