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Bala na Cesta

Entendendo um pouco mais o fenômeno Steph Curry

Fábio Balassiano

25/05/2015 13h00

steph4No basquete, assim como na vida, ninguém é perfeito. Nem Michael Jordan, o melhor de todos, foi. Ninguém será. Mas o arremesso de Stephen Curry é quase isso. É quase perfeito. Neste playoff, então, beira o absurdo o que o magriça tem conseguido com a bola nas mãos (45% de conversão nas bolas de fora, vejam que loucura!).

Dá pra abrir alguns sorrisos clicando no vídeo abaixo que a NBA colocou em seu canal do YouTube com os 59 tiros longos que colocaram o camisa 30 do Warriors como o líder no quesito (tiros de 3 em uma única pós-temporada), à frente de bambas como Reggie Miller e Ray Allen. Vejam só não só as bolas caindo, mas o grau de dificuldade dos arremessos de Steph e também o deslocamento do cara para atirar a pelota.

steph1Quer mais? Porque tem muito mais a se mostrar. A figura à esquerda mostra o mapa de arremessos do armador de 27 anos nesta pós-temporada. Não sei se vocês repararam, mas o cara tá matando 90% das bolas ali do córner esquerdo, algo absurdo, algo raríssimo.

Não é só isso que a figura ao lado diz, porém. Incentivado por seu técnico, o estupendo Steve Kerr (em seu primeiro ano, hein!), Curry tem evitado cada vez mais os arremessos longos de dois pontos (como manda a cartilha do basquete "moderno", baseado cada vez mais nas estatísticas avançadas, as analytics). Se é pra chutar de longe, que se arrisque de três pontos que vale mais e a chance de errar é parecida. E é isso que ele tem feito.

steph6São 11 tentativas de 3 por jogo neste playoff contra 10 de dois pontos neste mata-mata. Em jogadas de pick-and-roll, são 34 chutes, com 18 acertos (53% de acerto). Em deslocamentos simples (screens), 14/29 (48%). Em transição, 12/27 (44%). Onde ele se enrola? Nos arremessos parados, ou seja, sem nenhum tipo de drible (10/27, ou 37%). Como bem disse Dirk Nowitzki ao blogueiro dois anos atrás, o craque do Warriors é excepcional mesmo no chute pós-drible. Todo mundo sabe disso, mas ninguém é maluco de deixar Curry livre para chutar o tempo todo, né?

riley1Carismático ao extremo, sem estrelismos e pai de uma filha que é uma figuraça (Riley, 2 anos), Steph Curry, que tem apenas o quarto maior salário do Golden State Warriors, não custa lembrar, é um destes fenômenos do basquete que a gente vê surgir a cada 30, 40 anos. Eles aparecem não só para levar as suas equipes a vitórias, mas também para mudar um pouco da dinâmica do jogo. Seus arremessos rápidos, quase sempre saindo de dribles e deslocamentos, não são inéditos, não são uma invenção. A maneira como ele os conclui, quase que com perfeição, sim (quase que como um atirador de elite).

Steph Curry é um desses. Liderando o melhor time do campeonato, ele pode chegar a sua primeira final da NBA logo mais (22h) caso os Warriors vençam os Rockets, no Texas, pela quarta vez seguida nesta série. Vale a pena continuar assistindo o melhor e mais incrível jogador desta temporada da NBA.

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