Topo

Bala na Cesta

Breves notas do domingo no Ibirapuera

Fábio Balassiano

27/09/2015 19h28

pablo1Aqui vão as minhas notas deste domingo no ginásio do Ibirapuera:

1) Que simpatia o treinador Pablo Laso, do Real Madrid. Estava enfurecido à beira da quadra com seu time, mas na coletiva deu respostas claras sobre todos os questionamentos. Afirmou que valoriza, mais que a conquista do Real, o fato de que para jogar um Mundial Interclubes um time precisa passar por um caminho imenso (tal qual Bauru), que adoraria que a competição fosse com mais times (embora o calendário não permita muitas aventuras) e que conseguir a temporada perfeita é algo extremamente difícil. Evitou comparações com os melhores times da história do continente ("Queremos ser conhecidos apenas como Real Madrid") e exaltou as qualidades intangíveis de Andres Nocioni: "Há coisas que você treina, e há coisas que estão no interior da pessoa. Quando o trouxemos para o Madrid sabíamos de suas qualidades técnicas, mas queríamos mesmo era o que a sua alma poderia trazer para este elenco. É um profissional excepcional e com uma vontade assustadora".

2) No segundo período Gustavo Ayón saiu de quadra. Reclamou da arbitragem sentado no banco. Pablo Laso pediu que ficasse calmo. Ayón continuou reclamando. A arbitragem lhe deu uma falta técnica. Laso não teve dúvida e gritou: "Filho da… O que você está pensando? Isso aqui vale título e não admito o que você fez". O mexicano não deu uma palavra…

doncic13) Que futuro tem este menino Luka Doncic (foto), hein! Aos 16 anos, o esloveno de 1,96m já faz parte da rotação do Real Madrid e é tratado (justamente) como uma joia pelos merengues. Com o rosto recheado de espinhas, ele tem ótima visão de jogo, aparentemente ouve tudo o que lhe falam (Andres Nocioni e Rudy Fernandez ficaram o jogo inteiro no banco lhe explicando as situações de quadra) e tem muita personalidade. Vale a pena ficar de olho em seus próximos movimentos. Vale lembrar que em 2014, em um Europeu Sub16, Doncic teve 35,4 pontos de média e foi (obviamente) o MVP da competição.

4) A piada que corria na área de imprensa, meio de brincadeira, meio de verdade, é que Doncic nem na Liga de Desenvolvimento entraria no Brasil por ser muito jovem (a LDB é Sub-22). Que dirá nos times adultos, recheados de veteranos e sem espaço para os mais jovens. Na sexta-feira conversei com um membro da comissão técnica do Real Madrid e lhe perguntei se Doncic estava no time adulto para ganhar experiência. Ele disse: "Rodagem ele ganha nos times de baixo, na Euroliga Júnior. Se está no time adulto é para fazer parte da rotação e porque está preparado". Me assustei e achei que era discurso. Doncic jogou 25 minutos em dois jogos de Intercontinental. Magnífico, não?

ibira15) Chamou a atenção a ausência do presidente da Liga Nacional de Basquete. Cássio Roque não compareceu ao Ibirapuera nem sexta e nem no domingo. Rubén Magnano e Vanderlei, da seleção masculina, tampouco estiveram no ginásio (a ausência dos dois não surpreende, aliás…).

6) Ótimo público no Ibirapuera neste domingo, aliás. Não sei o número oficial, mas creio ter chegado ou passado nos 8,5 mil. Pensando que não era um time de São Paulo (capital), no horário e no estágio ainda em desenvolvimento do basquete eu considero um ótimo número. Na sexta-feira foram 4,5 mil no Ibirapuera.

ric17) O Ibirapuera, aliás, não conseguiu ver festa dos times da casa em suas últimas competições realizadas no local. Em 2006 o Brasil perdeu uma semifinal ganha contra a Austrália no Mundial Feminino e depois sofreu um atropelamento contra os EUA na medalha de bronze. Em 2015 Bauru não conseguiu bater o Real Madrid.

8) Um nome de Bauru sai em alta após o Mundial: Ricardo Fischer. Nome até então desconhecido nos grandes centros, Ricardo ganhou notoriedade na seleção do Pan-Americano e da Copa América, mas foi contra o Real Madrid que sua cotação subiu de verdade no mercado internacional. Teve 12+8 na sexta e 26+6 neste domingo. No final, um membro da delegação do Real me chamou de canto e disse: "Onde ele estava escondido? Este rapaz é uma pérola! Bateu de frente contra dois dos melhores armadores da Europa, Llull e Rodriguez, sem medo e foi muito bem".

9) Foram simples, mas muito bonitas as homenagens feitas aos campeões mundiais de clubes pelo Sírio em 1979 e às campeãs mundiais pela seleção brasileira em 1994. A Liga Nacional de Basquete bem que poderia fazer estas homenagens com mais frequência. O público gostou e os ex-jogadores ficaram muito felizes.

Sobre o blog

Por aqui você verá a análise crítica sobre tudo o que acontece no basquete mundial (NBB, NBA, seleções, Euroliga e feminino), entrevistas, vídeos, bate-papo e muito mais.