'Trabalhadoras', Espanha e Lituânia medem forças na final do EuroBasket
Acabei olhando meio que por querer, mas o resultado está aí na foto que ilustra o começo deste post. Espanha e Lituânia, que decidem hoje às 14h (ESPN e Sportv têm os direitos), colocam frente a frente em Lille, na final do EuroBasket, não apenas os seus dois ótimos times, mas principalmente os ótimos trabalhos que os países fazem no basquete. Não é coincidência que espanhóis (seis vezes) e lituanos (quatro) tenham chegado à decisão continental por tantas vezes, certo?
País minúsculo, a Lituânia tem quatro divisões de basquete com um total de 52 equipes. Com ou sem crise econômica a modalidade prospera por lá sempre. Ter um presidente de federação como Arvydas Sabonis, lendário ex-jogador do país, ajuda. Ter um pivô como Jonas Valanciunas, do Toronto Raptors, para bater de frente com meio mundo, também. Mas a Lituânia não bateu a Sérvia na semifinal do EuroBasket por conta do seu presidente e por ter um jogador acima da média. Os lituanos garantiram vaga na decisão continental e também no Rio-2016 graças a um elenco que mistura o ótimo Valanciunas à base do tradicional Zalgiris Kaunas, a juventude de revelações como Domantas Sabonis (filho d'O Cara) e a experiência de excelentes jogadores como Jonas Maciulis, ala do Real Madrid e responsável por surreais 34 pontos na enrolada partida de oitavas-de-final contra a Geórgia. Não é, portanto, um exército de um homem só, mas sim o resultado de um trabalho fortíssimo feito por um país todo.
Do outro lado estará a Espanha, que começou a sua revolução no basquete lá atrás. Como dito em inúmeros estudos sobre o basquete espanhol, apesar de inúmeros jogadores talentosos (San Epifanio e Fernando Martin principalmente) a seleção do país foi medalha de prata quase que por acaso em 1984, nas Olimpíadas de Los Angeles. Do inesperado nasceu a oportunidade. A Federação local começou a trabalhar. Oito anos depois, um presente: a primeira Olimpíada com os profissionais da NBA seria em Barcelona e envolveu o país inteiro em torno da modalidade que crescia a olhos vistos. A semente, plantada lá atrás, daria frutos como os catalães Pau e Marc Gasol, por exemplo. Daria, por exemplo, timaços como o atual campeão europeu Real Madrid (que tem na seleção Felipe Reyes, Sergio Llull, Rudy Fernandez e Sergio Rodriguez). Daria uma Liga, a ACB (dos clubes), fortíssima (a mais forte do continente e provavelmente a segunda mais forte do planeta) e que tem quatro divisões de acesso logo abaixo (organizadas pela Federação local, diga-se de passagem). Se o futebol é o número 1 da Espanha, o basquete se solidificou como o segundo no gosto de uma nação que ama esporte. Não é coincidência, tampouco, que os ibéricos tenham conqusitado duas medalhas olímpicas de prata seguidas (2008 e 2012), dois dos três últimos títulos europeus (2009 e 2011) e o título Mundial em 2006.
A Espanha tem 46 milhões de habitantes. A Lituânia, 3 milhões. O Brasil? Mais de 200 milhões. Tamanho não é documento. Fazer bem o trabalho, sim.
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