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Bala na Cesta

A arte da CBB em sempre navegar em mares revoltos

Fábio Balassiano

21/08/2015 09h06

bra7Em 2013, após a vexatória campanha na Copa América que acabou eliminando (na quadra) a seleção masculina da Copa do Mundo em 2014 (a vaga seria "conquistada" através do convite pago – tema que se alongou até este ano com o calote oficial da CBB, né?), Rubén Magnano desferiu declarações contra os atletas que não foram jogar na Venezuela. Se você clicar aqui verá frases de Tiago Splitter (o sempre calmo, ponderado e correto Tiago Splitter) e Anderson Varejão (machucado à época) se defendendo loucamente.

nunes3Foi um período triste e que demonstrava uma falta de governança, gestão e poder de comunicação terrível da Confederação presidida por Carlos Nunes. Nada que surpreendesse, mas chamava a atenção porque expunha atletas, comissão técnica e dirigentes ao público de forma pouco recomendável e que mostrava quão frágil era o diálogo entre todas as partes.

O tempo passou e eu (ingenuamente talvez) pensei que todos haviam aprendido. O ano de 2014 veio, a Copa do Mundo foi jogada na Espanha, em 2015 a situação vexatória do convite da Copa foi sacramentada com a ajuda dos patrocinadores e do COB e parecia que teríamos, enfim, uma temporada calma na seleção brasileira. Vaga olímpica garantida, principais atletas descansando para o Rio-2016, jovens com espaço para se desenvolver em Pan-Americano e Pré-Olímpico, verba do Ministério pingando a gosto e tudo mais. Cenário perfeito, não?

hettsNão exatamente. E não exatamente porque o basquete brasileiro conseguiu voltar às manchetes com mais uma questão de dispensa de atleta (atletas, no caso, já que fala-se de Larry Taylor e Rafael Hettsheimeir – este na foto). Duas matérias (uma da ESPN e outra aqui do UOL) mostram bem isso tudo. Magnano (de novo?) questiona as dispensas de Larry e Rafael publicamente. Os atletas se defendem. Seus clubes precisam emitir notas oficiais. E eu, deste canto e pasmo vendo o circo pegando fogo outra vez, me pergunto: será que estes caras não podem conversar internamente e alinhar suas ações e discursos para evitar este bizarro "vale a pena ver de novo"?

neneQue "paixão" é essa do basquete brasileiro em permanecer eternamente em crise? Em crise de governança, de diálogo, da instituição. Qual a necessidade de sempre "Discutir a Relação" no divã das redes sociais da internet? Qual a necessidade de expor, assim, os atletas que pedem dispensa? Será que ninguém lembra o que aconteceu com Nenê na HSBC Arena em 2013? Vai demorar muito para a turma da Confederação Brasileira perceber que seus principais ativos são os atletas? Será que vale continuar a tratá-los desta maneira, jogando-os ao fogo e à sorte da opinião (quase sempre passional) pública? Não é possível que ninguém da CBB pense nisso tudo. Na boa, não é possível.

mar1Insisto: este era um ano para, com a vaga olímpica garantida, ser muito tranquilo. Magnano, ótimo treinador (na quadra), parecia mais leve, a conquista do Pan colocou uma nova geração no radar de todos (Benite, Augusto, Luz, Meindl etc.) e o Ministério aliviou as tenebrosas contas da Confederação com outro aporte financeiro.

O que, porém, estamos assistindo? Mais um festival declarações, contra-declarações, notas oficiais e aquela sensação de Déjà vu. Até quando, basquete brasileiro? Que tal crescer e tratar TUDO de forma profissional? Se não mudar, navegar em mares menos revoltos nesta relação entre entidade, comissão técnica e atletas será impossível.

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