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Bala na Cesta

No título do Pan, o melhor time da Era Magnano na seleção brasileira

Fábio Balassiano

26/07/2015 00h12

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bra6Nada como um pouco de descanso, né? O Brasil teve mais de 24h entre a semifinal contra a República Dominicana e a final do Pan-Americano (algo que o Canadá, aliás, não teve) e fez exatamente o que deveria fazer contra os canadenses na final deste sábado: pressionar com a defesa, trocar passes no ataque e castigar os rivais no jogo de garrafão. A estratégia era clara. E a execução foi perfeita.

bra5De maneira soberana e incontestável a seleção brasileira bateu os donos da casa por 86-71 para conquistar o Pan-Americano de Toronto de forma invicta e sem deixar a menor dúvida sobre quem foi realmente a melhor equipe em toda competição. É o tipo da medalha de ouro que só é possível falar bem de tudo o que ocorreu por lá.

Antes que já surja a dúvida vamos lá: o Pan é uma competição, hoje, de nível B. O Canadá não foi completo. A Argentina não foi completa. Os EUA não foram completos. Mas, psiu, o Brasil também não foi completo. Eram condições iguais para todos. Quem jogasse melhor ganharia o torneio com as mesmas armas. E a seleção de Rubén Magnano fez exatamente o que tinha que fazer: se preparou, se concentrou, se uniu, estudou rivais e aniquilou todos dia após dia. Simples.

bra4Mas há muito mais a ser dito, obviamente. Além de termos visto o primeiro título da seleção brasileira em uma competição forte desde a criação do NBB (2008, um ano depois do último Pan conquistado), o primeiro troféu de Magnano com o país e de mais um da família Luz conseguindo uma medalha pela equipe nacional (o ótimo armador Rafael se soma a Helen, Cintia e Silvinha, todos do clã Luz), o mais bacana de tudo foi ter visto em prática todos os conceitos que o treinador fala no país desde que por aqui chegou antes do Mundial de 2010.

Aqui, aliás, uma observação: mesmo com o título (o primeiro de Magnano comandando a seleção) o treinador manteve a cabeça no lugar e repetiu que fora de quadra o esporte precisa melhorar.

bra7Mas, bem, voltando. Por isso usei no título deste texto a expressão "melhor time brasileiro sob o comando de Rubén Magnano". Não melhor na concepção técnica da coisa. Mas sim no altruísmo que ele mesmo tanto prega mas que (sabemos) é difícil de ser visto em quadra como se viu neste Pan.

É muito difícil ver qualquer time de basquete fazer tão bem o que esta seleção brasileira fez em Toronto. Os onze caras que lá estiveram entraram e mantiveram o nível lá no alto. Nível técnico, físico, psicológico, de intensidade, tático e de entrega. O Brasil engoliu todos os seus adversários porque marcou demais, porque passou bem demais, porque explorou bem demais seus pivôs, porque abriu mão de suas individualidades para dar condições a Vitor Benite e Augusto Lima brilharem com força. Era, portanto, uma conquista que vinha se desenhando não por causa das vitórias somente, mas sim pela maneira como elas vinham acontecendo. Não pelos resultados (e por mais que a surra em Porto Rico na estreia tenha chamado bastante atenção), mas pelo jeito como os atletas estavam focados em fazer, cada um com a sua função, a sua parte pelo bem comum.

olivPor fim, uma confissão: desde que embarquei de cabeça nessa coisa de fazer um blog de basquete a sério (desde 2008 pra ser mais exato) poucos times conseguiram me fazer sentir algo emotivo em relação ao esporte. Tentei (e tento) sempre manter um distanciamento crítico para escrever e analisar racionalmente para (e com) vocês um jogo, um campeonato, uma situação. A seleção brasileira deste Pan e, vá lá, o Lakers que ganhou do Boston Celtics alguns anos atrás na decisão da NBA foram os dois únicos que conseguiram me tirar, digamos, da frieza. O Lakers pelo que tinha passado dois anos antes na mão dos verdes. O Brasil do Pan não pela qualidade da competição (insisto nisso), mas pela forma como jogou – pela forma como se joga o melhor do basquete no mundo. É algo que a gente (que gosta da modalidade) sonha e pede há tanto tempo que é duro não abrir vários sorrisos quando a gente vê uma defesa bem arrumada, um ataque ajustado e jogadores atuando de forma tão coletiva. Coletiva, esta é a palavra-chave.

bras20Não sei se vocês repararam, mas as fotos deste texto são todas de grupo (não há um atleta destacado nela). Foi proposital. Foi para mostrar quão coletiva, quão altruísta foi esta seleção brasileira. Seleção brasileira que conseguiu emocionar até mesmo Rubén Magnano, agraciado por uma medalha no final da partida em um gesto pra lá de maravilhoso do ala Marcus Toledo (mais aqui).

bras21Se a gente, que ama este esporte, pudesse pedir uma coisinha só seria: que este espírito que vimos nesta equipe do Pan-Americano seja repetido em todas as equipes nacionais daqui pra frente. Perder ou ganhar importa muito pouco. A maneira como se encara uma competição é o que fica. E foi indo profundamente até a essência (coletiva) do esporte que estes 11 caras e a comissão técnica conseguiram emocionar a todos (ou ao menos a mim). O Brasil enfim jogou um basquete de alto nível sendo um time. E não se pode pedir mais nada do que isso.

Também curtiu a conquista, certo? Foi bom ver este time em quadra, né? Comente você também!

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