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Bala na Cesta

Oscar Schmidt: 'Brasil vai conquistar medalha no Rio-2016'

Fábio Balassiano

29/09/2015 01h47

oscar2Entre todos os jogadores na quadra e os ex-jogadores na plateia, um nome foi o mais aplaudido – o de Oscar Schmidt. Usando as suas já conhecidas blusas de futebol americano, o Mão Santa chegou ao Ibirapuera na sexta-feira e foi parado para fotos a cada segundo.

Atendeu a todas as crianças e adultos com a maior paciência do mundo. Quando solicitei uma entrevista, ele disse: "Senta aqui rápido e começa a perguntar. Eu vou tirando foto com a garotada e te respondendo". Confira o papo com um dos maiores ídolos do basquete brasileiro.

oscar1BALA NA CESTA: Qual o seu sentimento de voltar a ver um jogo no mesmo ginásio em que você ajudou o Sírio a conquistar o Mundial Interclubes em 1979?
OSCAR SCHMIDT: Aquele dia em 1979 foi extraordinário, impressionante, algo que realmente eu jamais esqueço. Entrei no Ibirapuera e me emocionei bastante ao lembrar do feito que conseguimos com o Sírio em 1979. A primeira pessoa que vi quando entrei aqui foi o Cláudio Mortari, meu técnico naquele torneio. Nem precisamos falar, só nos olhamos porque estávamos pensando na mesma coisa. Minha vida mudou por causa daquele jogo, sabia? Por causa daquele jogo eu fui para a Europa, fui contratado pela Itália. É uma emoção inesquecível.

sirio1BNC: O que você mais lembra daquele torneio de 1979?
OSCAR: Da invasão de quadra no apito final sem dúvida alguma. Do jogo eu lembro pouco, mas da invasão de quadra e de sermos carregados por aquele mar de gente, sim. Uma cena que não existe mais, que é difícil de vermos. E aquilo aconteceu porque faltando três segundos saiu uma falta, o jogo parou para enxugar a quadra e as pessoas começaram a vibrar e se aglomerar perto da quadra. Quando o cronômetro zerou os caras já estavam quase que dentro da quadra para nos abraçar. É algo que não deve acontecer, mas foi lindo.

oscar1BNC: É inevitável falar de seleção com você. Pelo que você está sentindo, o que esperar do time masculino para o Rio-2016?
OSCAR: Sou bastante crítico do que tem acontecido na seleção brasileira, você sabe disso, mas não é hora de eu ficar criticando, não. É hora de apoiar, unir forças e pensar positivo. Acho que este grupo de jogadores tem todos os elementos para conquistar uma medalha no Rio em 2016. E acho que vai conquistar, pode escrever aí. Quem sabe até chegue a uma final contra os Estados Unidos. Já imaginou que máximo que seria? É um feito que minha geração chegou perto, mas não conseguiu. O basquete brasileiro precisa voltar a ganhar medalha em uma Olimpíada e acho que chegou a hora. Jogar em casa, com o apoio da torcida, ajudará muito. Não foi bem na Copa América, não gostei de muitas coisas, mas prefiro não ficar criticando.

oscarBNC: Muita gente critica a sua geração por ter arremessado muito de três, mas de uns tempos pra cá vemos uma retomada grande de times chutando bastante de longe. O próprio campeão da NBA, o Golden State Warriors, baseia seu jogo em atiradores de elite no jogo exterior…
OSCAR: Meu amigo, a gente jogava igual ao que se joga na NBA hoje. Trinta anos atrás. Ou éramos malucos ou éramos visionários, né? Aí cada um escolhe o que quiser falar. A gente jogava mandando bala (ele ri e me aponta). Mas pra jogar assim tem que fazer duas coisas: 1) treinar pra cacete; e 2) correr muito para pegar rebote. Era o que nossos times faziam. O que há de errado nisso? A gente treinava muito. Quem não treina não vai meter bola. Já vi vídeos daquele menino do Golden State, o Stephen Curry, e o cara é uma máquina. Seu arremesso tem uma mecânica perfeita. Você acha que ele nasceu com aquilo? Claro que não. É treino, repetição. Pergunta lá ao Mortari quantas bolas de três a gente treinava. É matemático isso. Você treina, você acerta.

oscar1BNC: Por fim, como está a sua saúde? É inevitável perguntar isso, me desculpe…
OSCAR: Desculpar o quê, rapaz? Eu estou ótimo, estou bem, não tenho problema nenhum em falar disso. Minha saúda está em perfeito estado, tudo na boa mesmo. Está tudo bem, melhor do que antes. Você acha que eu, que fiz tantos pontos na minha vida, vou ser derrubado por um pontinho de merda? Não vai nada, rapaz. Nos veremos no Rio de Janeiro em 2016 nas Olimpíadas.

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