Com 15 dias de treino, Sub-16 está fora do Mundial - alguma surpresa?
Sei que estamos no meio da final da NBA e que pouca gente se interessa pelo basquete brasileiro (sei bem disso), mas não dá para ignorar o que está acontecendo com as divisões de base do país, não. Quem acompanha este espaço (e basicamente só este espaço tem apontado o dedo nesta ferida, o que é uma lástima) sabe que a forma como a Confederação Brasileira trata as divisões inferiores do país beira a piada, o absurdo, a falta total de compromisso com a modalidade. Aqui, aliás, cabe uma observação: fico bem chocado, porém não surpreso, com o "silêncio ensurdecedor" da imprensa especializada, atletas e dirigentes diante de todo este escárnio.
Mas, enfim, voltando. Exemplos do passado explicam bem como a CBB administra (ou deixar de administrar) o esporte por aqui. Situações do presente estão na mesa. E no futuro nada mudará, arrisco-me a dizer e sem medo de errar. Simplesmente pelo fato de o mandatário maior preferir sempre a via mais fácil (reclamar) do que a mais difícil (que é a de trabalhar de forma incessante para driblar as dificuldades). O Presidente Carlos Nunes, da CBB, vive a citar problemas de caixa, mas o Balanço Financeiro da entidade que será dissecado por aqui nos próximos dias mostra que a receita entre 2011 (R$ 25,2 milhões) e 2014 (R$ 24,5 mi) se manteve estável nos últimos três anos e é bem maior, por exemplo, em relação ao ano inicial de seu primeiro mandato (em 2009 era de R$ 15,8 mi, quase 9mi a menos do que recebeu em 2014). Caiu, é verdade, o montante de 2013 para 2014 (menos R$ 2,9 mi nos cofres da Confederação), mas nada que justifique tamanha falta de comprometimento com o dia a dia do esporte e nem com a falta de habilidade em criar novas linhas de receita. E aí os resultados tenebrosos se acumulam sem dó dia após dia.
A Copa Sub-16 que terminou para o Brasil ontem em Bahia Blanca (Argentina) mostra bem o que descrevi acima. E terminou da pior maneira possível. Foram três jogos, três derrotas (República Dominicana, Porto Rico e Estados Unidos ontem por 123-83) e eliminação na primeira fase do torneio que dava quatro vagas para o Mundial Sub-17 no próximo ano. Quer um detalhe ainda mais dolorido? Esta seleção não só não irá jogar o Mundial de 2016 como repetirá os "feitos" dos times de 2010, 2012 e 2014, quando o país tampouco esteve presente nesta categoria. Ou seja: em competições desta idade a seleção da CBB jamais esteve presente. Maravilha, não?
Seria fácil culpar o técnico Cristiano Gramma e um elenco de jogadores cujos fundamentos estão em estado tenebroso de lapidação (o site da FIBA Américas exibiu as partidas). De fato chama a atenção a maneira como os brasileiros se apresentaram, mas por incrível que pareça este é o "menor" dos problemas (para vocês verem quão bizarra está a situação). O correto, mesmo, é olhar acima, olhar nos dirigentes de uma entidade que não têm feito nada para o basquete a crescer.
Quer adicionar um molho amargo aos parágrafo daqui de cima? Pois vamos lá (o repertório de atrocidades é extenso e pinçar qualquer barbaridade é muito fácil). A Seleção Sub-19 também está fora do Mundial que será realizado este ano entre 27 de junho e 5 de julho na Grécia. Para quem não lembra, o time de Pablo Costa terminou em sexto lugar em uma Copa América que tinha 8 times ano passado. A campanha ridícula no torneio continental, aliás, fora precedida por um mico do tamanho do mundo na Euroliga Junior (três derrotas com diferença média de 21 pontos). Quem lê este blog lembra bem (clique aqui se não leu). Vanderlei Mazzuchini Junior, o sempre sorridente Diretor-Técnico, tem algo a dizer sobre isso tudo? Creio que não.
E sabem o que é o pior? Absolutamente nada irá mudar (não com esta gente que "dirige" a modalidade há anos). Mau humor da minha parte? Nada disso. Só clicar no site da entidade máxima. As seleções Femininas Sub-16 e Sub-19 jogarão Copa América e Mundial da categoria nos próximos dias. Sabem qual o tempo de preparação? Módicos 11 dias para a Sub-16 e dez para a Sub-19. Dá para realmente acreditar que veremos algo de razoável nas quadras? Por mais que torça para dar certo, acho bem improvável. Não pela qualidade dos atletas ou das comissões técnicas, mas justamente pela falta de palavrinhas quase mágicas no esporte – 'planejamento', 'preparação', 'treinamento' e 'organização'. Palavras que faltam ao basquete brasileiro há anos.
Os resultados dos times nacionais nos últimos 20 anos estão no quadro abaixo (se tiver estômago, clique na imagem para ampliar), e só lunáticos, aliados políticos e puxa-sacos de primeira estirpe acreditam que "o país está no caminho certo", como costuma repetir Nunes aos quatro ventos. O que temos visto em quadra com as seleções nada mais é do que um reflexo de uma péssima gestão de Carlos Nunes (o presidente) e de todo o seu corpo diretivo. Trupe que não consegue fomentar o esporte nas escolas, nos clubes, nas cidades, em lugar algum. Trupe que faz sabe-se lá o quê no comando da entidade máxima do basquete brasileiro.
A Copa América Sub-16 da seleção masculina é outro escárnio que passará batido. Não pelo resultado em si, mas por ser mais um exemplo de como as coisas têm funcionado por aqui com esta gestão tenebrosa de Carlos Nunes. Mas quem cobra, fiscaliza ou exige mudanças mesmo? Quase ninguém tem coragem, vontade ou autonomia para isso. E como quase ninguém fala nada, Nunes seguirá governando de forma tranquila como se nada de errado estivesse rolando.
O basquete brasileiro está crescendo mesmo, Carlos Nunes?
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