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Bala na Cesta

Agora como técnico, Guerrinha reencontra Real Madrid no Mundial Interclubes

Fábio Balassiano

22/09/2015 01h58

guerra1Estamos oficialmente na semana do Mundial Interclubes que será disputado em São Paulo (25 e 27/9) entre Bauru e Real Madrid. Tal qual fiz anos passado quando o Flamengo bateu o Maccabi Tel-Aviv, farei entrevistas com personagens bauruenses até sexta-feira e a partir de então, já no cenário do duelo, textos diários sobre o torneio.

Começo com Guerrinha. Aos 56 anos, o técnico de Bauru é o único do NBB a treinar a mesma equipe nas sete edições do torneio nacional até então. Campeão da Liga das Américas, Paulista e Sul-Americano na temporada passada, ele enfrentará, agora fora das quadras, o Real Madrid, adversário que o derrotou quando ele era jogador da Francana em 1979. Confira o papo com o treinador.

guerra3BALA NA CESTA: Você é o único técnico a ter dirigido a mesma equipe em todos os NBB's. Qual é a sensação de chegar a um Mundial Interclubes com um time que você, literalmente, viu nascer e crescer?
GUERRINHA: É sensação de orgulho, prazer, muito trabalho, recompensa. Daria para falar muito sobre esse sentimento de sair do zero e disputar o Mundial contra o Real Madrid.

BALA NA CESTA: Quão vantajoso pode ser o fato de o Real Madrid ter as suas principais estrelas tendo jogado o EuroBasket até domingo passado?
GUERRINHA: O que pode nos ajudar é o relaxamento mental deles. Depois da vaga para as Olimpíadas, é normal dar aquela relaxada e chegar aqui soft (leve), como se diz. Mas em relação a parte física e técnica eles estão jogando em um nível fortíssimo. Com certeza, mesmo em início de temporada, eles vão fortes e talvez lá na frente eles caiam um pouco de produção. É uma equipe que joga junto há muito tempo e que troca poucas peças.

guerra2BALA NA CESTA: Como, em termos técnicos e físicos, chega o seu time para o Mundial Interclubes? Como a ausência de Murilo e a chegada do Rafael Mineiro influenciaram na preparação da sua equipe para a competição?
GUERRINHA: Sabíamos que não teríamos uma pré-temporada ideal com os jogadores da seleção (Léo Meindl, Ricardo, Alex e Rafael Hettsheimeir). O Rafael foi na primeira convocação, não foi na segunda, mas teve a ausência para os testes da NBA. O Alex não foi e conseguiu fazer uma ótima pré-temporada. Sabíamos também da recuperação da lesão do Jefferson, que está recomeçando, e do Paulinho, que vem de um histórico de dois anos de recuperação. Estávamos preparados para isso, mas a lesão do Murilo nos surpreendeu. Não contávamos com a saída dele, então a nossa preparação, por mais que tivéssemos tentado fazer tudo dentro do programado, tiveram as exceções. Por essas coisas não foi o ideal. Por outro lado, sabemos que o Real Madri também não está treinando com todos os jogadores, mas tem uma equipe muito forte e de nível internacional. Nosso espirito é superar essas dificuldades de início de temporada, jogar com o coração. O Rafael Mineiro foi um pedido dos próprios jogadores. Vinha jogando com o Léo e Ricardo na seleção, já jogou com alguns dos nossos jogadores em outras equipes e jogamos muito contra na última temporada. Nos conhecemos bem, vai ser rápida a adaptação. Acho que isso não vai ser problema.

guerra1BALA NA CESTA: Você tem uma história com o Real Madrid, que foi ter jogado um Mundial também em São Paulo contra o time espanhol. O que você lembra daquela competição vencida pelo Real em 1981? Já pensou que, mais de 30 anos depois, pode ser a sua chance de conquistar algo que passou tão perto anos atrás?
GUERRINHA: Agora é tão difícil como naquela época. O Real Madrid sempre é grande, de alto nível, um time que está reivindicando jogar a NBA, tamanha estrutura que eles têm. O passado não conseguimos mudar, o presente a gente constrói. Então espero que possamos fazer bons jogos.

guerra1BALA NA CESTA: São três finais seguidas de Mundial para times brasileiros distintos (Pinheiros, Flamengo e Bauru). O que você acha que esta sequência pode representar para o crescimento da modalidade por aqui?
GUERRINHA: Não resolve o problema do basquete brasileiro, mas mostra que está evoluindo muito (em nível de clubes) em termos técnicos. Há cinco, dez anos, as equipes argentinas faturavam todas as competições sul-americanas e da Liga das Américas. Agora são as equipes brasileiras, o que mostra que nos fortalecemos e tivemos uma evolução grande.

guerra4BALA NA CESTA: Por fim. Como você avalia o seu estágio atual como técnico? Você começou a sua carreira de treinador lá atrás, ganhou um título brasileiro com Bauru em 2002, rodou o país, voltou a Bauru e agora chega ao Mundial. É o seu melhor momento da carreira?
GUERRINHA: Vamos agregando valores. Eu não perdi a minha vontade de competir, não perdi a minha garra de iniciante e ganhei mais maturidade, mais valores, vivenciei mais situações boas e ruins, estou mais calmo com algumas coisas e estou muito feliz com o meu momento. Procuro sempre estudar e evoluir. Sei que posso evoluir ainda mais tecnicamente. Estou bastante feliz com a minha carreira de técnico, entrando agora na 18ª temporada. Não construí apenas vitórias, derrotas e títulos, mas sim valores. Por onde eu passei sempre deixei algo a mais que trabalho. Como jogador foram 23 anos em uma mesma equipe e como técnico já são 15 no Bauru. Isso mostra o comprometimento, valor e dedicação com que eu procuro trabalhar.

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