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Bala na Cesta

Com 4-2, dá pra esperar que o Portland vá longe na NBA?

Fábio Balassiano

08/11/2015 01h29

portlandSe teve um time que mudou bastante da temporada 2014/2015 para esta foi o Portland Trail Blazers. Dos cinco titulares do campeonato passado (foto ao lado), apenas o armador Damian Lillard (o do centro) ficou. Wes Matthews foi para Dallas. LaMacrus Aldridge, San Antonio. Robin Lopez, Nova Iorque (Knicks). Nicolas Batum, (trocado) para Charlotte.

Quatro dos cinco que iniciavam as partidas mudavam de ares e a dúvida na turma era se a Oregon partiria para a reconstrução total ou se tentaria, mesmo com um elenco remodelado, brigar de igual para igual no selvagem Oeste.

lillard2A julgar pelo começo do campeonato, os Blazers, do bom técnico Terry Stotts, optaram por lutar com todas as forças que têm mesmo – o que é pra lá de louvável. O time, que enfrenta hoje (meia-noite) o Detroit Pistons (4-1) em casa, tem 4-2, vem de três vitórias seguidas (Minnesota e Utah longe do lar e do Memphis por 115-96 diante de sua torcida) e marcou 100+ pontos em todos os seus triunfos na temporada 2015/2016 da NBA. O astro segue sendo o animado Damian Lillard (foto), autor de 27,3 pontos, 6,7 assistências e líder de todas as ações ofensivas da equipe, mas o Portland tem mostrado muito mais do que isso.

mccollumIndividualmente falando, porém, ninguém chama mais atenção que o espevitado C.J. McCollum. No elenco há três temporadas, apenas neste campeonato ele vem ganhando tempo de quadra (em 2014/2015, 15,3 minutos/jogo). Ganhando rodagem e mostrando que está pronto para brilhar. Em seis jogos, o ala tem 22,2 pontos (47% de aproveitamento nos arremessos), 4,3 rebotes, 3,5 assistências e 18 bolas de três convertidas para ninguém sentir saudades de Wes Matthews em Oregon. Aparentemente o problema na posição 2 está solucionado para o Portland.

aminuCompleta o perímetro outra boa surpresa. O atlético ala Al-Farouq Aminu está na NBA há cinco temporadas e desde que lá chegou sempre foi visto como um ótimo potencial atlético sem conseguir desenvolver a parte técnica (algo muito familiar por lá, diga-se de passagem). No Portland, em um sistema de ataque mais fluído e com duas "iscas" (Lillard e McCollum), suas deficiências ficam "escondidas" e o melhor de seu jogo acaba aparecendo. Marcando como poucos fora do garrafão e ajudando nas dobras perto da cesta, Aminu acaba sendo o líder do time em rebotes (8,7) e contribui também com 13,7 pontos e 42,9% nas bolas de fora. É, sem dúvida alguma, uma história e tanto. Ano passado, em Dallas, o técnico Rick Carlisle elogiava bastante suas performances, mas ao mesmo tempo não o utilizava tanto nos momentos mais críticos. No Blazers, Stotts não só mantém o camisa 8 em quadra como chama jogadas para ele.

terryCompletam o quinteto titular o pivô Mason Plumlee e o ala-pivô Meyers Leonard, justamente os que menos jogam (25,8 e 24,2 minutos, respectivamente). No banco, o antigo calcanhar de aquiles da equipe, estão o bom Ed Davis (6 pontos e 8,2 rebotes), o surpreendente Maurice Harkless (ex-Orlando, ele tem 9 pontos e 43% nas bolas de fora até o momento), Allen Crabbe e Noah Vonleh (envolvido na troca que tirou o bom Nicolas Batum de Portland) como a base do técnico Stotts (todos eles jogando 14 minutos ou mais). Como se vê, está longe de ser um esquadrão, um elenco que mete medo em muita gente (ainda mais no Oeste). O surpreendente da coisa é que o Portland tem conseguido se manter de pé neste primeiro mês de liga ao contrário do que muitos (quase todos?) esperavam.

NBA: Preseason-Portland Trail Blazers at Los Angeles LakersColetivamente o time mantém o mesmo estilo da temporada passada (ou seja, a identidade, em que pese as peças diferentes, continua por lá). Os 84,3 arremessos tentados são idênticos aos 85,9 de 2014/2015. O ataque continua funcionando muito bem, anotando 103,8 por noite, com direito a 10,7 bolas de três convertidas por noite (terceiro maior volume da liga) e aproveitamento de 37,4%. O único problema é que a maior parte das jogadas vem das isolações de Lillard ou McCollum, motivo pelo qual são apenas 19,5 assistências/jogo (os dois estão entre os 10 primeiros que mais utilizam esta jogada na temporada) e apenas 268 passes trocados por partida (sexta pior marca). Não é algo assustadoramente ruim, mas a equipe não pode depender tanto assim de tática cujo % de conversão são muito baixas (tradicionalmente no basquete atual).

mccollum5De todo modo, pouca gente nota, mas o Portland tem a menor folha salarial da NBA nesta temporada (incríveis US$ 40 milhões, surreais US$ 70mi a menos que os US$ 110mi que o Cleveland gasta). Mesmo assim, os Blazers mostram, ao menos neste começo de campeonato (estou frisando isso o texto inteiro porque de fato está muito cedo…), que dá para tentar ser feliz com pouco investimento. A montagem do time foi bem pensada e as declarações de Damian Lillard ("Não descartem nosso time", afirmou antes da temporada) parecem fazer sentido.

NBA: Preseason-Utah Jazz at Portland Trail BlazersPode ser que a falta de um banco de reservas mais numeroso ou um garrafão mais potente façam o Portland cair na tabela de classificação daqui a alguns meses (ou dias), mas até o momento tem sido muito bacana ver a equipe lutar para conseguir as vitórias em um campeonato que parecia ser fadado a ser o primeiro da reconstrução (leia-se cheio de derrotas para um eventual bom pick no Draft de 2016). É ótimo saber que um bom rebuild (reconstrução) pode, sim, ser feito recrutando bons valores e apostando em atletas escolhidos em anos anteriores pela própria equipe.

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