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Bala na Cesta

Teichmann rechaça rótulo de surpresa com campanha de Limeira no NBB

Fábio Balassiano

09/05/2015 01h20

gt3O experiente ala Guilherme Teichmann é um dos jogadores mais experientes do time de Limeira que abre hoje às 16h (com Sportv) as semifinais do NBB contra o Flamengo em seu ginásio. Certamente com o Vô Lucato lotado, os limeirenses tentarão avançar pela primeira vez à final do NBB escrevendo uma das mais belas histórias do basquete brasileiro na temporada. Com um elenco de investimento médio, a equipe bem treinada pelo técnico Dedé surpreende pela organização e disciplina dos atletas.

Conversei com Teichmann, ala de 31 anos, sobre a campanha de Limeira, a semifinal contra a sua ex-equipe, a situação do basquete brasileiro de um modo mais amplo e como o começo da parceria entre Liga Nacional e NBA é percebida por ele. Confira o papo.

gt2BALA NA CESTA: Muitos consideram Limeira a grande surpresa da competição. Como é entrar na semifinal do NBB com esse estigma?
GUILHERME TEICHMANN: Para quem acompanha a nossa equipe desde a sua formação sabe que chegar a semifinal não é surpresa. Formamos uma equipe muito sólida, que joga coletivamente e marca muito forte. Chegamos na final do campeonato paulista e tivemos um grande NBB na temporada regular mesmo com várias rodadas com desfalques. Mesmo enfrentando uma equipe tão vitoriosa como o flamengo esperamos uma série muito dura e equilibrada.

gt5BNC: O que esperar de Limeira nesta semifinal contra o Flamengo? Jogar contra a sua ex-equipe tem um gostinho especial?
TEICHMANN: Podem esperar uma equipe que vai jogar a sua vida a cada jogo, uma equipe em busca de fazer história para uma cidade que está abraçando o basquete mais a cada dia. Jogar contra o Flamengo vai ser especial realmente. A torcida empurra o time o jogo todo e sempre passa muita energia para seus jogadores. Jogar contra isso se transforma em um grande desafio! Atuar contra um ginásio cheio sempre motiva muito e será um grande teste para a nossa equipe.

dede1BNC: Uma das coisas que impressionam no time de vocês é a organização que o Dedé conseguiu implementar em pouco tempo de trabalho. Poderia falar sobre os métodos de trabalho do técnico, e a evolução da equipe ao longo do NBB?
TEICHMANN: Nossa equipe procura jogar da maneira certa. Sempre procurando o melhor jogador para definir e trabalhando a bola sem depender de um atleta específico. Isso é muito mérito do Dede. No início da temporada ele cobrava que o time sempre tomasse a melhor decisão e assim fez com que todos fossem úteis e importantes para as vitórias da equipe. Com o passar do tempo a equipe incorporou essa maneira de jogar e a cada dia procura novas formas de continuar melhorando.

gt1BNC: Ano passado o Paulistano chegou à decisão com um time muito aplicado. Este ano vocês rezam de cartilha parecida. Considera que resultados positivos de times mais, digamos, operários e bem treinados é a grande marca que equipes como o CAP e a de vocês deixam no cenário nacional? Ou seja, a de que treinando com aplicação e jogando sem afobação é possível chegar longe?
TEICHMANN: Acho que essa mensagem de fato é muito importante. No ano passado tivemos um grande exemplo na NBA com a vitória do Spurs sobre o Miami quando o jogo coletivo se sobressaiu contra um enorme talento individual. O basquete é um jogo coletivo. Todos são importantes e em um sistema bem organizado uma equipe considerada inferior tecnicamente pode se sobressair jogando de forma coletiva.

gt8BNC: Você começou a sua carreira no NBB aí em Limeira, saiu, foi pro Flamengo, passou por Franca e regressou. É aí em Limeira que você se sente mais à vontade, mesmo sem ser titular da equipe?
TEICHMANN: Em Limeira estou em casa. Sempre gostei muito de todos aqui. Desde a direção até o mordomo são pessoas simples que fazem de tudo para levar a equipe ao lugar mais alto possível. Mesmo com muita dificuldade, ano após ano toda organização melhora e espero que continue por muito tempo.

gt7BNC: Por fim: sei que você tem uma visão crítica do basquete como um todo e gostaria de saber o que você tem pensado sobre a atual fase da modalidade. No que mudou a chegada da NBA para o NBB? Você sente um maior interesse por parte do público, ou ainda é cedo para avaliar?
TEICHMANN: Em relação ao nosso esporte acredito que ainda estamos muito desatentos com a base. O futuro do nosso basquete está muito sem direção. A criação da Escola Nacional de Técnicos é fundamental para esse desenvolvimento, mas acredito que para ter um futuro mais consistente precisamos de mais jogos e clínicas para aumentar o desenvolvimento dos jovens atletas. Acho que ainda é cedo para avaliar de maneira concreta o acordo da NBA com a LNB. Acredito que para o basquete em geral foi muito boa, também, a entrada da NBA no Sportv. Agora são muitos jogos para os amantes do basquete assistir. Mas no caso do NBB isso pode tirar um pouco da atenção para a Liga nacional além de diminuir o número de jogos transmitidos no final da fase regular do NBB. Já temos dificuldades de encontrar parceiros para a liga. Com um grande número de jogos da NBA na TV fica ainda mais difícil ainda encontrar investidores para o NBB. O lado bom foi que com esse acordo com a NBA a liga conseguiu um pouco de tranquilidade financeira. Agora é esperar que o intercâmbio ajude a liga avançar na parte comercial.

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