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Bala na Cesta

O decepcionante começo do Memphis Grizzlies na NBA

Fábio Balassiano

09/11/2015 00h27

grizz2Escrevi antes da temporada que ver o Memphis jogar é relembrar os velhos tempos da NBA. É a tal da contracultura que o Grizzlies ainda tenta aplicar nos dias de hoje com uma marcação sufocante, dois pivôs pesados, poucas bolas de três e quase nenhuma velocidade para armar os contra-ataques. É esse conjunto de fatores que os torna apaixonantes.

O problema do Memphis é que se a "alavanca" principal de seu basquete não funciona o resultado final será uma porcaria. Sem dourar a pílula, o básico é: se esse time não defender MUITO, nada feito. O ataque não é um primor e não vai conseguir segurar a onda em uma partida de NBA (ao contrário do Golden State, que faz muito bem as duas coisas – marcar e pontuar).

grizz4O que tem acontecido neste começo de temporada é justamente isso – com uma marcação tenebrosa, o Grizzlies tem 3-4 e muita gente já coloca o técnico David Joerger (foto), há duas campanhas com a franquia (ambas com 50+ vitórias), perto da demissão (o nome de Tom Thibodeau já começa a ser bastante falado no Tennessee aliás).

O ataque do time de fato não se encontra, anotando apenas 90 pontos/jogo (8 a menos que em 2014/2015). Mas vendo um jogo da equipe a gente entende que o sistema ofensivo "trava" porque a marcação não consegue segurar (ou amassar) os adversários. Sendo assim, a pressão para pontuar fica imensa, e, com exceção de Zach Randolph e Mike Conley, não há ninguém por ali que consiga criar (com qualidade) seu próprio arremesso (com boa dose de conversão). A defesa adversária, então, concentra esforços em Z-Bo, dobra no armador Conley e está praticamente tudo resolvido.

grizz5Foi assim que o Cleveland bateu o Memphis por 30 pontos na abertura do certame. Foi assim que o Golden State passou o carro e abriu 50 há uma semana. Foi assim quando o Portland fez uma chuva de bolas de três pontos (12) e ganhou de 19 (o Portland, o time mais "barato" da liga). Foi assim, também, que o jovem-e-instável time do Utah, mesmo desperdiçando 12 bolas, conseguiu bater o Grizzlies por 9 no último sábado.

grizz3Chega a ser bizarro ver um time que tem Tony Allen, Mike Conley e Marc Gasol levando 101 pontos por jogo (10% a mais que em 2014/2015) como está acontecendo neste início de temporada. Iniciar um certame "devagar" a gente até entende. Mas totalmente alienado, voando, sem saber como reagir é diferente – e é o que parece estar ocorrendo em Memphis. A defesa ficou tão frouxa, tão mole, que os adversários hoje pontuam diante do Grizzlies com uma facilidade não vista há anos. São 47% de conversão nos arremessos de quadra, 42% nos tiros de fora (é o pior índice de perímetro da liga) e a marca de 1,67 assistência por desperdício de bola dos rivais no ataque.

grizz1Para piorar as coisas, o calendário de novembro reserva grandes adversários pela frente. Logo mais há o Los Angeles Clippers na Califórnia. Na quarta-feira, o temível Golden State Warriors em casa. Até o final do mês, Portland, Oklahoma, Houston duas vezes, San Antonio, Dallas e Atlanta (todos que jogaram o playoff na temporada passada).

Se o começo está sendo ruim, o último mês do ano pode começar ainda pior para o Memphis caso o time não se acerte, defendendo como sabemos que eles podem defender. Sem marcar, a tendência é o treinador David Joerger continuar a ser fritado e a tal da contracultura da NBA ficar cada vez mais deixada de lado. Vale a pena conferir as cenas dos próximos capítulos do Grizzlies.

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